sábado, 31 de dezembro de 2011

A Maternidade de Maria! Dia Mundial da Paz e Fraternidade Universal











Neste dia, a liturgia coloca-nos diante de evocações diversas, ainda que todas importantes. Celebra-se, em primeiro lugar, a Solenidade de Santa Maria, Mãe de Deus: somos convidados a contemplar a figura de Maria, aquela mulher que, com o seu “sim” ao projeto de Deus, nos ofereceu Jesus, o nosso libertador. Celebra-se, em segundo lugar, o Dia Mundial da Paz: em 1968, o Papa Paulo VI propôs aos homens de boa vontade que, neste dia, se rezasse pela paz no mundo. Celebra-se, finalmente, o primeiro dia do ano civil: é o início de uma caminhada percorrida de mãos dadas com esse Deus que nos ama, que em cada dia nos cumula da sua bênção e nos oferece a vida em plenitude. As leituras que hoje nos são propostas exploram, portanto, estas diversas coordenadas. Elas evocam esta multiplicidade de temas e de celebrações.

Na primeira leitura (Nm 6,22-27), sublinha-se a dimensão da presença contínua de Deus na nossa caminhada e recorda-se que a sua bênção nos proporciona a vida em plenitude. “24‘O Senhor te abençoe e te guarde! 25O Senhor faça brilhar sobre ti a sua face, e se compadeça de ti! 26O Senhor volte para ti o seu rosto e te dê a paz!’... 6E, porque sois filhos, Deus enviou aos nossos corações o Espírito do seu Filho, que clama: Abá — ó Pai!”
Na segunda leitura (Gl 4,4-7), a liturgia evoca, outra vez, o amor de Deus, que enviou o seu Filho ao encontro dos homens para os libertar da escravidão da Lei e para os tornar seus “filhos”. É nessa situação privilegiada de “filhos” livres e amados que podemos dirigir-nos a Deus e chamar-lhe “abbá” (“papá”). “4Quando se completou o tempo previsto, Deus enviou o seu Filho, nascido de uma mulher...”
O Evangelho (Lc 2,16-21) mostra como a chegada do projeco libertador de Deus (que se tornou realidade plena no nosso mundo através de Jesus) provoca alegria e felicidade naqueles que não têm outra possibilidade de acesso à salvação: os pobres e os marginalizados. Convida-nos também a louvar a Deus pelo seu amor e a testemunhar o desígnio libertador de Deus no meio dos homens. “19Quanto a Maria, guardava todos esses fatos e meditava sobre eles em seu coração.”
Maria, a mulher que proporcionou o nosso encontro com Jesus, é o modelo do crente que é sensível aos projetos de Deus, que sabe ler os seus sinais na história, que aceita acolher a proposta de Deus no coração e que colabora com Deus na concretização do projeto divino de salvação para o mundo.
A Maternidade de Maria!
Dia Mundial da Paz e Fraternidade Universal
Hoje damos nosso primeiro passo neste novo Ano. Somos guiados pela mão de Maria, Mãe de Deus e nossa Mãe. Que Ela nos conduza pelos caminhos de seu Filho bendito, na construção da Paz e da Fraternidade Universal. Com a proteção dessa Mãe querida, que todos tenhamos um abençoado Ano Novo, em que possamos viver, conviver e amar, assim como somos amados por Deus.

sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Sagrada Familia 30/12/2011










Depois de contemplarmos o presépio vivendo ainda a oitava do Santo Natal a Igreja, peregrina e santa, nos convida a refletir sobre a realidade da família de Deus, que é a realidade de nossas famílias da terra.
A Sagrada Família passou por alegrias, dificuldades e também por grandes sofrimentos. Após o episódio do Templo, em que aparece no meio dos doutores da lei, os pais de Jesus reconheceram a sua missão específica. Eles não põem nenhuma objeção à vontade do Pai. Nesta família reinou a caridade e a ajuda entre todos, a chamada ajuda mútua, os elementos fundamentais da vivência familiar.
Porque celebrar a família de Deus? Tudo isso para sublinhar que Jesus teve um ambiente histórico e social. Ele teve necessidade de afeto e de cuidados como qualquer outra criança. Isso tudo ilumina nosso itinerário cristão para que os cristãos mirem na Sagrada Família para que, seguindo seus exemplos, possamos crer no Filho de Deus, o Cristo Redentor da Humanidade. A Sagrada Família foi uma família do cotidiano. Foi uma família de pessoas normais. Jesus assume a profissão de seu pai votivo, São José, e faz desta profissão o sustento de sua família. Uma profissão é, verdade, que fica bem em Jesus, porque ela lembra construção, e Cristo será o construtor do Reino de Deus entre os homens, neste vale de lágrimas. Construtor de nossas caminhadas re-criando e aperfeiçoando as coisas, o mundo e, particularmente, as pessoas. Como era a família de Jesus? Certamente como toda família de hebreus, alicerçada sob a fé, profunda fé, observando as leis da antiga aliança, pautando a sua vida pelos valores propostos pelos profetas, pelos livros sapienciais e pelas Leis de Moisés. Os pais de Jesus, Maria e José, eram homens profundamente tementes a Deus, abertos completamente a misericórdia de Deus Pai, tendo educado seus filhos na Lei e na constância do Senhor da Vida. Uma família simples, pobre, que viveu a normalidade do tempo de antanho. Contingenciados pela ocupação romana, sendo obrigados a recolherem impostos elevadíssimos viviam uma vida difícil como todos os seus contemporâneos.
E como era a vida do jovem Jesus? Jesus foi levado ao templo no seu 12o. ano. Isso significa que foi antecipado em um ano a sua peregrinação. Mas a simbologia é rica: Jesus vai aos 12 anos ao Templo para demonstrar que vai passar a sua vida voltada para as coisas de Deus. Jesus vai viver uma missão que lhe foi confiada pelo Pai. Não vai viver em benefício do Templo Edifício, mas vai reerguer o próprio Templo, no terceiro dia, com a sua Ressurreição Gloriosa.
Jesus está diante dos doutores para ser submetido a um exame de seus conhecimentos da Lei de Deus. Exame que poderia ser feita na sinagoga de sua cidade ou no Templo de Jerusalém. O Evangelista faz com que Jesus vá espontaneamente ao exame no Templo. Porque espontaneamente? Para demonstrar que ele assume a nossa humanidade e morre na Cruz pela nossa salvação com grande gratuidade e imensa generosidade, profunda espontaneidade.
O Evangelista faz com que os doutores admirem a sabedoria de Jesus. Mas não poderia ser diferente, afinal Jesus é a promessa, é o santo dos santos, é a cepa de Jessé.
Maria e José procuravam com sofreguidão por Jesus: aqui está a humanidade da sagrada família que sofre e quer proteger o seu Filho. Este gesto demonstra bem o fio condutor do novo Testamento: a criatura humana é um ser à procura de Deus, que parece estar despreocupado conosco. Todos temos essa experiência. Se Maria e José, que conviviam fisicamente com ele, devem sair à sua procura, quanto mais os que como nós só podem viver com ele pela fé.
Mas, depois do desencontro, Jesus volta com seus pais para a sua casa. A obediência de Jesus é maior do que a obediência ao pai e a mãe terrenos; ela se prende à vontade do Pai do Céu.
Em momento nenhum o Evangelista fala em menino prodígio para Jesus, mas um menino comum, como seus colegas no seu tempo. Apesar da sabedoria demonstrada por Jesus no templo São Lucas exorta: “Jesus crescia em sabedoria, idade e graça diante de Deus e diante dos homens”. Por isso a festa de hoje nos vem lembrar que Jesus, podendo ter escolhido outros caminhos para a sua encarnação, escolheu a via natural da família como ponto de partida para criar a nova Família de Deus entre os homens e a mulher neste vale de peregrinação. Que a Sagrada Família, Jesus, Maria e José abençõe as nossas famílias. Amém!

Fonte: Padre Wagner Augusto

Portugal

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011









Ainda não falam e já confessam a Cristo

Nasceu o grande Rei, como um menino pequeno. Os Magos são atraídos de longes terras; vêm para adorar Aquele que ainda está no presépio, mas já reina no Céu e na terra. Quando os Magos anunciam que nasceu o Rei, Herodes perturba-se e, para não perder o reino, decide matar o recém-nascido; e, no entanto, se tivesse acreditado n’Ele, poderia reinar tranquilo na terra e para sempre na outra vida.
Que temes, Herodes, ao ouvir dizer que nasceu o Rei? Ele não veio para te destronar, mas para vencer o demónio. Tu, porém, não o compreendes; e por isso te perturbas e te enfureces, e, para que não escape aquele único Menino que buscas, te convertes em cruel assassino de tantas crianças.
Nem as lágrimas das mães nem o lamento dos pais pela morte de seus filhos, nem os gritos e gemidos das crianças te comovem. Matas o corpo das crianças, porque o temor te matou o coração; julgas que, se conseguires o teu propósito, poderás viver muito tempo, quando precisamente queres matar a própria Vida. Aquele que é a fonte da graça, que é pequeno e grande ao mesmo tempo, e que jaz no presépio, aterroriza o teu trono; por meio de ti, e sem que tu o saibas, realiza os seus desígnios e liberta as almas do cativeiro do demónio. Recebeu como filhos adoptivos os filhos dos que eram seus inimigos.
As crianças, sem o saberem, morrem por Cristo; os pais choram os mártires que morrem. Àqueles que ainda não podiam falar, Cristo os faz suas dignas testemunhas. Eis como reina Aquele que veio para reinar. Eis como já começa a conceder a liberdade Aquele que veio para libertar, e a dar a salvação Aquele que veio para salvar. Mas tu, Herodes, ignorando tudo isto, perturbas-te e enfureces-te; e enquanto te enfureces contra aquele Menino, já estás a prestar-Lhe, sem o saberes, a tua homenagem.
Maravilhoso dom da graça! Que méritos tinham aquelas crianças para obterem tal triunfo? Ainda não falam e já confessam a Cristo. Ainda não podem mover os seus membros para travar batalha e já alcançam a palma da vitória.

