segunda-feira, 7 de maio de 2012

Homilia no V Domingo de Páscoa B 04/05/2012





“A glória de meu Pai é que deis muito fruto”! (Jo.15,8)

1. E que fruto espera de nós o Senhor? Qual é o fruto que verdadeiramente permanece? Olhemos, atentamente, para a nossa vida: de tudo o que passa, o que é que fica? De tudo o que produzimos, que fruto é que nos sobra? O que é que permanece, depois de tudo aquilo que desaparece? Não permanece o dinheiro! Quem pôs nele a sua confiança, vê-o desaparecer, incontrolável, como uma bolha de água, por entre os dedos! Também os edifícios não permanecem, mesmo se construídos à prova de bala, preparados contra ventos e tempestades. Também eles desaparecerão e ruirão um dia! E os livros permanecem? Porventura, algum tempo. Depois de um certo tempo, mais ou menos longo, todas estas coisas desaparecem…
2. A única coisa que permanece eternamente é a alma humana, a pessoa humana criada, por Deus, para a eternidade. Por isso, o fruto que permanece é tudo quanto semeámos nas almas humanas: o amor, o conhecimento, o gesto capaz de tocar o coração, a palavra que abre a alma à alegria de viver. O que permanece não é, pois, produto do nosso trabalho. É o fruto do nosso amor! O amor é, portanto, e por fim, o verdadeiro fruto que permanece, é o fruto que Deus espera de nós! Não Lhe aproveita a “parreira” das palavras e da língua, mas a “uva” rara e doce, do amor, «em obras e em verdade»!
3. Este fruto do amor é comparável ao das uvas, com as quais se prepara o vinho! O vinho, como o amor, requer um lento processo de maturação! Para que as uvas possam amadurecer e tornar-se boas, é preciso o sol, mas também é necessária a chuva, é precisa a luz do dia, mas também a frescura da noite. Para que deem um vinho de qualidade, as uvas precisam de ser pisadas, e há depois que aguardar com paciência a sua fermentação. É preciso seguir com cuidadosa atenção, os processos de maturação. Características do vinho de qualidade, são, não só a suavidade, mas também a riqueza das tonalidades, o variegado aroma, que se desenvolveu nos processos da maturação e da fermentação!
4. Pergunto-vos: E, por acaso, não constitui tudo isto uma imagem da vida humana e, de modo muito particular, da maturação do amor, sobretudo na vida familiar e conjugal? Precisamos todos, do sol e da chuva, da serenidade e da dificuldade, das fases de purificação e de prova, mas também dos tempos de caminho feliz, prazeroso e radioso, em comum, para amadurecer e frutificar no amor! O bom vinho é sempre mais precioso, à medida que envelhece; o bom vinho é, pois, a imagem do amor que amadurece e frutifica: este é o verdadeiro fruto que permanece, aquele que Deus quer de nós!
5. Neste dia da Mãe, percebemos que o melhor fruto não resulta de nenhum “produto” de trabalho, mas de uma entrega de amor, paciente, noite e dia, amadurecida no ardor e no calor dos afetos e na frescura e na secura das lágrimas. O amor materno não é, pois, obra de uma profissão produtiva e rentável, mas fruto de uma entrega, que dá vigor aos ramos, que de si dependem. Maria, a Mãe de Jesus, que não comandou nenhuma empresa de sucesso, foi feliz e bendita, precisamente “pelo fruto do seu ventre: Jesus”! Talvez, por isso, eu imagine Nossa Senhora, entre as meninas da sua terra, dar a mesma resposta que uma criança de 4 anos deu há dias. Perguntava-se às crianças pequeninas “o que queriam ser quando fossem grandes”. A pequena Ana Leonor, depois de ouvir falar de coisas tão complicadas, respondeu simplesmente: «eu quando for grande, quero ser mãe”. Ora aqui está, porque é que a glória de uma Mãe, como a de Maria, é sempre o fruto do seu ventre!


Fonte: ABC da Catequese

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