sexta-feira, 30 de novembro de 2012

SANTO ANDRÉ, APÓSTOLO 30/11/2012









Festa

André, nascido em Betsaida, foi primeiramente discípulo de João Batista; seguiu depois a Cristo e levou
à presença deste seu irmão Pedro. Junto com Filipe, apresentou a Cristo os pagãos e indicou o rapaz que levava
pães e peixes. Narra-se que,depois de Pentecostes, pregou o Evangelho em muitas regiões e foi
crucificado na Acaia. Das Homilias sobre o Evangelho de João, de São João Crisóstomo, bispo

Encontramos o Messias

André, tendo permanecido com Jesus e aprendido com ele muitas coisas, não escondeu o
tesouro só para si mas correu depressa à procura de seu irmão, para fazê-lo participar da sua
descoberta. Repara o que lhe disse: Encontramos o Messias (que quer dizer Cristo) (Jo 1,41).
Vede como logo revela o que aprendera em pouco tempo! Demonstra assim o valor do Mestre
que o persuadira, bem como a aplicação e o zelo daqueles que, desde o princípio, já estavam
atentos. Esta expressão, com efeito, é de quem deseja intensamente a sua vinda, espera aquele
que deveria vir do céu, exulta de alegria quando ele se manifestou, e se apresa em comunicar
aos outros a grande notícia. Repara também a docilidade e a prontidão de espírito de Pedro. Acorre imediatamente. E conduziu-o a Jesus (Jo 1,42), afirma o Evangelho. Mas ninguém condene a facilidade com que, não sem muita reflexão, aceitou a notícia. É provável que o irmão lhe tenha falado
pormenorizadamente mais coisas. Na verdade, os evangelistas sempre narram muitas coisas
resumidamente, por razões de brevidade. Aliás, não afirma que acreditou logo, mas: E
conduziu-o a Jesus (Jo 1,42), e a ele o confiou para que aprendesse com Jesus todas as coisas.
Estava ali, também, outro discípulo que viera com os mesmos sentimentos.
Se João Batista, quando afirma: Eis o Cordeiro e batiza no Espírito Santo (cf. Jo 1,29.33),
deixou mais clara, sobre esta questão, a doutrina que seria dada pelo Cristo, muito mais fez
André. Pois, não se julgando capaz de explicar tudo, conduziu o irmão à própria fonte da luz,
tão contente e pressuroso, que não duvidou sequer um momento.

Oração

Nós vos suplicamos, ó Deus onipotente, que o apóstolo Santo André, pregador do Evangelho e
pastor da vossa Igreja, não cesse no céu de interceder por nós. Por nosso Senhor Jesus Cristo,
vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.







terça-feira, 27 de novembro de 2012

Nossa Senhora das Graças 27/11/2012










Em uma tarde de sábado, no dia 27 de novembro de 1830, na capela das Irmãs Filhas da Caridade de São Vicente de Paulo, Santa Catarina Labouré teve uma visão de Nossa Senhora. A Virgem Santíssima estava de pé sobre um globo, segurando com as duas mãos um outro globo menor, sobre o qual aparecia uma cruzinha de ouro. Dos dedos das suas mãos, que de repente encheram-se de anéis com pedras preciosas, partiam raios luminosos em todas as direções e, num gesto de súplica, Nossa Senhora oferecia o globo ao Senhor. Santa Catarina Labouré relatou assim sua visão: "A Virgem Santíssima baixou para mim os olhos e me disse no íntimo de meu coração: 'Este globo que vês representa o mundo inteiro (...) e cada pessoa em particular. Eis o símbolo das graças que derramo sobre as pessoas que as pedem.' Desapareceu, então, o globo que tinha nas mãos e, como se estas não pudessem já com o peso das graças, inclinaram-se para a terra em atitude amorosa. Formou-se em volta da Santíssima Virgem um quadro oval, no qual em letras de ouro se liam estas palavras que cercavam a mesma Senhora: Ó Maria, concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a vós. Ouvi, então, uma voz que me dizia: 'Faça cunhar uma medalha por este modelo; todas as pessoas que a trouxerem receberão grandes graças, sobretudo se a trouxerem no pescoço; as graças serão abundantes, especialmente para aqueles que a usarem com confiança.' "
Então o quadro se virou, e no verso apareceu a letra M, monograma de Maria, com uma cruz em cima, tendo um terço na base; por baixo da letra M estavam os corações de Jesus e sua Mãe Santíssima. O primeiro cercado por uma coroa de espinhos, e o segundo atravessado por uma espada. Contornando o quadro havia uma coroa de doze estrelas.
A mesma visão se repetiu várias vezes, sobre o sacrário do altar-mor; ali aparecia Nossa Senhora, sempre com as mãos cheias de graças, estendidas para a terra, e a invocação já referida a envolvê-la.
O Arcebispo de Paris, Dom Quelen, autorizou a cunhagem da medalha e instaurou um inquérito oficial sobre a origem e os efeitos da medalha, a que a piedade do povo deu o nome de Medalha Milagrosa, ou Medalha de Nossa Senhora das Graças. A conclusão do inquérito foi a seguinte: "A rápida propagação, o grande número de medalhas cunhadas e distribuídas, os admiráveis benefícios e graças singulares obtidos, parecem sinais do céu que confirmam a realidade das aparições, a verdade das narrativas da vidente e a difusão da Medalha". Nossa Senhora da Medalha Milagrosa é a mesma Nossa Senhora das Graças, por ter Santa Catarina Labouré ouvido, no princípio da visão, as palavras: "Estes raios são o símbolo das Graças que Maria Santíssima alcança para os homens."