Sermão de São Quodvultdeus, bispo





São João Evangelista 27/12/2011








Um dos 12 apóstolos de Cristo e nascido em Batsaida, na Galiléia, autor do quarto evangelho e conhecido como o discípulo que Jesus amava foi o único apóstolo que acompanhou Cristo até a morte na cruz, ao lado de Nossa Senhora, ocasião em que lhe foi confiada a tarefa de cuidar de Maria, a mãe de Jesus. Pescador e filho do também pescador Zebedeu e de Salomé, uma das mulheres que auxiliavam os discípulos de Jesus, juntamente com o irmão mais velho, Tiago o Maior, foi convidado a seguir Jesus, logo depois de Pedro e André. Um dos mais jovens apóstolos de Cristo, ele e seu irmão, juntamente com Pedro e André, foram os discípulos privilegiados e participaram do círculo mais íntimo junto a Jesus. Presenciaram a ressurreição da filha de Jairo, a transfiguração de Jesus na montanha e sua angústia no Getsêmani. Os dois foram os únicos apóstolos que ousaram pedir a Cristo que lhes fosse dado sentar um à direita, outro à esquerda. Da resposta de Jesus "do cálice que eu beber, vós bebereis" deriva a suposição de que os dois se distinguiriam dos demais pelo martírio. (São João Batista único que não sofreu o martírio), conta-se que jogaram-no num tacho de óleo fervente e saiu ileso. Esteve em Jerusalém (37) e depois por ocasião do Concílio dos Apóstolos, que se realizou em Antióquia. Após as perseguições sofridas em Jerusalém, transferiu-se com Pedro para a Samaria, onde desenvolveu uma intensa evangelização (8,14-15). Mudou-se para Éfeso (67), onde viveu o resto de sua vida, morreu e foi sepultado. A partir dessa cidade, dirigiu muitas Igrejas da província da Ásia e também ali escreveu (80-100) o Quarto Evangelho, o último dos Evangelhos canônicos, e as Epístolas, três cartas aos cristãos em geral. De acordo com os Atos dos Apóstolos, quando acompanhou Pedro na catequese dos Samaritanos, com ele foi convencido por Paulo a desistir da imposição de práticas judaicas aos neófitos cristãos. Durante o governo de Domiciano (81-96), foi exilado (93-97) na ilha de Patmos, no mar Egeu, onde escreveu o Livro do Apocalipse ou Revelação, que é o derradeiro livro da Bíblia, onde narrou as suas visões e descreveu mistérios, predizendo as tribulações da Igreja e o seu triunfo final. O seu evangelho difere dos outros três que são chamados sinóticos ou semelhantes, pois a sua narrativa enfoca mais o aspecto espiritual de Jesus, ou seja, a vida e a obra do Mestre com base no mistério da encarnação: o verbo feito carne e veio dar a vida aos homens. É o homem da elevação espiritual, mais inclinado à contemplação que à ação. De acordo com Clemente de Alexandria, ordenou bispos em Éfesos e outras províncias da Ásia Menor. Ireneus afirmou que os Bispos Polycarpo e Papias foram seus discípulos. Os primeiros fragmentos dos escritos Joanitas foram encontrados em papiros no Egito datando de princípios do segundo século, e muitas escolas acreditam que ele tenha visitado estas áreas. Aparece representado por Michelângelo na cúpula da Basílica São Pedro, em Roma, pela imagem da águia.



segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Santo Estevão 27/12/2011










Nos capítulos 6 e 7 dos Atos dos Apóstolos encontramos um longo relato sobre o martírio de Estêvão, que é um dos sete primeiros Diáconos nomeados e ordenados pelos Apóstolos. Santo Estêvão é chamado de Protomártir, ou seja, ele foi o primeiro mártir de toda a história católica. O seu martírio ocorreu entre o ano 31 e 36 da era cristã. Eis a descrição, tirada do livro dos Atos dos Apóstolos: "Estêvão, porém, cheio de graça e poder, fazia prodígios e grandes sinais entre o povo. Levantaram-se então alguns da sinagoga, chamados dos Libertos e dos Cirenenses e dos Alexandrinos, e dos da Cicília e da Ásia e começaram a discutir com Estêvão, e não puderam resistir à sabedoria e ao Espírito com que ele falava. Subornaram então alguns homens que disseram: 'Ouvimo-lo proferir palavras blasfematórias contra Moisés e contra Deus'. E amotinaram o povo e os Anciãos e Escribas e apoderaram-se dele e conduziram-no ao Sinédrio; e apresentaram falsas testemunhas que disseram: 'Este homem não cessa de proferir palavras contra o Lugar Santo e contra a Lei; pois, ouvimo-lo dizer que Jesus, o Nazareno, destruirá este Lugar e mudará os usos que Moisés nos legou'. E todos os que estavam sentados no Sinédrio, tendo fixado os olhares sobre ele, viram o seu rosto como o rosto de um anjo". Num longo discurso, Estêvão evoca a história do povo de Israel, terminando com esta veemente apóstrofe:
"'Homens de cerviz dura, incircuncisos de coração e de ouvidos, resistis sempre ao Espírito Santo, vós sois como os vossos pais. Qual dos profetas não perseguiram os vossos pais, e mataram os que prediziam a vinda do Justo que vós agora traístes e assassinastes? Vós que recebestes a Lei promulgada pelo ministério dos anjos e não a guardastes'. Ao ouvirem estas palavras, exasperaram-se nos seus corações e rangiam os dentes contra ele. Mas ele, cheio do Espírito Santo, tendo os olhos fixos no céu, viu a glória de Deus e Jesus que estava à direita de Deus e disse: 'Vejo os céus abertos e o Filho do homem que está à direita de Deus'. E levantando um grande clamor, fecharam os olhos e, em conjunto, lançaram-se contra ele. E lançaram-no fora da cidade e apedrejaram-no. E as testemunhas depuseram os seus mantos aos pés de um jovem, chamado Saulo. E apedrejavam Estêvão que invocava Deus e dizia: 'Senhor Jesus, recebe o meu espírito'. Depois, tendo posto os joelhos em terra, gritou em voz alta: 'Senhor, não lhes contes este pecado'. E dizendo isto, adormeceu".



