domingo, 29 de abril de 2012

4º Domingo da Páscoa Ano B 29/04/2012








Este Quarto Domingo da Páscoa é conhecido como Domingo do Bom Pastor, pois nele se lê sempre um trecho do capítulo 10 de São João, onde Jesus se revela como o Bom Pastor. Mas, o que isso tem a ver com o tempo litúrgico que ora estamos vivendo? A resposta, curta e graciosa, encontra-se na antífona de comunhão que o Missal Romano traz: “Ressuscitou o Bom Pastor, que deu a vida pelas ovelhas e quis morrer pelo rebanho!” Aqui está tudo!
“Eu sou o bom pastor” – disse Jesus. O adjetivo grego usado para “bom” significa mais que bom: é belo, perfeito, pleno, bom. Jesus é, portanto, o pastor por excelência, aquele pastor que o próprio Deus sempre foi. Pela boca de Ezequiel profeta, Deus tinha prometido que ele próprio apascentaria o seu rebanho: “Eu mesmo cuidarei do meu rebanho e o procurarei. Eu mesmo apascentarei o meu rebanho, eu mesmo lhe darei repouso” (34,11.15). Pois bem: Jesus apresenta-se como o próprio Deus pastor do seu povo!
Mas, por que ele é o Belo, o Perfeito, o Pleno Pastor? Escutemo-lo, caríssimos: O bom pastor dá a vida por suas ovelhas. É por isso que o Pai me ama: porque dou a minha vida, para depois recebê-la novamente. Ninguém tira a minha vida; eu a dou por mim mesmo! Tenho o poder de entregá-la e o poder de retomá-la novamente; esse é o preceito que recebi do meu Pai”. Amados irmãos, são palavras de intensidade inexaurível, essas! Jesus é o pastor perfeito porque é capaz de dar a vida pelas ovelhas: ele as conhece, ou seja, é íntimo delas, as ama, e está disposto a dar-se totalmente pelo rebanho, por nós! E, mesmo na dor, faz isso livremente, em obediência amorosa à vontade do Pai por nós! Por amor, morre pelo rebanho; por amor ressuscita para nos ressuscitar! Nós jamais poderemos compreender totalmente este mistério! Jesus diz que conhece suas ovelhas como o Pai o conhece e ele conhece o Pai! É impossível penetrar em tão grande mistério! Conhecer, na Bíblia, quer dizer, ter uma intimidade profunda, uma total comunhão de vida. A comunhão de vida entre o Pai e o Filho é total, é plena. Pois bem, Jesus diz que essa mesma comunhão ele tem com suas ovelhas. E é verdade! No batismo, deu-nos o seu Espírito Santo, que é sua própria vida de ressurreição; na eucaristia, dá-se totalmente a nós, morto e ressuscitado, pleno desse mesmo Espírito, como vida da nossa vida! De tal modo é a união, de tal grandeza é a comunhão, de tal profundidade é a intimidade, que ele está em nós e nós estamos mergulhados, enxertados e incorporados nele! De tal modo, que somos uma só coisa com ele, seja na vida seja na morte! De tal sorte ele nos deu o seu Espírito de Filho, que São João afirma na segunda leitura de hoje: “Somos chamados filhos de Deus. E nós o somos!” Compreendamos, irmãos: somos filhos de verdade, não só figurativamente! Somos filhos porque temos em nós a mesma vida, o mesmo Espírito Santo que agora plenifica o Filho ressuscitado! E São João continua, provocante: “Se o mundo não nos conhece, é porque não conheceu o Pai!” Ou seja: se, para o mundo, nós somos apenas uns tolos, uns nada, se o mundo não consegue compreender essa maravilhosa realidade – que somos filhos de Deus – é porque também não experimentou, não conheceu que Deus é o Pai de Jesus, o Filho eterno, o Bom Pastor, que nos faz filhos como ele é o Filho único, agora tornado primogênito de muitos irmãos! Mas, a Palavra de Deus nos consola e anima: “Quando Jesus se manifestar, seremos semelhantes a ele, porque o veremos tal como ele é!” Este é o destino da humanidade, este é o nosso destino: ser como Jesus ressuscitado, trazer sua imagem bendita, participar eternamente da sua glória! Para isso Deus nos criou desde o princípio! Não chegar a ser como Jesus ressuscitado, não ressuscitar com ele – nesta vida já pelos sacramentos, e na outra, na plenitude da glória – é frustrar-se. E isso vale para todo ser humano, pois “em nenhum outro há salvação, pois não existe debaixo do céu outro nome dado aos homens, pelo qual possamos ser salvos!” Por isso mesmo, Jesus afirma hoje, pensando nos não-cristãos: “Tenho ainda outras ovelhas que não são deste redil. Também a elas devo conduzir; elas escutarão a minha voz e haverá um só rebanho e um só pastor!”
Caríssimos, voltemos o nosso olhar para Aquele que foi entregue por nós e por nós ressuscitou. Olhemos seu lado aberto, suas mãos chagadas. Quanto nos ama, quanto se deu a nós! Agora, escutemo-lo dizer: “”Eu sou o bom pastor! Eu conheço as minhas ovelhas! Eu dou a minha vida pelas ovelhas!” Num mundo de tantas vozes, sigamos a voz de Jesus! Num mundo de tantas pastagens venenosas, deixemos que o Senhor nos conduza às pastagens verdadeiras, que nos dão vida plena e sacia nosso coração! Num mundo que nos tenta seduzir com tantos amores, amemos de todo coração Aquele que nos amou e por nós se entregou ao Pai!
Hoje é também jornada mundial de oração pelas vocações sacerdotais e religiosas. Peçamos ao Senhor, Bom Pastor, que dê à Igreja e ao mundo pastores segundo o seu coração, pastores que, nele e com ele, estejam dispostos a fazer da vida uma total entrega pelo rebanho; pastores que tenham sempre presente qual a única e imprescindível condição para pastorear o rebanho do Bom Pastor: “Simão, tu me amas? Apascenta as minhas ovelhas!” (Jo 21,15s). Eis a condição: amar o Pastor! Quem não é apaixonado por Jesus não pode ser pastor do seu rebanho! Não se trata de competência, de eficiência, de vedetismo ou brilhantismo; trata-se de amor! Se tu amas, então apascenta! Como dizia Santo Agostinho, “apascentar é ofício de quem ama”.
Que o Senhor nos dê os pastores que sejam viva imagem dele; que Cristo nos faça verdadeiras ovelhas do seu rebanho. Amém.

