quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

Santa Inêz Martir 21/01/02015


 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Santa Inêz Rogai a Deus por nós. Que possamos enfrentar as dificuldades com a mesma força que Deus vos deu para enfrentar o martírio 
Do Tratado sobre as Virgens, de Santo Ambrósio, bispo

 

 Ainda não preparada para o sofrimento
e já madura para a vitória!

Celebramos o natalício de uma virgem: imitemos sua integridade; é o natalício de uma mártir: ofereçamos sacrifícios. É o aniversário de Santa Inês. Conta-se que sofreu o martírio com a idade de doze anos. Quanto mais detestável foi a crueldade que não poupou sequer tão tenra idade, tanto maior é a força da fé que até naquela idade encontrou testemunho.

Haveria naquele corpo tão pequeno lugar para uma ferida? Mas aquela que quase não tinha tamanho para receber o golpe da espada, teve força para vencer a espada. E isto numa idade em que as meninas não suportam sequer ver o rosto zangado dos pais e choram como se uma picada de alfinete fosse uma ferida!

Mas ela permaneceu impávida entre as mãos ensangüentadas dos carrascos, imóvel perante o arrastar estridente dos pesados grilhões. Oferece o corpo à espada do soldado enfurecido, sem saber o que é a morte, mas pronta para ela. Levada à força até os altares dos ídolos, estende as mãos para Cristo no meio do fogo, e nestas chamas sacrílegas mostra o troféu do Senhor vitorioso. Finalmente, tendo que introduzir o pescoço e ambas as mãos nas algemas de fero, nenhum elo era suficientemente apertado para segurar membros tão pequeninos.

Novo gênero de martírio? Ainda não preparada para o sofrimento e já madura para a vitória! Mal sabia lutar e facilmente triunfa! Dá uma lição de firmeza apesar de tão pouca idade! Uma recém-casada não se apresaria para o leito nupcial com aquela alegria com que esta virgem correu para o lugar do suplício, levando a cabeça enfeitada não de belas tranças mas de Cristo, e coroada não de flores mas de virtudes.

Todos choram, menos ela. Muitos se admiram de vê-la entregar tão generosamente a vida que ainda não começara a gozar, como se já tivesse vivido plenamente. Todos ficam espantados que já se levante como testemunha de Deus quem, por causa da idade, não podia ainda dar testemunho de si. Afinal, aquela que não mereceria crédito se testemunhasse a respeito de um homem, conseguiu que lhe dessem crédito ao testemunhar acerca de Deus. Pois o que está acima da natureza, pode fazê-lo o Autor da natureza.

Quantas ameaças não terá feito o carrasco para incutir-lhe terror! Quantas seduções para persuadi-la! Quantas propostas para casar com algum deles! Mas sua resposta foi esta: “É uma injúria ao Esposo esperar por outro que me agrade. Aquele que primeiro me escolheu para si, esse é que me receberá. Por que demoras, carrasco? Pereça este corpo que pode ser amado por quem não quero!” Ficou de pé, rezou, inclinou a cabeça.

Terias podido ver o carrasco perturbar-se, como se fosse ele o condenado, tremer a mão que desfecharia o golpe, e empalidecerem os rostos temerosos do perigo alheio, enquanto a menina não temia o próprio perigo. Tendes, pois, numa única vítima um duplo martírio: o da castidade e o da fé. Inês permaneceu virgem e alcançou o martírio.

 

Oração 




Deus eterno e todo-poderoso, que escolheis as criaturas mais frágeis para confundir os poderosos, dai-nos, ao celebrar o martírio de Santa Inês, a graça de imitar sua constância na fé. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

 