Santo Estêvão, rogai por nós!

sábado, 24 de dezembro de 2011

É Natal







Desperta, ó homem: por tua causa Deus se fez homem. Desperta, tu que dormes, levanta-te dentre os mortos e sobre ti Cristo resplandecerá (Ef 5,14). Por tua causa, repito, Deus se fez homem.
Estarias morto para sempre, se ele não tivesse nascido no tempo.
Jamais te libertarias da carne do pecado, se ele não tivesse assumido uma carne semelhante à do pecado. Estarias condenado a uma eterna miséria, se não te socorresse.
 Estarias perdido, se ele não viesse salvar-te.
Celebremos com alegria a vinda da nossa salvação e redenção. Celebremos este dia de festa, em que o grande e eterno Dia, gerado pelo Dia grande e eterno,
 veio a este nosso dia temporal e tão breve.
Ele se tornou pra nós justiça, santificação e libertação, para que, como está escrito, “quem se gloria, glorie-se no Senhor” (1 Cor 1, 30-31).
A verdade brotará da terra (Jo 14,6), nasceu da Virgem. E a justiça olhou do alto do céu (cf. Sl 84,12), porque o homem, crendo naquele que nasceu, é justificado não por si mesmo, mas por Deus.
A verdade brotou da terra porque o Verbo se fez carne (Jo 1,14).
 E a justiça olhou do alto do céu porque todo o dom precioso e toda a dádiva perfeita vêm do alto (Tg 1,17). A verdade brotou da terra, isto é, da carne de Maria.
 E a justiça olhou do alto céu porque o homem não pode receber coisa alguma, se não lhe for dada do céu (Jo 3, 27).
Justificados pela fé, estamos em paz com Deus (Rm 5,1) porque a justiça e a paz de beijaram (cf. Sl 84,11) por intermédio de nosso Senhor Jesus Cristo, pois a verdade brotou da terra. Por ele tivemos acesso, pela fé, a esta graça na qual estamos firmes e nos gloriamos, na esperança da glória de Deus (Rm 5,2). Não disse “de nossa glória”, mas da glória de Deus, porque a justiça não procede de nós, mas olha do alto do céu. Portanto, quem se gloria não se glorie em si mesmo, mas no Senhor.
Eis por que, quando o Senhor nasceu da Virgem, os anjos cantaram: Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens de boa vontade (Lc 2,14 Vulgata).
Como veio a paz à terra senão por ter a verdade brotado da terra, isto é, Cristo ter nascido em carne humana? Ele é a nossa paz; de dois povos fez um só (cf. Ef 2,14), para que fôssemos homens de boa vontade, unidos uns aos outros pelo suave vínculo da caridade.
Alegremo-nos com esta graça, para que nossa glória seja o testemunho da nossa consciência, e assim nos gloriarmos, não em nós mesmos, mas no Senhor. Por isso disse o Salmista: Vós sois a minha glória que levanta a minha cabeça (Sl 3,4). Na verdade, que graça maior Deus poderia nos conceder do que, tendo um único Filho, fazê-lo Filho do homem e reciprocamente fazer os filhos dos homens serem filhos de Deus?
Procurai o mérito, procurai a causa, procurai a justiça; e vede se encontrareis outra coisa que não seja a graça de Deus.


Fonte: Santo Agostinho de Hipona, bispo e doutor da Igreja, Patrística Latina, Século Vcompartilhar essa página


segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

“Levanta-te, apressa-te, abre!” 18/12/2011





A anunciação do nascimento de Jesus, situada em Nazaré, uma pequena aldeia, revela o plano da salvação de Deus em favor do povo oprimido. Maria, comprometida com José mediante um contrato matrimonial que durava por volta de um ano, espera a manifestação de Deus com uma fé ativa. As palavras da saudação expressam a alegria pela realização plena das profecias messiânicas (Is 12,6; Sf 3,14-20). Jesus é o Senhor, o Emanuel, a presença viva e operante de Deus no meio do seu povo (Is 7,14; Ex 3,12- 14). O menino recebe o nome de Jesus, que significa: o Senhor é salvação e será grande, sendo chamado Filho do Altíssimo. Ele reinará para sempre, realizando a promessa de Deus à casa de Davi, representada por José. Deus, que manifesta sua presença na história através de sinais, como o da nuvem luminosa (Ex 40,35 e Nm 9,18-22), plenifica Maria com seu Espírito, cobrindo-a com o poder de sua sombra. A 1ª leitura ressalta a gratuidade do favor divino que estabelece Davi como rei e constrói uma casa, uma dinastia perene. A promessa de um reino estável para sempre, a esperança messiânica de restauração total realiza-se plenamente em Cristo Salvador, descendente de Davi. O/a salmista canta eternamente a bondade e a fidelidade do Senhor à sua aliança. Na 2ª leitura, Deus manifesta a salvação à humanidade através da obra redentora de Cristo. A encarnação precisou do “sim” da Virgem Maria. Só desta forma se dá realmente a união entre o céu e a terra, entre Deus e o homem. O “mundo” no qual Deus se faz carne é o coração aberto, que livremente acolhe a sua vontade.
Se quisermos que a “sombra do altíssimo” nos cubra com a sua presença precisamos nos colocar inteiramente à disposição de Deus.“Olha, o Desejado de todos os povos está lá fora, batendo à porta. Ai! Se se retirasse porque hesitas… Levanta-te, apressa-te, abre! Levanta-te graças à fé, apressa-te graças à tua dedicação, abre graças ao teu consentimento”
 (São Bernardo de Claraval, Hom. IV 8).