D. Henrique Soares



At 4,8-12 /Sl 117 /1Jo 3,1-2 /Jo 10,11-18





quinta-feira, 26 de abril de 2012

Santa Zita 27/04/2012







Filha de uma família de pobres camponeses, Zita foi entregue, aos 12 anos, a uma rica família da cidade de Lucca, para deles ser empregada. Em troca de seu trabalho, recebia um salário miserável, além de receber um tratamento hostil tanto dos patrões como dos demais empregados.

A generosidade de Zita, porém, terminou por contagiar a todos, e durante os 60 anos que viveu junto àquela família transformou vidas e realizou inúmeros trabalhos de ajuda aos mais carentes.
Assim é que alimentava famintos com o excedente da despensa dos patrões e, em suas horas vagas, visitava doentes e prisioneiros. Seu maior feito foi nos ter dado o exemplo de que mesmo não possuindo bens materiais, todos somos capazes de ajudar o próximo.
Antes de tomar qualquer decisão, Zita perguntava sempre: "Isso agrada ao Senhor?". Um dia, surpreendida ajudando os pobres, viu os alimentos escondidos em seu avental serem transformados em flores. Zita é hoje conhecida como a padroeira das empregadas domésticas. Que seu exemplo fortaleça e dignifique essas mulheres que, da força de seu trabalho, transformam a vida de tantas famílias.
Santificando a vida: Como trato aqueles que me servem?

Oração à Santa Zita:

Ó Santa Zita, no humilde trabalho doméstico, soubestes ser solícita como foi Maria, quando servia Jesus, em Betânia, e piedosa como Maria Madalena aos pés do mesmo Jesus. Ajudai-me a suportar com ânimo e paciência todos os sacrifícios que os meus trabalhos domésticos me impõem. Ajudai-me a tratar as pessoas da família em que trabalho como se fossem minha família. Ajudai-me a ter sempre reconhecidos meus direitos trabalhistas e ter sempre disposição para lutar por eles se preciso for.

Ó Deus, recebei o meu trabalho, o meu cansaço e minhas tribulações, e, pela intercessão de Santa Zita, dai-me forças para cumprir sempre os meus deveres para merecer o reconhecimento dos que sirvo e a recompensa eterna no céu. Santa Zita, ajudai-me. Amém.



Fonta: Internet



Nossa Senhora do Bom Conselho 26/04/2012










As origens do ícone são envoltas em lendas e milagres. A história se divide em duas partes. A maioria dos relatos liga uma imagem de Nossa Senhora de Shkodra (Bom Conselho) cultuada na Albânia e o ícone atualmente venerado na Itália. Na Albânia Nossa Senhora era venerada desde tempos muito antigos sob este e outros títulos. Um deles é o de Zoja e Bekueme (Senhora Bendita), e havia muitas capelas a ela dedicadas. Especialmente uma delas, localizada em Shkodra, onde havia um ícone da Virgem, se tornou um centro de peregrinação durante as guerras contra os Otomanos. Um dia, durante um cerco à cidade, dois albaneses devotos se postaram ao pé da imagem e rezaram para que pudessem escapar com segurança. Diz a lenda que neste momento a imagem se desprendeu do altar e flutuou no ar, saindo da igreja. Os dois homens, Gjorgji e De Sclavis, seguiram a pintura, que finalmente os conduziu até Roma, onde desapareceu diante de suas vistas. Lá, depois de algum tempo, ouviram rumores sobre uma imagem da Virgem que aparecera miraculosamente em Genazzano. Acorreram para o local e identificaram a imagem como a sua venerada Zoja e Bekueme. Depois disso os dois fixaram morada na cidadezinha.Aqui inicia a outra parte da história. Quando o papa Sisto III solicitou ajuda dos fiéis para renovações na Basílica de Santa Maria Maggiore, o povo de Genazzano contribuiu generosamente, recebendo em troca um terreno na sua cidade, onde foi erguida uma igreja sob a invocação de Nossa Senhora do Bom Conselho. Com a passagem do tempo a igreja, sem cuidados, foi caindo em ruínas. Em 1467 uma viúva do local, Petruccia de Geneo, sentiu-se movida a reparar o templo com seus próprios mas reduzidos recursos. Sem encontrar ajuda, ela gastou o que possuía sem conseguir terminar as obras.Na festa de São Marcos, em 25 de abril daquele ano, a população se reuniu para festejar. Por volta das 16h o povo ouviu uma bela música, e procurou de onde vinha. Então viram uma nuvem, em meio ao céu claro, descer do céu e cobrir uma das paredes inacabadas da igreja, lá permanecendo por algum tempo. Quando a nuvem se dissipou, a população atônita viu sobre a parede uma pintura da Virgem com o Menino onde nada existia antes, e então os sinos começaram a tocar sozinhos, atraindo as pessoas de longe para ver o que estava acontecendo. A própria Petrucia, que estava longe, veio depressa, e ao ver a imagem caiu em prantos.Depois da notícia se espalhar por toda a Itália, peregrinos começaram a chegar de todos os lugares, e assinalou-se a ocorrência de muitos milagres diante da pintura. Foi tão grande o número de prodígios que foi indicado um notário para registrar os mais notáveis, e este registro ainda existe, listando 171 milagres.Além de suas propriedades miraculosas, a imagem por si mesma é extraordinária, pois ela desde o século XV permanece como que suspensa no ar, sem moldura ou fixação, afastada da parede cerca de três centímetos, apenas parcialmente tocando uma base em sua borda inferior. Relatos diversos afirmam ainda que a fisionomia da Virgem muda de acordo com certas circunstâncias. O povo da Albânia não esqueceu da imagem desaparecida, e ainda a festeja duas vezes no ano, rezando para que ela volte para sua antiga casa. O papa Pio XII colocou seu papado sob a proteção da Virgem do Bom Conselho.