Oração à Nossa Senhora das Graças

Ó Imaculada Virgem Mãe de Deus e nossa Mãe, ao contemplar-vos de braços abertos derramando graças sobre os que vo-las pedem, cheios de confiança na vossa poderosa intercessão, inúmeras vezes manifestada pela Medalha Milagrosa, embora reconhecendo a nossa indignidade por causa de nossas inúmeras culpas, acercamo-nos de vossos pés para vos expôr, durante esta oração, as nossas mais prementes necessidades (momento de silêncio e de pedir a graça desejada).
Concedei, pois, ó Virgem da Medalha Milagrosa, este favor que confiantes vos solicitamos, para maior Glória de Deus, engrandecimento do vosso nome, e o bem de nossas almas. E para melhor servirmos ao vosso Divino Filho, inspirai-nos profundo ódio ao pecado e dai-nos coragem de nos afirmar sempre como verdadeiros cristãos. Amém.

Rezar 3 Ave Marias. Depois: Ó Maria concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a vós.









sábado, 24 de novembro de 2012

Santo André Dung-Lac e companheiros "Mártires do Vietnã" 24/11/2012











De acordo com o Martirológico Romano-Monástico, eram cristãos convertidos no século XVI pelos missionários dominicanos que começaram a difundir o Evangelho no Vietnã, e foram martirizados porque eram acusados de estarem introduzindo no país uma religião estranha.
A evangelização do Vietnã teve seu início no século XVI, através dos missionários europeus de diversas ordens e congregações religiosas. Foram quatro séculos de perseguições sangrentas que levaram ao martírio milhares de cristãos massacrados nas montanhas, florestas e em regiões de pouca luminosidade. Enfim, em todos os lugares onde buscaram refúgio.
Foram bispos, sacerdotes e leigos de diversas idades e condições sociais, na maioria pais e mães de família e alguns deles catequistas, seminaristas ou militares.
Neste dia, homenageamos um grupo de cento e dezessete mártires vietnamitas, beatificados no ano jubilar de 1900 pelo papa Leão XIII. A maioria viveu e pregou entre os anos 1830 e 1870. Dentre eles muito se destacou o padre dominicano André Dung-Lac, sendo um exemplo maior destes mártires da Igreja Católica no Vietnã. Foi ordenado sacerdote em 1823. Durante seu apostolado, foi cura e missionário em diversas partes do país. Também foi salvo da prisão diversas vezes, graças a resgates pagos pelos fiéis, mas nunca concordou com esse patrocínio. Uma citação sua mostra claramente o que pensava destes resgates: "Aqueles que morrem pela fé sobem ao céu. Ao contrário, nós que nos escondemos continuamente gastamos dinheiro para fugir dos perseguidores. Seria melhor deixar-nos prender e morrer". Acabou sendo decapitado em 24 de novembro de 1839, em Hanói, Vietnã.  Após um período de calma, que durou cerca de setenta anos, à Igreja conseguiu se reorganizar em numerosas dioceses, que reuniam centenas de milhares de fiéis. Mas os martírios recomeçaram com a chegada do comunismo a aquele País. Em 1955, os chineses e os russos aniquilaram todas as instituições religiosas, dispersando os cristãos, prendendo e matando bispos, sacerdotes e fiéis, de maneira arrasadora. A única fuga possível era através de embarcações precárias, que sucumbiam nas águas que poderiam significar a liberdade, mas que levavam, à morte. No entanto o evangelho de Cristo permaneceu no coração do povo vietnamita, pois quanto maior a perseguição maior se tornou o fervor cristão, sabendo que o resultado seria um elevadíssimo número de mártires. O papa João Paulo II, em 1988, inscreveu esses heróis de Cristo no livro dos santos da Igreja, para serem comemorados juntos e como companheiros de santo André Dung-Lac no dia de sua morte.