Fonte: Internet

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

A Virgem de Guadalupe 12/12/2011





A voz da rola se escuta em nossa terra

Num sábado de mil e quinhentos e trinta e um, perto do mês de dezembro,
um índio de nome Juan Diego, mal raiava a madrugada, ia do seu povoado a
Tlatelolco, para participar do culto divino e escutar os mandamentos de Deus.
Já amanhecia, quando chegou ao cerrito chamado Tepeyac e escutou que do
alto o chamavam:
Juanito! Juan Dieguito!
Subiu até o cimo e viu uma senhora de sobre-humana grandeza, cujo vestido
brilhava como o sol, e que, com voz muito branda e suave, lhe disse:
Juanito, menor dos meus filhos, fica sabendo que sou Maria sempre Virgem,
Mãe do verdadeiro Deus, por quem vivemos. Desejo muito que se erga aqui
um templo para mim, onde mostrarei e prodigalizarei todo o meu amor,
compaixão, auxílio e proteção a todos os moradores desta terra e também
a outros devotos que me invoquem confiantes. Vai ao Bispo do México e
manifesta-lhe o que tanto desejo. Vai e põe nisto todo o teu empenho.
Chegando Juan Diego à presença do Bispo Dom Frei Juan de Zumárraga,
frade de São Francisco, este pareceu não dar crédito e respondeu:
Vem outro dia, e te ouvirei com mais calma.
Juan Diego voltou ao cimo do cerro, onde a Senhora do céu o esperava, e lhe disse:
Senhora, menorzinha de minhas filhas, minha menina, expus a tua mensagem
ao Bispo, mas parece que não acreditou. Assim, rogo-te que encarregues alguém
mais importante de levar tua mensagem com mais crédito, porque não passo deum joão-ninguém. Ela respondeu-lhe: Menor dos meus filhos, rogo-te encarecidamente que tornes a procurar o Bispo
Amanhã dizendo-lhe que eu própria, Maria sempre Virgem, Mãe de Deus, é que te envio.
Porém no dia seguinte, domingo, o Bispo de novo não lhe deu crédito e disse ser Indispensável algum sinal para poder-se acreditar que era Nossa Senhora mesma que o enviara. E o despediu sem mais aquela.
Segunda feira, Juan Diego não voltou. Seu tio Juan Bernardino adoecera gravemente e à noite pediu-lhe que fosse a Tlatelolco de madrugada, para chamar um sacerdote que o ouvisse em confissão.
Juan Diego saiu na terça-feira, contornando o cerro e passando pelo outro lado,
em direção ao Oriente, para chegar logo à Cidade do México, a fim de que
Nossa Senhora não o detivesse. Porém ela veio a seu encontro e lhe disse: Ouve e entende bem uma coisa, tu que és o menorzinho dos meus filhos: o que agora te assusta e aflige não é nada. Não se perturbe o teu coração nem te inquiete coisa alguma. Não estou aqui, eu, tua mãe? Não estás sob a minha sombra? Não estás porventura sob a minha proteção? Não te aflija a doença do teu tio. Fica sabendo que ele já sarou. Sobe agora, meu filho, ao cimo do cerro, onde acharás um punhado de flores que deves colher e trazer-mo. Quando Juan Diego chegou ao cimo, ficou assombrado com a quantidade debelas rosas de Castela que ali haviam brotado em pleno inverno; envolvendo-as em sua manta, levou-as para Nossa Senhora. Ela lhe disse: Meu filho, eis a prova, o sinal que apresentarás ao Bispo, para que nele veja a minha vontade.
Tu é o meu embaixador, digno de toda a confiança. Juan Diego pôs-se a caminho, agora contente e confiante em sair-se bem de sua missão.
 Ao chegar à presença do Bispo, lhe disse:
Senhor, fiz o que me ordenaste. Nossa senhora consentiu em atender o teu pedido. Despachou-me ao cimo do cerro, para colher ali várias rosas de Castela, trazê-las a ti, entregando-as pessoalmente. Assim o faço, para que reconheças o sinal que pediste e assim cumpras a sua vontade. Ei-las aqui: recebe-as.
Desdobrou em seguida a sua branca manta. À medida em que as várias rosas de Castela espalhavam-se pelo chão desenhava-se no pano e aparecia de repente a preciosa imagem de Maria sempre Virgem, Mãe de Deus, como até hoje se conserva no seu templo de Tepeyac.
A cidade inteira, em tumulto, vinha ver e admirar a
sua santa imagem e dirigir-lhe suas preces.
Obedecendo à ordem que a própria Nossa Senhora dera ao tio Juan Bernardino, quando devolveu-lhe a saúde, ficou sendo chamada como ela queria:
 "Santa Maria sempre Virgem de Guadalupe".