Fonte: Internet

segunda-feira, 23 de abril de 2012

São Jorge Santo Guerreiro 23/04/2012








Santo guerreiro; Padroeiro da Inglaterra, Portugal, Lituânia e Geórgia




:: Data de comemoração: 23 de Abril

Em torno do século III D.C., quando Diocleciano era imperador de Roma, havia nos domínios do seu vasto Império um jovem soldado chamado Jorge. Filho de pais cristãos, Jorge aprendeu desde a sua infância a temer a Deus e a crer em Jesus como seu salvador pessoal.
Nascido na antiga Capadócia, região que atualmente pertence à Turquia, Jorge mudou-se para a Palestina com sua mãe após a morte de seu pai. Lá foi promovido a capitão do exército romano devido a sua dedicação e habilidade - qualidades que levaram o imperador a lhe conferir o título de conde. Com a idade de 23 anos passou a residir na corte imperial em Roma, exercendo altas funções.
Por essa época, o imperador Diocleciano tinha planos de matar todos os cristãos. No dia marcado para o senado confirmar o decreto imperial, Jorge levantou-se no meio da reunião declarando-se espantado com aquela decisão, e afirmou que os os ídolos adorados nos templos pagãos eram falsos deuses.
Todos ficaram atônitos ao ouvirem estas palavras de um membro da suprema corte romana, defendendo com grande ousadia a fé em Jesus Cristo como Senhor e salvador dos homens. Indagado por um cônsul sobre a origem desta ousadia, Jorge prontamente respondeu-lhe que era por causa da VERDADE. O tal cônsul, não satisfeito, quis saber: "O QUE É A VERDADE ?". Jorge respondeu: "A verdade é meu Senhor Jesus Cristo, a quem vós perseguis, e eu sou servo de meu redentor Jesus Cristo, e nele confiado me pus no meio de vós para dar testemunho da verdade."
Como São Jorge mantinha-se fiel a Jesus, o Imperador tentou fazê-lo desistir da fé torturando-o de vários modos. E, após cada tortura, era levado perante o imperador, que lhe perguntava se renegaria a Jesus para adorar os ídolos. Jorge sempre respondia: "Não, imperador ! Eu sou servo de um Deus vivo ! Somente a Ele eu temerei e adorarei". E Deus, verdadeiramente, honrou a fé de seu servo Jorge, de modo que muitas pessoas passaram a crer e confiar em Jesus por intermédio da pregação daquele jovem soldado romano. Finalmente, Diocleciano, não tendo êxito em seu plano macabro, mandou degolar o jovem e fiel servo de Jesus no dia 23 de abril de 303.
A devoção a São Jorge rapidamente tornou-se popular. Seu culto se espalhou pelo Oriente e, por ocasião das Cruzadas, teve grande penetração no Ocidente.
Verdadeiro guerreiro da fé, São Jorge venceu contra Satanás terríveis batalhas, por isso sua imagem mais conhecida é dele montado num cavalo branco, vencendo um grande dragão. Com seu testemunho, este grande santo nos convida a seguirmos Jesus sem renunciar o bom combate.

Oração de São Jorge



Chagas abertas, sagrado coração todo amor e bondade, o sangue do meu senhor Jesus Cristo no meu corpo se derrame, hoje e sempre. Eu andarei vestido e armado, com as armas de São Jorge, para que meus inimigos, tendo pés não me alcancem, tendo mãos não me peguem, tendo olhos não me enxerguem, e nem em pensamento eles possam ter para me fazerem o mal, armas de fogo o meu corpo não alcançarão, facas e lanças quebrarão sem meu corpo chegar, cordas e correntes se arrebentarão sem o meu corpo amarrarem.
Jesus Cristo me proteja e me defenda com o poder da sua santa e divina graça, a Virgem Maria de Nazaré me cubra com seu sagrado e divino manto, me protegendo em todas as minhas dores e afliçoes e Deus com a sua divina misericordia e grande poder seja meu defensor contra as maldades e perseguições dos meus inimigos, e o glorioso São Jorge em nome de Deus, em nome de Maria de Nazaré , em nome da Falange do Divino Espirito Santo estenda-me o seu escudo e as suas armas poderosas defendendo-me com a sua força e com a sua grandeza dos meus inimigos carnais e espirituais , e de todas as suas más influencias, e que debaixo das patas de seu fiel Ginete meus inimigos fiquem humildes e submissos a Vós sem se atreverem a ter um olhar sequer que me possa a prejudicar. Assim seja com o poder de Deus de de Jesus Cristo e da Falange do Divino Espirito Santo, Amém.



3 P.N / 3 A.M Em louvor ao São Jorge.





3º Domingo da Páscoa 22/04/2012








Aprendestes que Cristo era o Verbo, a Palavra de Deus, unida a uma alma humana e a um corpo humano. [...] Aqui, os discípulos julgaram ver um espírito; não acreditavam que o Senhor tivesse um corpo verdadeiro. Mas, como o Senhor conhecia o perigo de tais pensamentos, apressou-Se a arrancá-los dos seus corações [...]: «Porque estais perturbados e porque surgem tais dúvidas nos vossos corações? Vede as Minhas mãos e os Meus pés: sou Eu mesmo. Tocai-Me e olhai que um espírito não tem carne nem ossos, como verificais que Eu tenho.» E tu, a esses mesmos pensamentos loucos, contrapõe, com firmeza, a regra da fé que recebeste. [...] Cristo é verdadeiramente o Verbo, o Filho único, igual ao Pai, unido a uma alma verdadeiramente humana e a um corpo livre de todo o pecado. Foi esse corpo que morreu, esse corpo que ressuscitou, esse corpo que foi pregado na cruz, esse corpo que foi deposto no túmulo, esse corpo que está sentado nos céus. Nosso Senhor queria persuadir os discípulos de que Aquilo que viam era verdadeiramente osso e carne. [...] Porque me quis Ele convencer desta verdade? Porque sabia até que ponto me é benéfico acreditar e quanto tenho a perder se não acreditar. Acreditai, pois, vós também: Ele é o Esposo!
Este mesmo Corpo, nos alimenta e dá Vida.