sábado, 20 de dezembro de 2014

O mundo inteiro espera a resposta de Maria



















Das Homilias em louvor da Virgem Mãe, de São Bernardo, abade

 
O mundo inteiro espera a resposta de Maria



Ouviste, ó Virgem, que vais conceber e dar à luz um filho, não por obra de homem – tu ouviste – mas do Espírito Santo. O Anjo espera tua resposta: já é tempo de voltar para Deus que o enviou. Também nós, Senhora, miseravelmente esmagados por uma sentença de condenação, esperamos tua palavra de misericórdia.
Eis que te é oferecido o preço de nossa salvação; se consentes, seremos livres. Todos fomos criados pelo Verbo eterno, mas caímos na morte; com uma breve resposta tua seremos recriados e novamente chamados à vida.
Ó Virgem cheia de bondade, o pobre Adão, expulso do paraíso com a sua mísera descendência, implora a tua resposta; Abraão a implora, Davi a implora. Os outros patriarcas, teus antepassados, que também habitam a região da sombra da morte, suplicam esta resposta. O mundo inteiro a espera, prostrado a teus pés.
E não é sem razão, pois de tua palavra depende o alívio dos infelizes, a redenção dos cativos, a liberdade dos condenados, enfim, a salvação de todos os filhos de Adão, de toda a tua raça.
Apressa-te, ó Virgem, em dar a tua resposta; responde sem demora ao Anjo, ou melhor, responde ao Senhor por meio do Anjo. Pronuncia uma palavra e recebe a Palavra; profere a tua palavra e concebe a Palavra de Deus; dize uma palavra passageira e abraça a Palavra eterna.
Por que demoras? Por que hesitas? Crê, consente, recebe. Que tua humildade se encha de coragem, tua modéstia de confiança. De modo algum convém que tua simplicidade virginal esqueça a prudência. Neste encontro único, porém, Virgem prudente, não temas a presunção. Pois, se tua modéstia no silêncio foi agradável a Deus, mais necessário é agora mostrar tua piedade pela palavra.
Abre, ó Virgem santa, teu coração à fé, teus lábios ao consentimento, teu seio ao Criador. Eis que o Desejado de todas as nações bate à tua porta. Ah! se tardas e ele passa, começarás novamente a procurar com lágrimas aquele que teu coração ama! Levanta-te, corre, abre. Levanta-te pela fé, corre pela entrega a Deus, abre pelo consentimento. Eis aqui, diz a Virgem, a serva do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra (Lc 1,38).

 
Oração

Senhor Deus, ao anúncio do Anjo, a Virgem imaculada acolheu vosso Verbo inefável e, como habitação da divindade, foi inundada pela luz do Espírito Santo. Concedei que, a seu exemplo, abracemos humildemente a vossa vontade. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.



sábado, 13 de dezembro de 2014

Santa Luzia 13/12/2014

Imagem Santa Luzia
Santa Luzia (ou Santa Lúcia), cujo nome deriva do latim, é muito amada e invocada como a protetora dos olhos, janela da alma, canal de luz.
Conta-se que Luzia, pertencia a uma família italiana e rica, que lhe deu ótima formação cristã, ao ponto de ter feito um voto de viver a virgindade perpétua. Com a morte do pai, Luzia soube que sua mãe queria vê-la casada com um jovem de distinta família, porém pagão. Ao pedir um tempo para o discernimento foi para uma romaria ao túmulo da mártir Santa Ágeda, de onde voltou com a certeza da vontade de Deus quanto à virgindade e quanto aos sofrimento por que passaria, como Santa Ágeda.
Vendeu tudo, doou aos pobres os resultados da venda de seus bens materiais, e logo foi acusada pelo jovem que a queria como esposa por estes atos. Este jovem a partir de então passa a realizar inúmeras acusações indevidas à Luzia afim de expressar seu desejos mais íntimos e escussos de dinheiro, bens materiais e casamanto. Luzia nunca se rendeu a estes comentários e pressões. Seguiu em sua vida material firme e fiel a seus propósitos de vida, e como reflexo, não querendo oferecer sacrifício ao deuses e nem quebrar o seu santo voto, teve que enfrentar as autoridades perseguidoras e até a sua decapitação em 303, para assim testemunhar com a vida, ou morte o que disse: “Adoro a um só Deus verdadeiro, e a ele prometi amor e fidelidade”.
Somente em 1894 o martírio da jovem Luzia, também chamada Lúcia, foi devidamente confirmado, quando se descobriu uma inscrição escrita em grego antigo sobre o seu sepulcro, em Siracusa, Ilha da Sicília. A inscrição trazia o nome da mártir e confirmava a tradição oral cristã sobre sua morte no início do século IV.
Mas a devoção à santa, cujo próprio nome está ligado à visão (“Luzia” deriva de “luz”), já era exaltada desde o século V. Além disso, o papa Gregório Magno, passado mais um século, a incluiu com todo respeito para ser citada no cânone da missa. Os milagres atribuídos à sua intercessão a transformaram numa das santas auxiliadoras da população, que a invocam, principalmente, nas orações para obter cura nas doenças dos olhos ou da cegueira, e até mesmo para se obter a adequada e madura visão da vida, da família, e até nos negócios.
Diz a antiga tradição oral que essa proteção, pedida a Santa Luzia, se deve ao fato de que ela teria arrancado os próprios olhos, entregando-os ao carrasco, preferindo isso a renegar a fé em Cristo.
A arte perpetuou seu ato extremo de fidelidade cristã através da pintura e da literatura.
Foi enaltecida pelo magnífico escritor Dante Alighieri, na obra “A Divina Comédia”, que atribuiu a Santa Luzia a função da graça iluminadora. Assim, essa tradição se espalhou através dos séculos, ganhando o mundo inteiro, permanecendo até hoje.
Para proteger as relíquias de Santa Luzia dos invasores árabes muçulmanos, em 1039, um general bizantino as enviou para Constantinopla, atual território da Turquia. Elas voltaram ao Ocidente por obra de um rico veneziano, seu devoto, que pagou aos soldados da cruzada de 1204 para trazerem sua urna funerária.
Santa Luzia é celebrada no dia 13 de dezembro e seu corpo está guardado na Catedral de Veneza, embora algumas pequenas relíquias tenham seguido para a igreja de Siracusa, que a venera no mês de maio também.
Fonte: Adaptado de Canção Novas Notícias

sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

Nossa Senhora de Guadalupe 12//12/2014


 
 
 
 
 
 
Hoje comemoramos Nossa Senhora de Guadalupe 
Leiam este lindo relato e aumente tua fez no poder de Deus

 Relato do escritor indígena do século dezesseis Dom Antônio Valeriano 

 A voz da rola se escuta em nossa terra

Num sábado de mil e quinhentos e trinta e um, perto do mês de dezembro, um índio de nome Juan Diego, mal raiava a madrugada, ia do seu povoado a Tlatelolco, para participar do culto divino e escutar os mandamentos de Deus. Já amanhecia, quando chegou ao cerrito chamado Tepeyac e escutou que do alto o chamavam: 
– Juanito! Juan Dieguito! 
Subiu até o cimo e viu uma senhora de sobre-humana grandeza, cujo vestido brilhava como o sol, e que, com voz muito branda e suave, lhe disse: 
– Juanito, menor dos meus filhos, fica sabendo que sou Maria sempre Virgem, Mãe do verdadeiro Deus, por quem vivemos. Desejo muito que se erga aqui um templo para mim, onde mostrarei e prodigalizarei todo o meu amor, compaixão, auxílio e proteção a todos os moradores desta terra e também a outros devotos que me invoquem confiantes. Vai ao Bispo do México e manifesta-lhe o que tanto desejo. Vai e põe nisto todo o teu empenho. 
Chegando Juan Diego à presença do Bispo Dom Frei Juan de Zumárraga, frade de São Francisco, este pareceu não lhe dar crédito e respondeu: 
– Vem outro dia, e te ouvirei com mais calma. 
Juan Diego voltou ao cimo do cerro, onde a Senhora do céu o esperava, e lhe disse: 
– Senhora, menorzinha de minhas filhas, minha menina, expus tua mensagem ao Bispo, mas parece que não acreditou. Assim, rogo-te que encarregues alguém mais importante de levar tua mensagem com mais crédito, porque não passo de um joão-ninguém. 
Ela respondeu-lhe: 
– Menor dos meus filhos, rogo-te encarecidamente que tornes a procurar o Bispo amanhã dizendo-lhe que eu própria, Maria sempre Virgem, Mãe de Deus, é que te envio. 
Porém no dia seguinte, domingo, o Bispo de novo não lhe deu crédito e disse ser indispensável algum sinal para poder-se acreditar que era Nossa Senhora mesma que o enviara. E o despediu sem mais aquela. 
Segunda-feira, Juan Diego não voltou. Seu tio Juan Bernardino adoecera gravemente e à noite pediu-lhe que fosse a Tlatelolco de madrugada, para chamar um sacerdote que o ouvisse em confissão. 
Juan Diego saiu na terça-feira, contornando o cerro e passando pelo outro lado, em direção ao Oriente, para chegar logo à Cidade do México, a fim de que Nossa Senhora não o detivesse. Porém ela veio a seu encontro e lhe disse: 
– Ouve e entende bem uma coisa, tu que és o menorzinho dos meus filhos: o que agora te assusta e aflige não é nada. Não se perturbe o teu coração nem te inquiete coisa alguma. Não estou aqui, eu, tua mãe? Não estás sob a minha sombra? Não estás porventura sob a minha proteção? Não te aflija a doença do teu tio. Fica sabendo que ele já sarou. Sobe agora, meu filho, ao cimo do cerro, onde acharás um punhado de flores que deves colher e trazer-mo. 
Quando Juan Diego chegou ao cimo, ficou assombrado com a quantidade de belas rosas de Castela que ali haviam brotado em pleno inverno; envolvendo-as em sua manta, levou-as para Nossa Senhora. Ela lhe disse: 
– Meu filho, eis a prova, o sinal que apresentarás ao Bispo, para que nele veja a minha vontade. Tu és o meu embaixador, digno de toda a confiança. 
Juan Diego pôs-se a caminho, agora contente e confiante em sair-se bem de sua missão. Ao chegar à presença do Bispo, lhe disse: 
– Senhor, fiz o que me ordenaste. Nossa Senhora consentiu em atender o teu pedido. Despachou-me ao cimo do cerro, para colher ali várias rosas de Castela, trazê-las a ti, entregando-as pessoalmente. Assim o faço, para que reconheças o sinal que pediste e assim cumpras a sua vontade. Ei-las aqui: recebe-as. 
Desdobrou em seguida a sua branca manta. À medida em que as várias rosas de Castela espalhavam-se pelo chão desenhava-se no pano e aparecia de repente a preciosa imagem de Maria sempre Virgem, Mãe de Deus, como até hoje se conserva no seu templo de Tepeyac. 
A cidade inteira, em tumulto, vinha ver e admirar a sua santa imagem e dirigir-lhe suas preces. Obedecendo à ordem que a própria Nossa Senhora dera ao tio Juan Bernardino, quando devolveu-lhe a saúde, ficou sendo chamada como ela queria: “Santa Maria sempre Virgem de Guadalupe 