Fonte: Internet



sexta-feira, 23 de novembro de 2012

São Columbano 23/11/2012










São Columbano desde tenra idade mostrou clara inclinação para a vida consagrada. Tendo abraçado a vida monástica, partiu para a França, onde fundou muitos mosteiros que governou com austera disciplina. Ao sair da Irlanda em companhia do monge e Santo Gall, percorreu a Europa Ocidental. Algumas vezes era rechaçado, outras acolhido. Deixou rastro de fundação de mosteiros e abadias, dos quais resultaram em resplendor cultural e religioso dignos de toda loa. Esses mosteiros foram o foco da cultura cristã francesa na época. Seu estilo de vida foi austero e assim o exigia aos monges. Graças a isso, a Igreja enumera como seus contemporâneos grandes santos que formaram-se na escola doutrinária de São Columbano. O mosteiro mais célebre foi o de Luxeuil, ao que confluíram francos e gauleses. Foi durante séculos o centro da vida monástica mais importante em todo o Ocidente. Enfrentou, no inicio do século VII fortes perseguições na França e por isso, no ano de 610 teve de sair do país em decorrência das investidas da soberana, a então rainha Brunehaut, que teve o ego ferido porque o santo abade lancara-lhe em rosto todos os seus vícios e crimes.Pensou em retornar à Irlanda, mas acabou permanecendo em Nantes. Lá também teve que fugir aos Alpes até que finalmente encontrou acolhida e refúgio seguro em Bobbio, situada ao norte da Itália, na região da Emilia Romana, província de Piacenza. Lá fundou seu último mosteiro e nele morreu no ano de 615. A regra monástica original que deu a seus monges serviu de referência e influenciou sobremaneira toda a Europa por mais de dois séculos. Muitos povos, regiões e lugares estão sob sua proteção e o invocam como padroeiro. Nos quatro últimos anos de sua vida, experimentou certa tranquilidade, já que o rei Aguilulfo lhe concedeu tratamento digno e respeitoso.


Oração:

Ó Deus, que reunistes admiravelmente em São Columbano a solicitude pela pregação do Evangelho e o zelo pela vida monástica, concedei que, por sua intercessão e exemplo, vos procuremos acima de tudo e nos empenhemos no crescimento espiritual. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém!