Fonte: Liturgia das Horas






sábado, 10 de dezembro de 2011

3º Domingo dop Advento (Gaudete) Alegria






Alegrai-vos! Alegrai-vos sempre no Senhor, incessantemente. Deus vem para a alegria dos pobres. Estamos na metade do tempo do Advento, este bonito tempo de espera, de vigilância e de mudança de vida em que a Santa Igreja Católica nos convida a abrir os nossos corações para a vinda iminente do Filho de Deus. O Senhor está no meio de nós, por isso a Liturgia de hoje exulta: “Alegrai-vos, o Senhor está próximo”. Todos nós somos convidados a examinar nosso relacionamento com Deus, afastando-nos do espírito do mal e nos aproximando do espírito de Deus, o espírito do bem e da paz, conservando a santidade de vida e de estado, Neste terceiro Domingo do Advento vemos que João Batista desempenha um papel fundamental no plano salvífico de Deus. Ele rejeita qualquer título messiânico, Cristo, Elias, ou "o profeta". João inaugura o batismo, que está na origem do sacramento de iniciação de nossa vida cristã. É o batismo da conversão à prática da justiça pela qual os pecados são removidos. Seu anúncio, a partir do deserto, entra em choque frontal com o Templo de Jerusalém. Era neste que, segundo a Lei, se purificavam os pecados mediante os rituais preceituados, com ofertas e sacrifícios de animais.

Com o seu batismo e seu anúncio João cumpre sua missão de "endireitar o caminho para o Senhor". Ele deixa a expectativa quanto à chegada de alguém que está entre nós e nós não o conhecemos, o qual superará o próprio João.
Assim, vemos que o evangelista João, neste seu texto, identifica o local onde João Batista batizava. Esse local era em Betânia, um território da Peréia, diferente de Betânia próxima a Jerusalém, onde moravam Marta, Maria e Lázaro.
A expressão "do outro lado do Jordão" indica o caráter gentílico desta região. O batismo de João tinha características originais e sua proclamação foi tão marcante que lhe mereceu o epíteto de "o Batista".
Atraídas por sua mensagem, acorriam a João multidões vindas tanto do mundo gentílico como da Judéia e da própria capital, Jerusalém. Isto abalava a estabilidade, o prestígio e os interesses das elites religiosas de Jerusalém, pois seus fieis estavam em massa indo atrás de João Batista, abandonando os rendosos rituais do Templo. Assim a cúpula central do poder teocrático envia inquisidores, sacerdotes e levitas, para auscultarem João. Mais tarde também esta mesma cúpula enviará outros inquisidores à Galiléia para espreitarem Jesus (Mc 7,1).
Respondendo às perguntas dos que o questionavam, João rejeita qualquer messianismo. Identifica-se como cumpridor da profecia de Isaías em preparar o caminho do Senhor. O seu batismo com água terá sua plenitude com aquele que vem depois dele. "Mas entre vós está alguém que vós não conheceis...". João o identificará como o que batiza com o Espírito Santo.
Deus, ao enviar seu Filho concebido de Maria, eleva a humanidade à condição divina. Nascido de Maria, Jesus de Nazaré, junto de sua família, antes de iniciar seu ministério, permanece cerca de trinta anos entre homens e mulheres de seu tempo, os quais não reconheceram sua condição divina.
Dando continuidade e pleno sentido ao anúncio de João, Jesus, no início de seu ministério se apresentará como aquele que é portador do Espírito, e que anuncia a boa nova aos pobres e vem libertar os oprimidos, fazendo brotar a justiça – por favor, retomem a primeira leitura. Porém, na segunda leitura, veremos que é o Espírito da paz, que nos traz alegria e nos move à oração e ao amor para com nossos irmãos, em contínua ação de graças.
Desta forma, para nós cristãos, o Advento é o tempo de apurarmos nossa fé em reconhecer o Filho de Deus em Jesus, presente entre nós e em nosso próximo, hoje e sempre, comunicando-nos sua vida divina e eterna pelo amor.



Oração

Senhor Jesus, como João Batista, desejo colocar-me totalmente a teu serviço, dando ao mundo o testemunho de tua luz.


Fonte: Internet

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Imaculada Conceição de Maria 8/12/2011