 
Bendito sejais, Senhor do universo, que em vossa imensa bondade nos enviastes a Mãe do vosso Filho, para chamar-nos à fé e fazer-nos ingressar em vosso povo santo. 
Dai que, à semelhança de Juan Diego, sejamos sempre fiéis ao culto divino e a vossos mandamentos, para que mereçamos também que Nossa Senhora venha ao nosso encontro na estrada desta vida. 

 Oração 

 
Ó Deus, que nos destes a Santa Virgem Maria para amparar-nos como mãe solícita, concedei aos povos da América Latina, que hoje se alegram com sua proteção, crescer constantemente na fé e alcançar o desejado progresso no caminho da justiça e da paz. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
Fonte:Liturgia das Horas

 

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quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

Santa Bárbara 04/12/2014

 
 
 
 
 
 
Filha de pais pagãos, Bárbara aprendeu a amar a Deus observando a natureza, o céu, o sol, as estrelas e todas as maravilhas da terra.
Bárbara nasceu na Nicomédia, Bitínia, atual Turquia. Num lar pagão, desde pequena participava dos cultos e homenagens aos deuses. A menina cresceu bela e inteligente e aprendeu os valores cristãos a ponto de apegar-se a eles com toda a força da alma. Assim, instruída no cristianismo às escondidas, recebeu o batismo.
Mas chegou o dia em que seu pai tomou conhecimento disso. A princípio, tentou persuadi-la a voltar aos valores pagãos com argúcia e artimanhas. O tempo foi passando e nada de Bárbara render-se. As pressões sobre ela aumentaram e a sua desobediência também. Até que, um dia, o pai a agrediu fisicamente, com castigos severos. Bárbara resolveu fugir de suas mãos e escondeu-se numa gruta. Foi encontrada por dois pastores e entregue ao pai, que a maltratou, novamente, de maneira terrível. Estava apenas começando o seu sofrimento e martírio. Nada conseguindo, o pai a entregou ao governador romano Marciano. Impressionado com a beleza da jovem, o governante, a princípio, evitou maltratá-la. Tentou a tática da conquista, não somente para sua religião como também para si. Nada conseguiu e a jovem começou a ser flagelada sadicamente, várias horas seguidas, durante dias inteiros. Conta-se que jamais se ouviu uma queixa ou lamento.
Segundo a tradição, Bárbara era confortada e tratada à noite por um anjo, de tal modo que no dia seguinte se apresentava a Marciano como se nada lhe tivesse acontecido durante o dia anterior. Tanto foi seu sofrimento que uma outra jovem cristã se ofereceu para tomar o seu lugar. Tinha vinte anos de idade e seu nome era Emiliana. Não conseguiu substituí-la, sendo depois morta no mesmo dia que ela. Nessa ocasião, foi seu próprio pai que lhe serviu de carrasco. O golpe da espada paterna fez rolar sua cabeça e nesse instante foi fulminado por um raio que caiu sobre ele. Tudo isso transcorreu no século. Por isso, até hoje, santa Bárbara é invocada a proteger seus devotos durante as grandes tempestades de raios e trovões. A cristandade do mundo todo a homenageia com a escolha do nome no batismo, também emprestado para várias cidades que a têm como padroeira. A sua tradicional festa acontece no dia 4 de dezembro.
 