Página Oriente

São Clemente 1º 23/12/2012













São Clemente, natural de Roma, era discípulo de São Pedro e São Paulo. Acompanhando a este nas viagens evangelizadoras, com ele dividiu as fadigas, sofrimentos e perseguições da vida apostólica. É a ele que o Apóstolo dos Gentios se refere, quando na Epístola aos Filipenses (4,3) diz: "Peço-vos que auxilieis aqueles também que, como Clemente e outros, comigo trabalharam, cujos nomes estão inscritos no Livro da Vida". Estas palavras lhe documentaram a dedicação e fé, o zelo pelas causas de Deus e das almas. Se a mansidão e caridade lhe mereceram o nome de clemente, foi sem dúvida pela atividade apostólica, que São Pedro lhe conferiu a dignidade episcopal.
Os primeiros sucessores de São Pedro, na Sé apostólica e no martírio, foram São Lino e Anacleto (São Cleto). Na quase certeza de perder a vida por Jesus Cristo e a Igreja, São Clemente assumiu o governo da Barca de São Pedro em 92. Eram tempos cheios de apreensões para a jovem Igreja. A Autoridade romana ameaçava com uma nova perseguição e no seio da Igreja mesma reinavam dissenções, que prometiam degenerar em cisma. Era principalmente a Igreja dede Corinto o teatro de graves perturbações. Os ânimos estavam irritadíssimos e tudo indicava a iminência de uma cisão, provocada - assim se acreditava geralmente - pelas paixões que predominavam numa eleição episcopal. São Clemente dirigiu aos Coríntios uma carta apostólica em que documenta ao mesmo tempo grande circunspecção, prudência, caridade e firmeza. Tão boa aceitação teve esta carta, que não só em Corinto, mas também em todas as Igrejas era lida durante muitos anos, juntamente com as epístolas dos Apóstolos.
Dividindo a cidade de Roma em sete distritos, determinou para cada distrito um advogado, com a incumbência de ativar conscienciosamente tudo que se relacionava aos cristãos, suas virtudes, os processos judiciários a que haviam de responder, o modo como se haviam perante a autoridade perseguidora, declarações públicas que faziam, o martírio e a morte. Estes protocolos, chamados atos dos mártires, eram lidos nas reuniões dos fiéis. Ao zelo apostólico do Santo Papa abriram-se as portas do próprio palácio imperial. Domitila, irmã do imperador Domiciano, cuja ferocidade contra os cristãos era conhecida, se converteu à Religião de Jesus Cristo. Ainda mais: exemplo foi de todas as virtudes e para os cristãos perseguidos, um anjo de caridade, naqueles tempos aflitivos.
O imperador Trajano, vendo na propagação da religião cristã um perigo social e religioso para o império e reconhecendo no Papa rival temível, citou-o perante o tribunal e com ameaças de morte exigiu-lhe a abjuração da fé e o culto dos deuses nacionais. São Clemente não hesitou nem um momento e na presença da suprema autoridade romana, fez uma profissão de fé belíssima, que não deixou o imperador em dúvida sobre a improficuidade do seu tentâmem. Aconteceu o que era de esperar: O Papa foi condenado à morte. O Breviário Romano, diz que o santo Papa foi, com muitos cristãos, desterrado para a península da Criméia, onde haviam de trabalhar nas pedreiras e minas. Se para Clemente era um consolo poder partilhar a escravidão com seus filhos em Cristo, estes mais facilmente se conformavam com a triste sorte, vendo junto de si o Pai querido, o representante de Deus na Terra.
O que mais atormentava os pobres cristãos, era a falta absoluta de água, no lugar onde trabalhavam. Muito penoso era o transporte deste precioso líquido, que só se achava na distância de seis milhas. Clemente pediu a Deus que se compadecesse do povo, como se compadecera dos israelitas no deserto. Terminada a oração, viu no alto duma montanha um cordeirinho que, com a pata direita levantada, parecia indicar um determinado lugar. O santo Papa dirigiu-se imediatamente ao lugar onde lhe aparecera o cordeirinho e com uma enxada pôs-se a cavar a terra. Qual não lhe foi a alegria, quando logo ao primeiro golpe, viu brotar água, água deliciosa e tão abundante que, desde aquele dia teve termo a aflição dos cristãos. Estes milagre não só contentou a estes; também os pagãos que, vendo em Clemente um enviado do Céu, a ele se dirigiram pedindo fossem aceitos como catecúmenos. Assim muitos idólatras se tornaram adoradores de Jesus Cristo e os templos pagãos, antes antros do mais abjeto culto diabólico, transformaram-se em igrejas cristãs. Este espetáculo grandioso perante Anjos e homens despertou naturalmente o ódio nos corações dos sacerdotes pagãos, que se apressaram em denunciar Clemente.
A resposta imperial não se deixou esperar. O governador Aufidiano, autorizado por Trajano a pôr um dique à propaganda cristã, custasse o que custasse, condenou à morte Clemente e intimou os cristãos a que abandonassem a religião de Cristo. Algemado, foi Clemente levado a um navio, que o transportou ao alto mar. Lá chegado, puseram-lhe uma âncora de ferro ao pescoço e precipitaram-no na água. Isto aconteceu a 23 de novembro do seu último ano apostólico. Os cristãos consternados pela perda do seu Pastor, pediram a Deus que não deixasse o corpo do mártir entregue ao jogo das ondas, mas que restituísse ao carinho e à veneração dos filhos espirituais.
Aufidiano e sua gente mal se tinham afastado, quando o mar espontaneamente, retrocedeu a uma distância de três milhas, até o lugar onde tinha sido mergulhado o corpo do santo Papa-Mártir. O mais que aconteceu, foi de todo extraordinário. Aos olhos pasmados dos cristãos apresentou-se um pequeno templo de mármore branco. Pressurosos correram para lá e, chegando ao templo, nele encontraram o corpo de São Clemente, colocado num ataúde, tendo ao lado a âncora pesada. Quando se dispuseram a retirar suas santas relíquias, Deus manifestou sua vontade, que não o fizessem; que o deixassem repousar no mesmo lugar e que o mar, anualmente, durante sete dias, franqueasse o acesso ao túmulo. Assim aconteceu. As relíquias de São Clemente ficaram no fundo do mar, guardadas por santos Anjos, até o século IX, quando, sob o governo do Papa Nicolau I, os santos missionários Cirilo e Metódio as trouxeram para Roma, onde foram depositadas na Igreja de São Clemente, onde se acham até agora.