Evangelho Cotidiano

A celebração da Eucaristia



A ninguém é permitido participar da Eucaristia, a não ser àquele que, admitindo como
verdadeiros os nossos ensinamentos e tendo sido purificado pelo batismo para a remissão dos
pecados e a regeneração, leve uma vida como Cristo ensinou.
Pois não é pão ou vinho comum o que recebemos. Com efeito, do mesmo modo como Jesus
Cristo, nosso salvador, se fez homem pela Palavra de Deus e assumiu a carne e o sangue para a
nossa salvação, também nos foi ensinado que o alimento sobre o qual foi pronunciada a ação de
graças com as mesmas palavras de Cristo e, depois de transformado, nutre nossa carne e nosso
sangue, é a própria carne e o sangue de Jesus que se encarnou.
Os apóstolos, em suas memórias que chamamos evangelhos, nos transmitiram a recomendação
que Jesus lhes fizera. Tendo ele tomado o pão e dado graças, disse: Fazei isto em memória de
mim. Isto é o meu corpo (Lc 22,19; Mc 14,22); e tomando igualmente o cálice e dando graças,
disse: Este é o meu sangue (Mc 14,24), e os deu somente a eles. Desde então, nunca mais
deixamos de recordar estas coisas entre nós. Como que possuímos, socorremos a todos os
necessitados e estamos sempre unidos uns aos outros. E por todas as coisas com que nos
alimentamos, bendizemos o Criador do universo, por seu Filho Jesus Cristo e pelo Espírito
Santo. No chamado dia do Sol, reúnem-se em um mesmo lugar todos os que moram nas cidades ou
nos campos. Lêem-se as memórias dos apóstolos ou os escritos dos profetas, na medida em que
o tempo permite.
Terminada a leitura, aquele que preside toma a palavra para aconselhar e exortar os presentes à
imitação de tão sublimes ensinamentos.
Depois, levantamo-nos todos juntos e elevamos as nossas preces; como já dissemos acima, ao
acabarmos de rezar, apresentam-se pão, vinho e água.Então o que preside eleva ao céu, com
todo o seu fervor, preces e ações de graças, e o povo aclama: Amém. Em seguida, faz-se entre
os presentes a distribuição e a partilha dos alimentos que foram eucaristizados, que são também
enviados aos ausentes por meio dos diáconos.
Os que possuem muitos bens dão livremente o que lhes agrada. O que se recolhe é colocado à
disposição do que preside. Este socorre os órfãos, as viúvas e os que, por doença ou qualquer
outro motivo se acham em dificuldade, bem como os prisioneiros e os hóspedes que chegam de
viagem; numa palavra, ele assume o encargo de todos os necessitados.
Reunimo-nos todos no dia do Sol, não só porque foi o primeiro dia em que Deus,
transformando as trevas e a matéria, criou o mundo, mas também porque neste mesmo dia Jesus
Cristo, nosso salvador, ressuscitou dos mortos. Crucificaram-no na véspera do dia de Saturno; e
no dia seguinte a este, ou seja, no dia do Sol,aparecendo aos seus apóstolos e discípulos,
ensinou-lhes tudo o que também nós vos propusemos como digno de consideração.





Da Primeira Apologia a favor dos cristãos, de São Justino, mártir

(Cap.66-67: PG 6,427-431) (Séc.I) Liturgia das Horas













quinta-feira, 19 de abril de 2012








Santo Expedito é natural da Armênia, a tradição refere-se que ele era chefe da 12ª Legião Romana, cognominada "Fulminante", estabelecida em Metilene, sede de uma das províncias romanas da Armênia. "Fulminante" lhe havia sido dado em memória de uma façanha que se tornou célebre.


Durante uma campanha da Germânia, na região dos Quades, no nordeste da Hungria atual, o imperador Marco Aurélio foi cercado pelos bárbaros, ficando sem água e provimentos, então Marco Aurélio orou como lhe ensinava sua filosofia e fez com que fossem feitos encantamentos pelos mágicos, companheiros indispensáveis, à época, dos exércitos.

A 12ª Legião, recrutada no Distrito de Metilene, na Capadócia, formada em grande parte por soldados cristãos, reuniram seus soldados fora do campo, onde ajoelharam-se e oraram ao verdadeiro Deus.

Esses milhares de homens em oraçào e com os braços abertos formaram um espetáculo tão estranho que os inimigos pararam surpresos. Uma chuva abundante se pôs a cair, foi quando os soldados romanos saciaram sua sede e fizeram o inimigo recuar. Depois, caíram raios e granizos sob os bárbaros, com tal violência, que os mesmos debandaram em pânico, o santo fazia parte de uma das mais gloriosas legiões, composta, em grande parte, por soldados cristãos.

Mas a história que documenta as façanhas desta legião, infelizmente, é bastante sóbria em detalhes da vida de seus chefes. Ela não diz sobre Santo Expedito. Supõe-se que ele distinguiu seu comando pelas virtudes de cristão e de chefe ligados à sua religião, à seu dever, à ordem e à disciplina, dando, em todas as circunstâncias, o exemplo das mais belas virtudes.

O ardor bastante conhecido do generoso soldado Expedito e sua situação de chefe de legião chamou a atenção de Diocleciano, quando as perseguições começaram em Metilene. Entre muitos que já haviam pago com a vida estavam: Maurício, outro chefe de legião, Marcelo, centurião romano e Sebastião, tribuno da guarda pretoriana, hoje conhecido como São Sebastião. Sendo assim, Expedito e seus companheiros de armas, cheios de admiração pelo capitão Sebastião, deveriam ter prometido imitar sua conduta, devendo crer, inclusive, que teriam que sofrer a mesma sorte, quando das perseguições cristãs, enfrentando a morte a ter que renunciar sua fé.

Nada se sabe sobre as circunstâncias que acompanharam os últimos instantes de Santo Expedito.

Podemos supor que ele também foi sacrificado por recursos do império. Sabe-se que era concedido ao cidadão romano o privilégio de somente perecer pela espada. São Paulo, por ser cidadão romano, foi beneficiado por essa lei e teve a cabeça cortada, já São Pedro, que era judeu, foi crucificado. Quando se tratava de um soldado do exército romano, antes da decapitação, ele deveria sofrer o suplício da flagelação.

Assim também ocorreu com Santo Expedito, depois de ser flagelado até derramar sangue, teve a cabeça decepada. Era o dia 13, das calendas de Maio, isto é, 19 de Abril de 303. Assim afirmam os martinólogos da época.

Seu culto se estabeleceu em sua pátria, transpondo o Oriente e passou para a Alemanha meridional. De lá se espalhou pela Itália, sobretudo na Sicília, na Espanha e difundiu-se pela França e Bélgica. Em várias igrejas do mundo apresentam-se estátuas representando Santo Expedito, com traje legionário, vestindo uma túnica curta e um manto jogado militarmente atrás das espáduas, tendo postura marcial. Em uma mão segura uma palma e na outra uma cruz.

Sua atitude é de um homem pronto para a ação. É nesta postura, cheia de entusiasmo e generosidade, que os fiéis viram o defensor e patrono das "Causas Urgentes".





domingo, 15 de abril de 2012

2º Domingo da Páscoa, Domingo da Misericórdia 15/04/2012








«Pinta uma imagem de acordo com o que vês, com a inscrição, 'Jesus, eu confio em Vós.'
Prometo que a alma que venerar esta Imagem não perecerá.»