 

São francisco Xavier 03/12/2014


   
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
São Francisco Xavier nunca pisou no Brasil. Como explicar, então, sua imagem na Catedral
Basílica de Salvador, carregando uma criança negra, e vestido com motivos orientais?
Por volta de 1745, foram erigidas duas capelas laterais na então chamada Igreja dos Jesuítas. As duas ocupavam a nave, uma em frente à outra, e o arco era decorado com pinturas. De autoria provável de Francisco Coelho, irmão do colégio jesuítico baiano, elas homenageavam a vida de dois santos: à direita do altar central, Santo Inácio de Loyola, à esquerda, São Francisco Xavier. Santos máximos da Companhia, os dois jesuítas tinham sido canonizados no mesmo ano, 1622. Enquanto Loyola era o fundador da ordem, Xavier era o modelo máximo do missionário, traduzindo na sua figura os ideais da missão que marcavam a Sociedade de Jesus: abnegação, trabalho, conversão, milagres, martírio.
Um dos modos mais eficazes de propagar essas ideias era por meio das imagens. Os episódios da biografia de São Francisco Xavier eram traduzidos em óleos, afrescos, gravuras e desenhos. Circulavam em livros, panfletos e folhetos. Ornavam as igrejas dos jesuítas em Roma, Goa, México, Luanda, Lisboa. Em Salvador, ganharam destaque porque, além de exemplo de missionário jesuíta, o santo era desde 1686 o padroeiro da então capital do Estado do Brasil. Suas imagens, em um altar monumental como esse, integravam os esforços para disseminar a devoção ao santo. Simbolizavam a união entre a Companhia e o Reino, entre a Igreja e a Monarquia.
A vida de São Francisco Xavier (1506-1552) transcorreu entre a Europa e o Oriente. Missionário na Índia, em Malaca (Malásia), nas Molucas (Indonésia), na China e no Japão, sua biografia traduziu-se na possibilidade da conversão dos gentios. Os episódios emblemáticos de sua vida, escolhidos a dedo pelos biógrafos e narrados em tinta e buril pelos pintores e gravadores, deviam servir para inspirar e educar qualquer fiel ou converter qualquer gentio no Império português. As cenas selecionadas, em geral, narram sua preparação para a ordenação, a viagem ao Oriente – repleta de visões e sonhos proféticos – os tormentos sofridos e superados com a ajuda de milagres, o trabalho missionário e o combate ao gentilismo na Ásia – confirmando as profecias e corroborando os milagres. A consagração da sua vida de sofrimento e dedicação culmina na morte, quase um martírio, na costa chinesa, e prossegue com a devoção e as maravilhas feitas pelo depois santo. Esse percurso, condensado em algumas dezenas de cenas, sintetizava não só a vida de Xavier, mas os princípios do que deveria ser uma vida cristã segundo os jesuítas.
A pintura do painel da Igreja Jesuíta em Salvador inspirou-se em um sonho recorrente de São Francisco Xavier: ele se via carregando um gigantesco “índio negro como os da Etiópia” e, ao acordar, estava com o corpo dolorido e cansado, como se tivesse mesmo suportado o peso. Aquela imagem seria a revelação de sua luta pela conversão dos gentios. A figura do índio representa as Índias, como se chamavam as possessões asiáticas dos portugueses. Difundido por diversos biógrafos, a partir do relato do padre Diego Lainez, o sonho ganhou melhor forma escrita pelo jesuíta português João de Lucena, na primeira grande hagiografia (biografia de santo) de Xavier, impressa em 1600, antes mesmo de sua canonização. Foi a partir dela que o sonho foi vertido da letra para as tintas.
A primeira pintura conhecida do sonho foi realizada por Anthony Van Dyck em 1622, em ocasião das festas de canonização, e disposta na Igreja dos Jesuítas em Roma, Il Gesù, templo central da Ordem. Nesse óleo, o “índio negro, etíope” tinha características de uma figura indiana, semelhante a um brâmane. Era sustentada por Xavier num detalhe na esquerda inferior do quadro, cujo centro era a figura do santo sendo coroado com uma grinalda de flores trazida por querubins. Na segunda metade do século XVII, esse “índio” asiático transformou-se numa figura ameríndia, de pele avermelhada, portando cocar, vestindo saiote de plumas. Assim foi retratado, em 1694, pelo pintor polonês Jakob Potcka no afresco da Igreja de Mindelheim, na Bavária, região de forte devoção ao santo jesuíta. Nele, aparecia também representado como um africano, mas trajado com plumas, cocares, tal qual se retratavam os índios americanos. Esse “índio etíope” figurava em gravuras de meados séc. XVII até o final do séc. XVIII, retomadas num sonho de Xavier pintado em 1720 por Antonio de Torres, na Casa Professa da Cidade do México.