Imaculada Conceição

Reza o dogma católico que a Bem-aventurada Virgem Maria, desde o primeiro instante de sua conceição, foi preservada da nódoa do pecado original, por privilégio único de Deus e aplicação dos merecimentos de seu divino Filho. O dogma abrange dois pontos importantes: a) O primeiro é ter sido a Santíssima Virgem preservada da mancha original desde o princípio de sua conceição. Deus aboliu para ela a lei de propagação do pecado original na raça de Adão; ou por outra, Maria foi cumulada, ainda no começo da vida, com os dons da graça santificante. b) No segundo, vê-se que tal privilégio não era devido por direito. Foi concedido na previsão dos merecimentos de Jesus Cristo.
O que valeu a Maria este favor peculiar foram os benefícios da Redenção, na previsão dos méritos de Jesus Cristo, que já existiam nos eternos desígnios de Deus. Na Liturgia dos etíopes, de autor desconhecido, mas cuja composição data do primeiro século, encontramos diversas menções explícitas da Imaculada Conceição. Umas das suas orações começa nestes termos: Alegrai-vos, Rainha, verdadeiramente Imaculada, alegrai-vos, glória de nossos pais. Mais adiante, é pela intercessão da Imaculada Virgem Maria que o Sacerdote invoca a Deus em favor dos fiéis: "Pelas preces e a intercessão que faz em nosso favor Nossa Senhora, a Santa e Imaculada Virgem Maria.".
Terminamos o primeiro século com as palavras de Santo André, apóstolo, expondo a doutrina cristã ao procônsul Egeu, passagem que figura nas atas do martírio do mesmo santo, e data do primeiro século: "Tendo sido o primeiro homem formado de uma terra imaculada, era necessário que o homem perfeito nascesse de uma Virgem igualmente imaculada, para que o Filho de Deus, que antes formara o homem, reparasse a vida eterna que os homens tinham perdido" (Cartas dos Padres de Acaia).
A doutrina da Imaculada Conceição era, pois, conhecida no primeiro século e por todos admitida. A esse respeito, nenhuma contradição se levantou na primitiva Igreja. No século segundo, os escritos dos Santos Padres falam da Imaculada Conceição como um fato indiscutível. Entre os escritores e oradores deste século, contamos: S. Jusitino, apologista e mártir; Tertuliano e Santo Irineu.
No terceiro século, existem também textos claros em defesa da Imaculada Conceição. mas em menor quantidade. Santo Hipólito, bispo de Porto e mártir, escreveu em 220: "O Cristo foi concebido e tomou o seu crescimento de Maria, a Mãe de Deus toda pura". Mais além ele diz: "Como o Salvador do mundo tinha decretado salvar o gênero humano, nasceu da Imaculada Virgem Maria". Orígenes, que viveu em 226 e pareceu resumir a doutrina e as tradições de sua época, escreveu: "Maria, a Virgem-Mãe do Filho único de Deus, é proclamada a digna Mãe deste digno Filho, a Mãe Imaculada do Santo e Imaculado, sendo ela única, como único é o seu próprio Filho."
Em um dos seus sermões sobre S. José, Orígenes faz o mensageiro celeste dizer ao santo: "Este menino não precisa de Pai na terra, porque tem um pai incorruptível no céu; não precisa de Mãe no Céu, porque tem uma Mãe Imaculada e casta na terra, a Virgem Bem-aventurada, Maria". No século quarto, aparecem inúmeros escritos sobre a Imaculada Conceição, cada vez mais explícitos e em maior número. Temos diante de nós as figuras incomparáveis de Santo Atanásio, de Santo Efrem, de S. Basílio Magno, de Santo Epifânio, e muitos outros, que constituem a plêiade gloriosa dos grandes Apóstolos do culto da Virgem Santíssima e, de modo particular, de sua Imaculada Conceição.
Um trecho de Lutero, para mostrar que nem ele se atreveu a contestar a Imaculada Conceição: "Era justo e conveniente, diz ele, fosse a pessoa de Maria preservada do pecado original, visto o Filho de Deus tomar dela a carne que devia vencer todo pecado". (Lut. in postil. maj.).
O Dogma da Imaculada Conceição foi proclamado pelo Papa Pio IX, cercado de 53 cardeais, de 43 arcebispos, de 100 bispos e mais de 50.000 romeiros vindos de todas as partes do mundo, no dia 8 de dezembro de 1854.
Passados apenas 3 anos dessa solene proclamação, em 11 de agosto de 1858, Nossa Senhora dignou-se aparecer milagrosamente quinze dias seguidos, perto da pequena cidade de Lourdes, na França, a uma pobre menina, de 13 anos de idade, chamada Bernadete. No dia 25 de março, Bernadete suplicou que Nossa Senhora lhe revelasse seu nome. Após três pedidos seguidos, Nossa Senhora lhe respondeu: "Eu sou a Imaculada Conceição". Eis a chave de ouro que encerra a tradição ininterrupta dos Apóstolos.

Fonte: Lepanto Frente universitária e Estudantil


sábado, 3 de dezembro de 2011

2º Domingo do Advento 04/12/2011

Preparai o caminho do Senhor!”




Consolai, meu povo!