Reflexões:

Se queres venerar dignamente São Clemente, procura imitar-lhe os belos exemplos e observar-lhe os sábios ensinamentos que depositou nos seus escritos. Os trechos seguintes são tirados de sua epístola aos Coríntios: "Abandonemos os cuidados vãos e passageiros! Sigamos a regra gloriosa e venerável da nossa santa vocação! Atendamos ao que é belo, agradável diante do Senhor, que nos deu a vida! Fixemos o olhar sobre o sangue de Cristo e poderemos seu alto valor na apreciação de Deus; pois este sangue foi derramado pela salvação do mundo inteiro. Os astros movem-se no espaço por ordem de Deus e obedecem-lhe. Dia e noite surgem no horizonte e seguem o curso, sem jamais se embaraçarem uns aos outros. O sol, a lua, as estrelas, na mais perfeita harmonia percorrem seus círculos, sem ultrapassar a órbita. A terra produz alimento para o homem, para os animais e os outros seres viventes, tudo em perfeita obediência ao Criador. As profundidades dos abismos e o interior do globo seguem-lhe as determinações. As ondas do mar respeitam os limites que a vontade divina lhes traçou. O vasto oceano, ainda não atravessado por embarcação humana, os continentes além ainda recebem as ordens do Senhor. As estações, a primavera, o verão, o outono e o inverno seguem-se na maior regularidade. Os ventos e as tempestades não se perturbam em suas funções. Fontes inesgotáveis, criadas para nossa saúde e nosso uso, fornecem as águas, para o sustento da vida humana. Os animaizinhos quase imperceptíveis realizam reuniões na maior paz, na mais perfeita ordem. Todas estas coisas o grande arquiteto e Senhor do Universo chamou-as à existência. A todos faz bem, principalmente a nós, que recorremos às suas misericórdias por Nosso Senhor Jesus Cristo, a quem sejam dados honra e louvor nos séculos dos séculos. Vossos filhos devem participar da disciplina de Cristo; devem aprender quanto vale perante Deus o sentimento humilde, como é apreciado o amor casto e como é sublime e belo o temor de Deus, que santifica a todos os que andam em reta intenção. Ele é o perscrutador dos pensamentos e planos íntimos. Seu sopro está em nós; ele o retira, quando lhe apraz."

Pontificado - 92 a 101 d.C.