A devoção à Divina Misericórdia

Esta devoção se baseia nos ensinamentos dados por Jesus à Irmã Faustina Kowalska.
As formas dessa devoção, de extrema eficácia à salvação das almas, são: a Imagem, a Festa (1º domingo depois da Páscoa), a Novena, o Terço, e a Hora da Misericórdia (às três horas da tarde).
Irmã Faustina teve seus escritos proibidos por mais de 20 anos. Em 1978, a Santa Sé, após um exame minucioso de documentos originais aos quais não havia tido acesso antes, reverteu completamente a decisão de proibir a divulgação da imagem e da devoção à Divina Misericórdia. O Cardeal Karol Wojtyla, atualmente Papa João Paulo II, foi o maior responsável por essa reversão, como Arcebispo da diocese de Irmã Faustina em Cracóvia.
Irmã Faustina foi beatificada em 1994 e canonizada em 30 de abril de 2000, como Santa Maria Faustina do Santíssimo Sacramento.

A Festa

O Diário de Irmã Faustina contém pelo menos quinze ocasiões nas quais se refere ao pedido do Senhor para que fosse estabelecida em toda a Igreja, oficialmente, a "Festa da Misericórdia". Ele disse:
"Desejo que a Festa de Misericórdia seja refúgio e abrigo para todas as almas, especialmente para os pecadores. Nesse dia estão abertas as entranhas da minha Misericórdia. Derramo todo o mar de graças nas almas que se aproximarem da fonte da minha Misericórdia. A alma que se confessar e comungar alcançará o perdão das culpas e castigos. Nesse dia estão abertas todas as comportas divinas, pelas quais fluem as graças...
Desejo que seja celebrada solenemente no primeiro domingo depois da Páscoa. A humanidade não terá paz enquanto não se voltar à fonte da minha Misericórdia."

(Diário no.699)


 
Trechos da homilia do Papa pronunciada durante a Santa Missa:

"Ó Misericórdia divina insondável e inegotável,
Quem Vos poderá venerar e glorificar dignamente?
Atributo máximo de Deus Onipotente,
Sois a doce esperança para o homem pecador" (Diário, 951).

"Caros Irmãos e Irmãs!

Repito hoje essas simples e sinceras palavras de Santa Faustina, para juntamente com ela e com vós todos glorificar o inconcebível e insondável mistério da Divina Misericórdia. Da mesma forma que ela, queremos confessar que não existe para o homem uma outra fonte de esperança que não seja a misericórdia de Deus. Queremos repetir com fé: Jesus, eu confio em Vós.
Essa profissão, na qual se expressa a confiança no onipotente amor de Deus, é especialmente necessária em nossos tempos, nos quais o homem se sente desorientado em face das variadas manifestações do mal. É preciso que o apelo pela divina misericórdia brote do fundo dos corações humanos, repletos de sofrimento, de inquietação e de dúvida, que buscam uma fonte segura de esperança. (...)
Por isso hoje, neste Santuário, desejo, confiar solenemente o destino do mundo à Misericórdia Divina. Faço-o com o desejo ardente de que a mensagem do amor misericordioso de Deus, proclamado por intermédio de Irmã Faustina, chegue a todos os habitantes da terra e cumule
os seus corações de esperança..."



Fonte Internet

sexta-feira, 13 de abril de 2012

Da Homilia sobre a Páscoa, de Melitão, bispo de Sardes









Estamos na oitava da Páscoa... Meditemos



O louvor de Cristo



Prestai atenção, caríssimos: o mistério pascal é ao mesmo tempo novo e antigo, eterno e
transitório, corruptível e incorruptível, mortal e imortal.
É mistério antigo segundo a Lei, novo segundo a Palavra que se fez carne; transitório pela
figura, eterno pela graça; corruptível pela imolação do cordeiro, incorruptível pela vida do
Senhor; mortal pela sua sepultura na terra, imortal pela sua ressurreição dentre os mortos.
A Lei, na verdade, é antiga, mas a Palavra é nova; a figura é transitória, mas a graça é eterna; o
cordeiro é corruptível, mas o Senhor é incorruptível, ele que,imolado como cordeiro,
ressuscitou como Deus.
Na verdade, era como ovelha levada ao matadouro, e contudo não era ovelha; era como
cordeiro silencioso (Is 53,7), e no entanto não era cordeiro. Porque a figura passou e apareceu a
realidade perfeita: em lugar de um cordeiro, Deus; em vez de uma ovelha, o homem; no
homem, porém, apareceu Cristo que tudo contém.
Por conseguinte, a imolação da ovelha, a celebração da páscoa e a escritura da Lei tiveram a sua
perfeita realização em Jesus Cristo; pois tudo o que acontecia na antiga Lei se referia a ele, e
mais ainda na nova ordem, tudo converge para ele.
Com efeito, a Lei fez-se Palavra e, de antiga, tornou-se nova (ambas oriundas de Sião e de
Jerusalém); o preceito deu lugar à graça, a figura transformou-se em realidade, o cordeiro em
Filho, a ovelha em homem e o homem em Deus.
O Senhor, sendo Deus, fez-se homem e sofreu por aquele que sofria; foi encarcerado em lugar
do prisioneiro, condenado em vez do criminoso e sepultado em vez do que jazia no sepulcro;
ressuscitou dentre os mortos e clamou com voz poderosa: “Quem é que me condena? Que de
mim se aproxime (Is 50,8). Eu libertei o condenado, dei vida ao morto, ressuscitei o que estava
sepultado. Quem pode me contradizer? Eu sou Cristo, diz ele, que destruí a morte, triunfei do
inimigo, calquei aos pés o inferno, prendi o violento e arrebatei o homem para as alturas dos
céus. Eu, diz ele, sou Cristo.
Vinde, pois, todas as nações da terra oprimidas pelo pecado e recebei o perdão. Eu sou o vosso
perdão, vossa páscoa da salvação, o cordeiro por vós imolado, a água que vos purifica, a vossa
vida, a vossa ressurreição, a vossa luz, a vossa salvação, o vosso rei. Eu vos conduzirei para as
alturas, vos ressuscitarei e vos mostrarei o Pai que está nos céus; eu vos levantarei com a minha
mão direita”.