O tempo do Advento celebra as duas vindas de Cristo: Aquele que virá sobre as nuvens e o que veio sobre a palha. É a mesma dimensão de encontro com “Aquele que vem”. A liturgia do Advento nos coloca na mesma expectativa dos profetas, principalmente do profeta Isaías, pois rezamos na oração da missa: “Nós vos pedimos, ó Deus, que nenhuma atividade terrena nos impeça de correr ao encontro do vosso Filho” (Oração). Isto é o mesmo que dizer: “Nivelem-se os vales, rebaixem os montes; endireite-se o que é torto e alisem-se as asperezas” (Is. 40,4). O Advento nos remete ao sentimento de que um dia esse mundo será melhor, a partir do momento em que as pessoas aceitam Jesus na condição humana. Ele vem para implantar a paz, a justiça e o amor, como rezamos no salmo: “A verdade e o amor se encontrarão, a justiça e a paz se abraçarão” (Sl 84). Todas as promessas têm sua realização no que João anuncia. João é a síntese de todos os profetas: Anunciou a presença do Messias e O acolheu como o enviado do Pai. O profeta Isaias anuncia, ao povo que estava no exílio da Babilônia, uma libertação grandiosa como o Deus que vem a seu encontro. Deus mesmo liberta seu povo. Por isso o profeta inicia com palavras de conforto: “Consolai, consolai, meu povo… a servidão acabou e a expiação de suas culpas foi cumprida” (Is 40,1.2). É o novo Êxodo e, dessa vez, glorioso. No mundo atual, em meio a tantas escravidões, podemos ouvir a voz do profeta e de João que preconizam tempos novos de libertação. Cada Natal é a realização da libertação que vem de Deus através de seu Filho, o pastor que carrega os cordeiros ao colo (11). Infelizmente os caminhos estão bem estragados. Na Angola o povo cantava que estava difícil voltar para casa, pois o mato crescera no caminho. Sua vinda é consolação para todos sofredores.
Correr ao encontro de Jesus
Ir ao encontro de Cristo tem um endereço certo: a pessoa do irmão. Irmão não é só o irmão de fé, mas todo homem e toda mulher, pois todos são filhos e filhas de Deus. Ele vem ao nosso encontro e nós O encontramos no irmão: “Agora e em todos os tempos Ele vem ao nosso encontro, presente em cada pessoa humana para que O acolhamos na fé e O testemunhemos na caridade, enquanto esperamos a feliz realização do seu Reino” (Prefácio). João Batista é o exemplo e o pregador desta verdade, pois ele próprio era desapegado de tudo e aberto para receber a Boa Notícia que é Jesus e comunicá-la. Deus age na história na libertação do exílio, na vinda de Jesus e no Reino presente no meio de nós. Para realizar essa missão e acolher e anunciar, como fez João, temos que ter uma vida penitente e despojada. Só o deserto pode nos formar.
Julgar os valores terrenos
Quais são os caminhos que devemos aplainar? O fiel necessita neste tempo a capacidade de discernir o que é de Deus e onde firmar sua esperança. Já temos por experiência que os bens terrenos são bons para conquistar o Reino dos Céus pela caridade. Mas não são bons quando nos conquistam. Jesus ensinou: “Fazei amigos com o dinheiro da iniqüidade, a fim de que, no dia em que falar, eles vos recebam nos tabernáculos eternos” (Lc 16,9). Esta paz vem “os que voltam ao Senhor seu coração! (Id). A Eucaristia será sempre a mestra que ensina a julgar com sabedoria os valores terrenos e a colocar nossas esperanças nos bens eternos” (Pós-comunhão). Nossa vida prepara a vinda do Senhor a outros que vem.



Leituras: Isaías 40, 1-5.9-11; Salmo 84; 2 Pedro 3,8-14; Marcos 1,1-8



Homilia do 2º Domingo do Advento (04.12.11)


Fonte: Pe. Luiz Oliveira

São Francico Xavier 03/12/2011


Ai de mim se não anunciar o Evangelho

«Viemos por povoações de cristãos, que se converteram há uns oito anos. Nestes sítios não vivem portugueses, por a terra ser muitíssimo estéril e extremamente pobre. Os cristãos destes lugares, por não terem quem os instrua na nossa fé, somente sabem dizer que são cristãos. Não têm quem lhes diga Missa e, ainda menos, quem lhes ensine o Credo, o Pai-Nosso, a Ave-Maria e os Mandamentos. Quando eu chegava a estas povoações, batizava todas as crianças por batizar. Desta forma, batizei uma grande multidão de meninos que não sabiam distinguir a mão direita da esquerda. Ao entrar nos povoados, as crianças não me deixavam rezar o Ofício divino, nem comer, nem dormir, e só queriam que lhes ensinasse algumas orações. Comecei então a saber por que é deles o reino dos Céus. Como seria ímpio negar-me a pedido tão santo, comecei pela confissão do Pai, do Filho e do Espírito Santo, pelo Credo, Pai-nosso, Ave-Maria, e assim os fui ensinando. Descobri neles grande inteligência. Se houvesse quem os instruísse na fé, tenho por certo que seriam bons cristãos.
Muitos deixam de se fazer cristãos nestas terras, por não haver quem se ocupe de tão santas obras. Muitas vezes me vem ao pensamento ir aos colégios da Europa, levantando a voz como homem que perdeu o juízo e, principalmente, à Universidade de Paris, falando na Sorbona aos que têm mais letras que vontade para se disporem a frutificar com elas. Quantas almas deixam de ir à glória e vão ao inferno por negligência deles! E, se assim como vão estudando as letras, estudassem a conta que Deus Nosso Senhor lhes pedirá delas e do talento que lhes deu, muitos se moveriam a procurar, por meio dos Exercícios Espirituais, conhecer e sentir dentro de suas almas a vontade divina, conformando-se mais com ela do que com suas próprias afeições, dizendo: «Senhor, eis-me aqui; que quereis que eu faça? Mandai-me para onde quiserdes; e se for preciso, até mesmo para a Índia».


Oração

Senhor, que, pela pregação de São Francisco Xavier, chamastes muitos povos ao conhecimento do vosso nome, concedei a todos os cristãos o mesmo zelo pela propagação da fé, para que, em toda a terra, a santa Igreja se alegre com novos filhos. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
Fonte: Liturgia das Horas