Página Oriente

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Santa Cecília. A padroeira dos músicos. 22/11/2012













Cecília nasceu no princípio do século 3º de uma ilustre família de Roma. Conhecida por Gens Cecília, cuja linhagem provém do tempo da república. Os nomes dos pais são desconhecidos, mas julga se cristãos. Cecília foi criada por uma aia cristã, que a educou somente no cristianismo e sempre amando a Jesus. Suas exclamações eram: Oh! Quão grande e bom é o senhor! Quero amá-lo sempre.
Cecília ouvia sempre a sagrada escritura, então seus olhos enchiam-se de lágrimas e com o coração enternecido propunha a não ofender a Jesus, antes consagrar-lhe a vida e jurando votos de virgindade perpétua. Uma de suas virtudes ensinava a amor o próximo, especialmente os pobres que são imagens de Jesus. Seu amor à eucaristia era tanta que no dia de sua comunhão consagrou-se novamente a sua vida a serviço e tornou-se esposa do mestre. Órfã Cecília ficou com parentes ainda pagãos. Que começavam a importuná-la e leva-la a festas não cristãs. Muitas vezes, declinava dos insistentes convites, temendo a distrações prejudicassem sua alma inocente. Julgando que não bastasse o afastamento de tantos perigos, a piedosa jovem para evitar que o espírito sucumbisse na luta com o demônio, submeteu seu corpo a rigorosos jejuns e penitenciais. Jesus não se deixou vencer em generosidade mandou custodiá-la por um anjo, que sua frequente aparição entretinha-a em doces conversações.
Em uma reunião de família estava presente um jovem nobre (Valentino) que a olhou Cecília e fitou seus olhos nela. No outro dia pediu a mão da jovem a seu tutor que não se negou a aceitar. Na mesma hora Cecília se recusou, pois tinha feito os votos ao mestre. Mas não adiantou o seu tutor já tinha aceitado. Cecília saiu e foi imediatamente falar com o pontífice dizendo que preferia a morte a faltar o juramento que fez a Jesus. O pontífice urbano disse:
“Tem confiança, se teu celeste Esposo te quiser inteira a seu serviço, nenhuma força humana poderá arrebatar-te. No entanto as orações essa noite são para que o senhor nos ilumine”. Passaram-se alguns dias Cecília procurasse evita-lo, não conseguia fugir a uma nova conversa com seu tutor. Recusou o pedido, mas seu tutor não desistiu de seus propósitos. Cecília na mesma hora lembrou-se das palavras de Urbano e aceitou.
A virgem de cristo tornara-se também esposa de Valentino. Nos cântico núpcias Cecília elevavam sua alma a Deus nas seguintes palavras; “Senhor, que sejam sempre imaculados meu corpo e m meu coração; protege tua serva para que não seja confundida”. Em seus aposentos em profunda oração e a espera de Valentino. O qual chegou feliz e correu para abraçá-la. Cecília se desviou e começou a contar o seu juramento. Valentim perturbado disse à esposa que tinha o traído jurando seu amor a outro. Cecília explicou novamente que se juramento foi feito a Deus. Vendo o desespero de Valentino, Cecília caiu de joelhos e começou a orar e uma forte luz saiu de sua face e sendo protegida por um anjo. Valentino caiu por terra e com os olhos em lágrimas contemplou o acontecimento.
E Cecília viu toda aquela luz fazendo a conversão em Valentino.
E que no outro dia pediu a Cecília que gostaria de ver o anjo que a protege. Cecília disse que teria que ir até o pontífice urbano e pedir o batismo.
Valentim se vestiu e foi no momento do batismo um anjo apareceu e colocou uma coroa de flores em Valentino e em Cecília, Com o acontecimento estava presente o irmão de Valentino (Tibúrcio) também se converteu. A partir deste dia a Família de Cecília foi perfeita e voltou a trabalhar com os pobres e pregar o evangelho. Até que teve a perseguição aos cristãos por Alexandre Severo no ano 232 os prenderam.
Perante o juiz que perguntou a jovem qual era sua religião. Cecília não hesitou em responder que era cristã. Disse o juiz: “não sabeis que nosso imperador ordenar punir todos os cristãos e de libertar os que renegam esta religião inimiga da Pátria?” Mesmo em meios a tantas acusações e perguntas Cecília se manteve firme a sua fé. Ordenou que levassem a jovem e fecharam no calidário para morrer sufocada com vapores. Algumas horas depois Cecília estava na sala de tortura em plena alegria. Logo a sala encheu-se de vapores e pegou fogo, mas nada atingiu Cecília. Viram contenta e em volta rodeada de ar puro. Apresentou o novo carrasco, Cecília ajoelhada ofereceu o pescoço. O carrasco por três vezes deixou o ferro cair no pescoço da jovem. Cecília caiu com os braços cruzados no peito, mas a cabeça prodigiosamente unida ao corpo. Na lei romana proibia insistir no terceiro golpe o carrasco saiu correndo ao ver aquilo. A multidão pasmou ao ver a jovem ainda viva. Cecília, sempre na mesma posição, quis aproveitar o pouco tempo que lhe restava para anunciar a verdade. Ouvindo suas fervorosas exortações, tocados pela graça, muitos se converteram. Ficou por muito tempo em doce contemplação de repente fez um sinal ao pontífice que se aproxima e diz: Padre, pedi ao senhor um momento para poder fazer meu ultimo desejo. Quero que transforme minha casa em um templo de oração; voltando-se para os que ali estavam a assistir mostrou-lhes o polegar de uma mão e três dedos da outra, querendo assim confessar pela ultima vez a \unidade e trindade de Deus. Urbano mesmo na presença de numerosos fiéis colocou o sarcófago junto aos túmulos dos Papas, fechando-o com tampo de mármore preciosismo.