Da Homilia sobre a Páscoa, de Melitão, bispo de Sardes







domingo, 8 de abril de 2012

Domingo de Páscoa – Ano B 08/04/2012






Glória de Deus, vida do homem

A expressão acima é um resumo da frase de S. Irineu de Lyon: “a glória de Deus é o homem vivo e a vida do homem consiste em ver a Deus”. Vamos refletir nessas duas realidades nesse dia de festa e alegria, pois Cristo ressuscitou, aleluia!!!
Romano Guardini, famoso teólogo ítalo-alemão, afirmou no seu célebre livro “A essência do Cristianismo” que “Cristo fala não somente com palavras, mas com todo o seu ser. Tudo o que ele é, é revelação do Pai. Então é quando o conceito de revelação alcança toda a sua plenitude. O racionalismo, que tanto influenciou no pensamento cristão situa a essência da revelação no pensamento que se revela e na palavra que o expressa. A palavra que a boca fala não é, porém, mais que uma parte de uma palavra mais ampla, isto é, daquela palavra que consiste na plenitude do ser. Cristo é a palavra, inclusive quando “não abre a boca e quando não fala”. Toda a sua essência é palavra”.
Hoje, neste domingo de Páscoa, o Cristo glorioso manifesta de maneira excelente o seu ser e, desse modo, nos está revelando plenamente o poder do Pai nele e o quanto ele pode no Pai. Cristo se manifesta e a sua auto-manifestação é, para nós, e ao mesmo tempo revelação de Deus numa plenitude sem precedentes. Por outro lado, é também revelação da humanidade glorificada em Jesus na sua novidade mais radical.
Puxa vida, será que eu falei difícil? Vejamos: o Cristo ressuscitado manifesta, de maneira gloriosa, o poder de Deus em favor da humanidade. É Deus que irrompe mais uma vez neste mundo fazendo com que o corpo morto do Senhor passe, sem corromper-se, a um estado glorioso do qual participam todos os homens em Cristo. Deus, que veio revelando-se há séculos aos seres humanos e em favor deles, manifestou de maneira excelente qual era o fim das constantes preocupações de Deus pelo homem: o Senhor, no seu amor, o queria salvar. Essa salvação não é somente uma salvação temporal, dos males presentes. Trata-se de algo muito mais profundo: Deus desce até o abismo da morte, até o mais profundo das misérias humanas, para resgatá-lo e trazê-lo à vida. Como consequência desta profunda libertação vêm também as distintas libertações que redundam em bem de toda a sociedade temporal.
Contudo, a Ressurreição não é só a manifestação de Deus em favor do homem, mas também é a manifestação da glória à qual está chamada toda a natureza humana. O homem foi criado para a felicidade, para a imortalidade, para estar eternamente com Deus. Aquilo que o Concílio Vaticano II dissera de que só Cristo revela ao homem o que é o homem, se manifesta, de maneira plena, na glorificação de Jesus. Toda pessoa humana está chamada à plenitude de vida que Cristo manifesta em sua humanidade glorificada.
Dizíamos antes que a palavra é a plenitude do ser. Cristo, Palavra do Pai, é plenitude. Cada um de nós também está chamado a manifestar a plenitude do próprio ser em Cristo. Ser em outro poderia ser algo pobre; mas quando esse alguém no qual se é nada mais é que o próprio perfeito Deus e perfeito Homem, então ser em Cristo-Deus aparece como algo incomensuravelmente maior que ser em si mesmo e segundo os próprios critérios.
Afinal, quem pode fazer-se a si mesmo? É preciso começar a reconhecer essa verdade basilar: somo criaturas! Num segundo momento, precisamos dar-nos conta de outra verdade que enriquece toda a nossa vida: a nossa finalidade é a felicidade. Somos seres finalizados, destinados à bem-aventurança eterna, à felicidade sem fim. Ficaríamos verdadeiramente frustrados se não alcançássemos o fim para o qual somos feitos e para o qual nos propusemos.
Rezando hoje ao Todo-poderoso e Senhor Cristo Ressuscitado, nosso Deus e único Salvador, reafirmaremos também a nossa esperança nele e a nossa fé firmíssima de alcançar o fim para o qual ele nos criou. O dia de hoje foi feito para nós, para que exaltássemos o nosso Deus ressuscitado e contemplássemos nele a glória da nossa humanidade.
Vamos também felicitar Nossa Senhora com a oração que lhe dirigiremos durante todo o Tempo Pascal, o “Regina Coeli”:



V. Rainha do céu, alegrai-vos, aleluia.
R. Porque quem merecestes trazer em vosso seio, aleluia.
V. Ressuscitou como disse, aleluia.
R. Rogai a Deus por nós, aleluia..
V. Exultai e alegrai-vos, ó Virgem Maria, aleluia.
R. Porque o Senhor ressuscitou verdadeiramente , aleluia.

Oremos. Ó Deus, que vos dignastes alegrar o mundo com a Ressurreição do vosso Filho Jesus Cristo, Senhor Nosso, concedei-nos, vos suplicamos que por sua Mãe, a Virgem Maria, alcancemos as alegrias da vida eterna. Por Cristo, Senhor Nosso. Amém.

Feliz Páscoa!