Mas a representação que está na atual Catedral Basílica de Salvador, produzida no século XVIII, ganhou outros contornos. No lugar do gigantesco índio, ou de um homem em vestes brâmanes, Xavier carrega uma figura quase púbere, negra, de cabelo crespo e vestido com um traje listrado. Se antes foi “índio etíope”, indiano e ainda ameríndio, o que aparece no painel de Salvador é um garoto negro. Remissão ao “negro como etíope”, da versão do português João Lucena? Pode ser, pois os africanos escravizados no Brasil eram chamados de etíopes. Mas não parecia um índio negro (como em gravuras e pinturas dos séculos XVII e XVIII), pois estava vestido de modo similar às representações dos escravos que circulavam à época.
Xavier também é retratado de maneira diferente da usual: a barba permanece, mas a tonsura (corte tradicional das ordens religiosas), se existe, está escondida sob um chapéu volumoso, não muito comum (embora não inédito) na iconografia do personagem. A imagem remete a outro jesuíta que esteve na China, Matteo Ricci (1552-1610), que conhecia a língua chinesa, ao contrário de Xavier, que nunca aprendeu nenhuma língua asiática. Pelo seu conhecimento e pelo esforço de traduzir o cristianismo para o chinês, Ricci era representado em vestes orientais, que de fato adotara para ser aceito e converter a China de dentro. Nas gravuras que o retratam, os trajes à maneira asiática são completados por um chapéu, muito similar ao usado pelo Xavier da igreja de Salvador.
O menino negro tem relação com o relato de Lainez (narrado por Lucena), mas sua roupa lembra a dos escravos “etíopes”, cujo trabalho ajudava a sustentar o Brasil. As vestes negras e a barba de Xavier são similares ao hábito da Ordem, fazendo com que qualquer jesuíta que se vestisse assim pudesse se identificar (e ser identificado). O chapéu oriental, por sua vez, pode indicar um lugar específico do seu trabalho missionário. Ao misturar esses elementos, o autor da imagem talvez buscasse traduzir um esforço dos jesuítas em transformar São Francisco Xavier em exemplo missionário também para as Índias Ocidentais. Afinal, seus milagres faziam dele o “peregrino com as mesmas maravilhas na América” que havia sido na Ásia, nas palavras do padre Antônio Vieira (1608-1697). Afirmou isto no oitavo sermão de um volume com 15 prédicas dedicadas exclusivamente ao santo. Ao longo dos sermões, Vieira buscou frisar que, embora tivesse nascido no reino de Navarra (região entre Espanha e França), Xavier era português de espírito (e de devoção). Esses sermões, mesmo nunca pregados, foram impressos em 1694 para responder a uma encomenda da rainha portuguesa, Maria Sofia de Neuburgo, devota de Xavier, como aliás toda a casa dos Bragança.
Desde o século XVI era estreita a ligação entre a figura de Xavier e a coroa portuguesa, fortalecida no século seguinte. Tanto a trajetória do jesuíta – que partira de Portugal para o Oriente com a bênção de João III – quanto sua devoção – vinculada a eventos importantes do reino, como a Restauração de 1640 – eram associadas à expansão dos domínios portugueses e à conquista do Oriente. Por meio da conversão dos gentios, os jesuítas serviam ao Império Português, o que ajuda a compreender a utilização dos dois signos não usuais (o garoto negro e o chapéu oriental) na mesma imagem.
Alçado a padroeiro da cidade de Salvador, São Francisco Xavier era ao mesmo tempo santo de Portugal e de seus domínios, e exemplo da ação jesuíta nos espaços ultramarinos lusitanos. Sua imagem na Igreja dos Jesuítas foi um transplante do apóstolo do Oriente para o Ocidente americano, sem perder de vista a unidade da missão e do Império: em trajes asiáticos, sustentando um africano, numa igreja americana, na capital do Brasil