Santa Terezinha escreve sobre Cecília.

Antes da viagem a Cidade eterna, não tinha devoção especial por Santa Cecília; mas ao visitar a casa, o lugar do martírio, ao ouvi-la proclamar tainha da harmonia, senti por ela mais que uma devoção, uma verdadeira ternura de amiga e tornou-se a minha santa predileta e minha confidente.

Cecília protetora do canto sacro.

Certamente pela pia tradição Cecília se deli cava cantando hinos a Deus, acompanhando-se na cítara que o anjo lhe apresentava. Sendo assim ficou sendo considerada santa dos músicos.
Confirmando nesta pia tradição, temos elementos positivos, nas revelações de Dulcem, a serva de Deus, Ana Catarian Emmerrich que muitas vezes viu a santa.
“Vi Cecília belíssima, com faces rosadas e traços finos e graciosos”. Junto dela esta um anjo sob forma de amável jovem, quer com ela falava. Vi-a sentada em uma cadeira e os anjos ensinando a tocar um instrumento. Outra vez, Cecília sentada tocando o instrumento e o anjo segura em sua frente o rolo de papel para o qual ela olhava. Fundados nestas revelações é que temos em Cecília a celeste protetora dos músicos.

Diva! Que tua voz sua uma luz no coração. Do ímpio, que contra a igreja faz cruéis perseguições.

Santa Cecília Rogai por nós.


Livro: Santa Cecília; Fernando Bastos. MIR Editora – Brasil



quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Nossa Senhora da Apresentação 21/11/2012