Pe. Françoá Costa



sexta-feira, 6 de abril de 2012

Trido Pascal, Sabado santo 07/04/2012






O Cristo silenciado


Ontem Jesus morreu. Hoje é o dia do “silentium Magnum”, do grande silêncio porque o Rei dorme. Mas o seu dormir não é inatividade: a sua morte e descenso ao lugar dos mortos é a garantia do despertar de todos aqueles justos que estavam à espera do Cristo. Um autor de uma antiga homilia imagina a Jesus encontrando-se com Adão: “O Senhor entrou na região dos mortos com as armas vitoriosas da cruz. Adão, ao ver a Jesus Cristo, assombrado por tão grande acontecimento e dando-se golpes no peito, diz a todos: “o meu Senhor esteja convosco”. Cristo, respondendo, diz a Adão: “e com o teu espírito”. Depois, tomando-o pela mão, o levanta e diz: “Desperta, tu que dormes, levanta-te dentre os mortos e Cristo te iluminará. Eu sou o teu Deus, quem por tua causa fiz-me teu filho; por causa de ti, e por causa daqueles que nasceriam de ti é que eu digo, a todos aqueles que eram escravos, digo-o eu: levantai-vos!”
Sempre há esperança, ainda em meio ao silêncio imposto por forças hostis ao Evangelho: “levantai-vos!”, nos diz o Senhor. Há momentos nos quais também a Igreja parece estar calada. Como no caso do seu Senhor, o silêncio da Igreja não significa inatividade. Ontem fizemos a coleta em favor dos lugares santos. A Terra Santa é um desses lugares onde a Igreja parece estar no sábado santo do grande silêncio. Muitos cristãos viram-se obrigados a emigrar devido ao ambiente de hostilidade que há por lá. Sem dúvida, há situações piores que a de Israel. Das, aproximadamente, 6.972.688.217 pessoas que existem na Terra, apenas 2.640.000.000 são cristãos, sendo que uns 200 milhões sofrem perseguição. Mas Cristo passa em meio às dificuldades dos seus seguidores. Ele está presente e está falando às consciências quando tentam calar a voz dos seus discípulos. Nós, ao saber tais noticias, deveríamos sair da tibieza na qual vivemos o nosso discipulado para que o nosso fervor seja uma intercessão poderosa que suba aos céus em favor dos irmãos perseguidos por causa do Nome do Senhor Jesus.
Na China, bispos e sacerdotes da Igreja Católica, a que vive na clandestinidade, são presos por confessar a sua fé; os seminários estão no anonimato e se nega a liberdade religiosa através de um controle total sobre a vida social, cultural e religiosa no país. A Coréia do Norte declarou-se Estado ateu e não há liberdade religiosa; as manifestações religiosas podem terminar em detenções e envios aos campos de concentração. Há casos de violência contra os cristãos também na Indonésia e no Egito. Na Mauritânia, cuja única religião é o islamismo, está proibido a publicação e a divulgação de Bíblias.
Mas também na América há hostilidade à Igreja Católica. Quem já não ouviu falar das dificuldades que os bispos enfrentam ao pronunciar-se na Venezuela ou em Cuba? Na Bolívia existe uma atitude de desconfiança para com a Igreja Católica. Até no nosso querido Brasil, vários sacerdotes católicos foram assassinados.
Hoje a Igreja celebra a verdadeira morte de Cristo, separação entre corpo e alma, e a salvação de todos os justos que lhe antecederam. Esses são os mistérios do Sábado Santo. A Igreja acompanha silenciosamente essa obra de Cristo na espera da sua ressurreição. Jesus veio para salvar-nos e está levando a término essa obra. Hoje, no silêncio das nossas igrejas, das nossas residências, meditemos esse mistério. Pensemos também no valor do silêncio para a nossa vida espiritual. Temos que sentir necessidade desse espaço, dessa solidão acompanhada pelo Senhor Jesus na qual podemos expor as necessidades do espírito. Na sociedade moderna, cheia de barulho, é muito importante que nós saibamos encontrar esses momentos de silêncio para falar mais sossegadamente com Deus.
Cristo também desceu à região da morte que estava na nossa alma. Nós havíamos criado essa região tenebrosa com a escuridão dos nossos pecados. Tudo agora é luz! Depois daquela confissão bem feita e da participação piedosa nos mistérios de Cristo através das orações da Igreja, nós fomos libertados. Agora sim, escutaremos com alegria na Vigília Pascoal: “O Senhor esteja convosco”. Responderemos que verdadeiramente “Ele está no meio de nós”. Deus está em meio da Igreja, Jesus está na sua alma em graça. Procuremos escutar nesse Sábado Santo e descobriremos a presença silenciosa de Cristo que passa em todas as circunstâncias da nossa jornada, como outrora no Éden, e contemplaremos o “Senhor Deus que passeava no jardim, à hora da brisa da tarde” (Gn 3,8). E rezemos por todos aqueles que vivem no silêncio forçado da perseguição que é, ao mesmo tempo, uma força silenciosa para toda a Igreja.



Pe. Françoá Costa





Trido Pascal, Sexta feira Santa 06/04/2012







O poder do Sangue de Cristo


Queres conhecer o poder do sangue de Cristo? Voltemos às figuras que o profetizaram e recordemos a narrativa do Antigo Testamento: Imolai, disse Moisés, um cordeiro de um ano e marcai as portas com o seu sangue (cf. Ex 12,6-7). Que dizes, Moisés? O sangue de um cordeiro tem poder para libertar o homem dotado de razão? É claro que não, responde ele, não porque é sangue, mas por ser figura do sangue do Senhor. Se agora o inimigo, ao invés do sangue simbólico aspergido nas portas, vir brilhar nos lábios dos fiéis, portas do templo dedicado a Cristo, o sangue verdadeiro, fugirá ainda mais para longe.
Queres compreender mais profundamente o poder deste sangue? Repara de onde começou a correr e de que fonte brotou. Começou a brotar da própria cruz, e a sua origem foi o lado do Senhor. Estando Jesus já morto e ainda pregado na cruz, diz o evangelista, um soldado aproximou-se, feriu-lhe o lado com uma lança, e imediatamente saiu água e sangue: a água, como símbolo do batismo; o sangue, como símbolo da eucaristia. O soldado, traspassando-lhe o lado, abriu uma brecha na parede do templo santo, e eu, encontrando um enorme tesouro, alegro-me por ter achado riquezas extraordinárias. Assim aconteceu com este cordeiro. Os judeus mataram um cordeiro e eu recebi o fruto do sacrifício.
De seu lado saiu sangue e água (Jo 19,34). Não quero, querido ouvinte, que trates com superficialidade o segredo de tão grande mistério. Falta-me ainda explicar-te outro significado místico e profundo. Disse que esta água e este sangue são símbolos do batismo e da eucaristia. Foi destes sacramentos que nasceu a santa Igreja, pelo banho da regeneração e pela renovação no Espírito Santo, isto é, pelo batismo e pela eucaristia que brotaram do lado de Cristo. Pois Cristo formou a Igreja de seu lado traspassado, assim como do lado de Adão foi formada Eva, sua esposa.
Por esta razão, a Sagrada Escritura, falando do primeiro homem, usa a expressão osso dos meus ossos e carne da minha carne (Gn 2,23), que São Paulo refere, aludindo ao lado de Cristo. Pois assim como Deus formou a mulher do lado do homem, também Cristo, de seu lado, nos deu a água e o sangue para que surgisse a Igreja. E assim como Deus abriu o lado de Adão enquanto ele dormia, também Cristo nos deu a água e o sangue durante o sono de sua morte.
Vede como Cristo se uniu à sua esposa, vede com que alimento nos sacia. Do mesmo alimento nos faz nascer e nos nutre. Assim como a mulher, impulsionada pelo amor natural, alimenta com o próprio leite e o próprio sangue o filho que deu à luz, também Cristo alimenta sempre com o seu sangue aqueles a quem deu o novo nascimento.


