segunda-feira, 14 de maio de 2012

6º Domingo da Páscoa 13/052012










Apóstolo e Evangelista São João tem uma das mais profundas e completas definições de Deus: “Deus é amor” (1 Jo 4,7-10).

Abre nossos olhos para a presença de Deus, sob dois aspectos: o amor que se revela na doação de Cristo por nós e o amor que devemos praticar para com os filhos de Deus, sendo que o primeiro é modelo e fundamento do segundo. Se Deus é o amor, o amor deve estar presente na vida dos filhos de Deus.
Em Jo 15, 9-17 Jesus mostra aos discípulos o caminho a percorrer: Testemunhar o amor de Deus no meio dos homens. Trata-se de um discurso de despedida, na última ceia. É o último discurso de Jesus, aos discípulos, antes de ser preso. São as últimas recomendações aos seus amigos, antes de partir.
Refere-se à relação de Jesus com os discípulos e à missão que os discípulos serão chamados a desempenhar no mundo. A relação do Pai com Jesus é modelo da relação de Jesus com os discípulos. O Pai amou Jesus e demonstrou-lhe sempre o seu amor; e Jesus correspondeu ao amor do Pai, cumprindo os seus mandamentos.
A certeza de que Deus nos ama é a raiz da alegria e do gozo cristão, mas ao mesmo tempo exige a nossa correspondência fiel, que deve traduzir-se num desejo fervoroso de cumprir a Vontade de Deus em tudo, isto é, os seus mandamentos, à imitação de Jesus Cristo que cumpriu a vontade do Pai (Jo 4,34).
Jesus insiste no mandamento novo (Jo 15, 12-15).
A amizade de Cristo com o cristão, que o Senhor manifesta de modo particular neste texto, foi posta em realce na pregação de São Josemaria Escrivá: “A vida do cristão que decide comportar-se de acordo com a grandeza de sua vocação converte-se num eco prolongado daquelas palavras do Senhor: já não vos chamo servos, pois o servo não sabe o que fez o seu senhor. Eu vos chamo amigos, porque vos dei a conhecer tudo o que ouvi de meu Pai (Jo 15,15).Estar pronto a seguir docilmente a vontade divina abre horizontes insuspeitados (…) não há nada melhor que saber que somos por amor escravos de Deus, porque perdemos a situação de escravos para nos tornarmos amigos , filhos” (Amigos de Deus, nº 35).
Filhos de Deus! Filiação e amizade são duas realidades inseparáveis para aqueles que amam a Deus. A Ele ocorremos como filhos, num diálogo que há de encher toda a nossa vida; e como amigos (…). Do mesmo modo, a filiação divina leva a que a abundância de vida interior se traduza em atos de apostolado, tal como a amizade com Deus leva a pormo-nos ao serviço de todos: temos de utilizar esses dons de Deus como instrumentos para ajudar os homens a descobrirem Cristo” (Amigos de Deus nº 258).
O mandamento do amor é a raiz de toda vida cristã.
“Já não vos chamo servos, mas amigos…”
Amigo é muito mais de que um servo, um colaborador, é um confidente, com o qual existe uma comunhão de vida, de planos e ideais.
“Não fostes vós que me escolhestes, mas fui eu que vos escolhi”.
Três idéias estão contidas nestas palavras do Senhor! Uma, que o chamamento aos Apóstolos e também a todo o cristão não provém de bons desejos, mas da escolha gratuita de Cristo. Não foram os Apóstolos que escolheram o Senhor como Mestre, segundo o costume judaico de escolher para si um rabino, mas foi Cristo quem os escolheu. A segunda ideia é que a missão dos Apóstolos e de todo o cristão consiste em seguir Cristo, buscar a santidade e contribuir para a propagação do Evangelho. O terceiro ensinamento refere-se à eficácia da súplica feita em nome de Cristo; por isso a Igreja costuma terminar as orações da Liturgia com a invocação “por Jesus Cristo Nosso Senhor”.
As três ideias assinaladas unem-se harmonicamente: a oração é necessária para que a vida cristã seja fecunda, pois é Deus quem dá o incremento ( 1 Cor 3,7); e a obrigação de buscar a santidade e exercer o apostolado deriva de que é o próprio Cristo quem nos chamou a realizar esta missão.
“Eu vos escolhi e vos designei para irdes e para que produzais fruto e o vosso fruto permaneça”(Jo 15,16). Jesus nos convida a permanecermos no amor. Aqui reside a identidade dos discípulos de Jesus… O Amor é a base e o fundamento do cristão. O Amor fundado em Cristo dá aquela fecundidade apostólica, que Jesus espera dos seus discípulos. Só quem vive no amor pode levar ao mundo o fruto precioso do Amor.
Demos graças a Deus porque Deus nos amou primeiro e continua derramando o seu Espírito sobre nós para fazermos de nossa vida uma resposta de amor ao amor de Deus. Deus abençoe todas as Mães! Elas sabem viver e são um belo testemunho do Amor de Deus.


Mons. José Maria Pereira





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