 
Texto - Internet
 

quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Nossa Senhora das Graças 27/11/2014


 
 

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 


Um dos mais valiosos presentes da Santíssima Virgem para a humanidade, foi dado no dia 27 de novembro de 1830, por meio de Santa Catarina Labouré, humilde freira da Congregação das Filhas da Caridade. Isto foi na Rua De Lubac, no centro de Paris, na Capela da Medalha Milagrosa.

Nesse dia, segundo relata a Vidente, Nossa Senhora apareceu-lhe mostrando nos dedos anéis incrustados de belíssimas pedras preciosas, “lançando raios para todos os lados, cada qual mais belo que o outro”.

Em seguida, formou-se em torno da Virgem uma moldura ovalada no alto da qual estavam escritas em letras de ouro as seguintes palavras, a bela jaculatória:

“Ó Maria concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a Vós”.
Esta foi uma prova do céu de que Nossa Senhora é Imaculada, concebida sem pecado original; vinte e quatro anos depois o Papa Pio IX proclamava solenemente o dogma da Imaculada Conceição de Maria no dia 8 de dezembro de 1854; e quatro anos após Nossa Senhora aparece em Lourdes e diz a Santa Bernadete: “Eu Sou a Imaculada Conceição”. Quantas provas de sua Imaculada Conceição!

A Virgem apareceu sobre um Globo, a Terra, pisando a cabeça da Serpente e segurando nas mãos um globo menor, oferecendo-o a Deus, num gesto de súplica. E diz a Santa Catarina: “Este globo representa o mundo inteiro e cada pessoa em particular”. De repente, o globo desapareceu  e suas mãos se estenderam suavemente, derramando sobre o globo brilhantes raios de luz. E Santa Catarina ouviu uma voz que lhe dizia:

“Fazei cunhar uma medalha conforme este modelo. Todos os que a usarem, trazendo-a ao pescoço, receberão grandes graças. Estas serão abundantes para aqueles que a usarem com confiança.” Em 1832, uma violenta epidemia de cólera assolou a cidade de Paris. Foram, então, cunhados os primeiros exemplares da medalha, logo distribuídos aos doentes. À vista das graças extraordinárias e numerosas obtidas por meio dessa medalha, o povo p´-passou a chamá-la de Medalha Milagrosa. Em pouco tempo, essa devoção difundiu-se pelo mundo inteiro, e foi enriquecida com a composição de uma Novena.

Nossa Senhora foi a única criatura que nunca ofendeu a Deus, por isso o Anjo a chama de “cheia de Graça”; assim, ela encanta o coração de Deus e Este lhe atende todas as súplicas como nos mostra as Bodas de Caná da Galiléia. Se os nossos pecados dificultam a nossa comunhão com Deus e nos impedem de obter suas graças, isto não ocorre com Nossa Senhora, então, como boa Mãe, ela se põe como nossa magnífica intercessora.

Mais do que em outros dias, hoje é dia de Graças; peça tudo o que desejar a Nossa Senhora das Graças e já comece a agradecer; pois, se for para o seu bem, Deus lhe concederá pelas mãos benditas de Sua Mãe querida. Afinal, ela é a Filha predileta do Pai, a Esposa bendita do Espírito Santo e a Mãe Santa do Filho de Deus. O que ela não consegue de Deus?

Prof. Felipe Aquino

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