Fonte: Das Catequeses de São João Crisóstomo





quinta-feira, 5 de abril de 2012

Trido Pascal – Quinta-feira Santa 05/04/2012


Lava - Pés


Observação: Com esta Celebração, a Igreja inicia o Santo Tríduo Pascal. O Primeiro Dia do Tríduo compreende a Quinta-feira à tarde (para os judeus, o dia inicia ao cair da tarde) e toda a Sexta-feira. Neste primeiro dia, celebramos a entrega amorosa de Cristo até a morte: na Cruz, de modo doloroso e, na Ceia, de modo sacramental.


“Antes da festa da Páscoa, sabendo Jesus que tinha chegado a sua hora de passar deste mundo para o Pai, tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até o fim”.
Esta é a tarde que faz memória da Ceia Pascal de Jesus. Aquilo que o Senhor realizou durante toda a vida e consumou na cruz – isto é, sua entrega de amor total ao Pai, por nós -, ele quis nos deixar nos gestos, nas palavras e nos símbolos da Ceia que celebrou com os seus. Naquela Mesa santa do Cenáculo, estava já presente, em símbolos e gestos, a entrega amorosa do Calvário. É isto que celebramos neste momento sagrado, momento de saudade, de aconchego e de despedida. Era em família que os judeus celebravam o Banquete pascal… Jesus celebrou com seus discípulos, conosco, sua família: “Tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até o fim,” até o extremo de entregar a vida, pois “não há maior prova de amor que entregar a vida pelos amigos” (Jo 15,13).
Hoje, neste final de tarde e início de noite, ele se fez nosso servo, ele lavou nossos pés, porque “não veio para ser servido, mas para servir e dar a vida em resgate por muitos” (Mc 10,45). Lavando os nossos pés, ele revelou de modo admirável seu desejo de nos servir dando a vida por nossa salvação.
Hoje, ele nos deu o novo mandamento: “Se eu, o Senhor e Mestre, vos lavei os pés, também vós deveis lavar os pés uns dos outros. Dei-vos o exemplo, para que façais a mesma coisa que eu fiz”. Assim fazendo, assim falando, o Senhor nos ordena, por amor a ele, a que nos sirvamos mutuamente, nos amemos mutuamente, nos aceitemos e perdoemos mutuamente, até dar a vida uns pelos outros. Eis nosso testamento, nossa riqueza e também nossa vergonha, porque tantas e tantíssimas vezes descumprimos o desejo do Senhor! Que contemplando o gesto do Senhor, hoje nos demos o perdão. Eu vos peço em nome de Cristo: reconciliai-vos em família, por amor de Cristo; reconciliai-vos na paróquia, nos grupos e movimentos de Igreja, por amor daquele que nos amou assim e nos deu o exemplo! Por Aquele que se deu a nós nesta tarde bendita, perdoemo-nos, acolhamo-nos, amemo-nos! É o único modo, caríssimos, de celebrarmos a Santa Páscoa no domingo próximo e de participarmos hoje desta Ceia bendita!
O Senhor – para que tenhamos a força de amar como ele, de confiar amorosamente no Pai como ele, de amar os irmãos como ele -, hoje, ele instituiu o Sacramento do amor, a Eucaristia. Hoje ele deixou-se ficar no Pão e no Vinho transfigurados pelo seu Espírito Santo, como sacramento do seu Corpo e Sangue, imolado e ressuscitado para ser nossa oferta ao Pai, nosso alimento no caminho e nosso penhor de ressurreição e vida eterna. Quanta gratidão, quanto reconhecimento, devem brotar do nosso coração! Seu Corpo por nós imolado, seu Sangue por nós derramado, Jesus por nós entregue – sacramento de um amor eterno, de uma entrega sem fim, de uma presença perene! Comungar hoje do Corpo e do Sangue do Senhor é não somente unir-se a ele, mas estar disposto a ir com ele até a cruz e a morte! Ah, irmãos, não façamos como Pedro, que prometeu, mas não cumpriu e negou o Senhor! “O cálice de bênção que abençoamos não é comunhão com o sangue de Cristo? O pão que partimos não é comunhão com o corpo de Cristo?” (1Cor 10,16). Que grande mistério, esta união de vida e de morte com o nosso Senhor pela Eucaristia! Não reneguemos na vida e nas ações aquele que hoje nos convida à sua mesa e conosco celebra a sua Páscoa!

Hoje, para presidir à Eucaristia e ser um sinal do Senhor, mestre e servidor, Cristo, na Ceia, instituiu o sacerdócio ministerial: aqueles que em seu nome e por sua ordem, deverão presidir à Celebração eucarística até que ele volte. Nesta tarde sagrada, rezemos pelo nosso Bispo e pelos nossos sacerdotes, para que sejam dignos de tão grande ministério e o exerçam como Cristo, que não veio para ser servido, mas para servir e dar a vida!
Irmãos e Irmãs caríssimos, guardemos no mais profundo do coração os mistérios desta Missa na Ceia do Senhor. Um amor tão grande, uma entrega tão total deve mover nosso coração, deve nos fazer sentir compungidos, desejosos de abrir nossa vida para o Cristo e realmente caminhar com ele. Tudo, nesta Celebração, respira amor, fala de amor: recordem o cordeiro imolado da primeira leitura – é o Cristo que por nós é imolado; pensem no pão sem fermento que partimos e no cálice da aliança que repartimos, na segunda leitura – é ainda o Cristo que se deixa ficar entre nós e em nós, como alimento e vida nova, plena do Espírito do Pai; recordem o Senhor inclinado, lavando-nos os pés, dando-nos a vida e dizendo a você e a Pedro: “Se eu não te lavar, não terás parte comigo”– é o Senhor na sua pura entrega de amor por nós!
Por favor, nestes dias, celebremos estes santos mistérios pascais com piedade, espírito de adoração profunda e profunda gratidão para com Aquele que por nós quis entregar-se às mãos dos malfeitores e sofrer o suplício da cruz. Não fiquemos indiferentes, não sejamos frios: tudo quanto celebraremos foi por nós que o Senhor instituiu e para nossa salvação que realizou! E que pela Páscoa deste 2012, ele se digne conduzir-nos à Páscoa eterna. Amém.

Ex 12,1-8.11-14

Sl 115
1Cor 11,23-26
Jo 13,1-15





D. Henrique Soares da Costa