A memória da apresentação da Virgem Maria é celebrada no dia 21 de novembro, quando se comemora um dos momentos sagrados da vida da Mãe de Deus, sua apresentação no Templo por seus pais Joaquim e Ana. Nenhum livro da Sagrada Escritura relata este acontecimento, sendo fartamente tratado nas escrituras apócrifas, que não são reconhecidas como inspiradas. Segundo esses apócrifos, a apresentação de Maria foi muito solene. Tanto no momento de sua oferta como durante o tempo de sua permanência no Templo verificaram-se alguns fatos prodigiosos: Maria, conforme a promessa feita pelos seus pais, foi conduzida ao Templo aos três anos, acompanhada por um grande número de meninas que seguravam tochas acesas, com a presença de autoridades de Jerusalém e entre cantos angélicos.
Para subir ao Templo havia 15 degraus, que Maria subiu sozinha, embora fosse tão pequena. Os apócrifos dizem ainda que Maria no Templo se alimentava com uma comida extraordinária trazida diretamente pelos anjos e que ela não residia com as outras meninas. Segundo a mesma tradição apócrifa ela teria ali permanecido doze anos, saindo apenas para desposar São José.
O Imperador Justiniano acreditava que A Virgem Maria esteve algum tempo no Templo, visto que ele permitiu que se construísse uma Basílica na plataforma onde ficava o Templo em memória ao tempo da estadia de Nossa Senhora no Templo. Esta igreja era chamada de Nova Santa Maria para distingui-la da igreja da Natividade. Hoje existe em seu local uma moderna mesquita chamada el-Aksa.
Por outro lado, pelas descrições de algum valor cientifico que se tem do Templo, não se encontra nenhum lugar para se colocar ou educar jovens. Talvez por isto a Igreja é silenciosa com relação a estadia de Maria no Templo. Outros historiadores acham que como a casa de Joaquim e Ana não era longe do Templo, é mais provável que ela vivesse na casa de seus pais e fosse ao Templo sagrado para suas orações e cumprir suas devoções.
A apresentação de Maria deve ter sido modesta e ao mesmo tempo gloriosa. Foi de fato através deste serviço ao Senhor no Templo, que Maria preparou o seu corpo, mas sobretudo a sua alma, para receber o Filho de Deus, realizando em si mesma a palavra de Cristo:
"Mais felizes são os que ouvem a palavra de Deus e a põem em prática".
Na Igreja Oriental, a festa da Apresentação é celebrada desde o século VII, no dia 21 de novembro, aniversário da Dedicação da Igreja de Santa Maria Nova, em Jerusalém. Contudo , ela só foi estabelecida na Igreja Ocidental no século XIV pelo Papa Gregório XI, a pedido do embaixador de Chipre junto à Santa Sé. A cidade de Avingnon, na França, residência dos papas naquela época, teve a glória de ser a primeira do Ocidente a celebrar a nova festividade em 1732.
Desde então este episódio da vida de Maria Santíssima começou a despertar o interesse dos cristãos e dos artistas, surgindo belíssimas pinturas sobre o tema da Apresentação.
A primeira paróquia dedicada a esta invocação mariana no Brasil ocorreu em 1599, na cidade de Natal, Rio Grande do Norte. A cidade de Porto Calvo, em Alagoas, palco de diversas batalhas entre brasileiros e tropas invasoras, durante a guerra holandesa, tem também como padroeira a Senhora da Apresentação.

No Rio de Janeiro, o bairro do Irajá, era antigamente um vasto campo público, destinado à pastagem e descanso do gado que descia para o consumo da cidade. Em 1644 ali foi erigida uma pequena e humilde capela sob o patrocínio de Nossa Senhora da Apresentação pelo Pe. Gaspar da Costa, que foi mais tarde o seu primeiro Vigário e cujo pai possuía propriedades nos arredores. A igrejinha foi reformada, ampliada e transformada em paróquia, uma das mais antigas do Rio de Janeiro.

Sua festa é celebrada no dia 21 de novembro.



segunda-feira, 19 de novembro de 2012

SANTOS ROQUE, AFONSO E JOÃO 18/11/2012











 (SANTOS ROQUE, AFONSO E JOÃO)


"Matastes a quem tanto vos amava. Matastes meu corpo, mas minha alma está no céu."



Contam os escritos que estas palavras foram ouvidas pelos índios que assassinaram o missionário jesuíta Roque Gonzalez e seus companheiros, padres Afonso Rodrigues e João de Castillo, em 1628. As palavras foram prodigiosamente proferidas pelo coração de padre Roque, ao ser transpassado por uma flecha, porque o fogo não tinha conseguido consumir.
Os três padres eram jesuítas missionários na América do Sul, no tempo da colonização espanhola. Organizavam as missões e reduções implantadas pela Companhia de Jesus entre os índios guaranis do hoje chamado Cone Sul. O objetivo era catequizar os indígenas, ensinando-lhes os princípios cristãos, além de formar núcleos de resistência indígena contra a brutalidade que lhes era praticada pelos colonizadores europeus. Elas impediam que eles fossem escravizados, ao mesmo tempo que permitiam manter as suas culturas. Eram alfabetizados através da religião e aprendiam novas técnicas de sobrevivência e os conceitos morais e sociais da vida ocidental. Era um modo comunitário de vida em que todos trabalhavam e tudo era dividido entre todos. O grande sucesso fez que os colonizadores se unissem aos índios rebeldes, que invadiam e destruíam todas as missões e reduções, matando os ocupantes e pondo fim à rica e histórica experiência. Roque foi um sacerdote e missionário exemplar. Era paraguaio, filho de colonizadores espanhóis, nascido na capital, Assunção, em 1576. A família pertencia à nobreza espanhola, o pai era Bartolomeu Gonzales Vilaverde e a mãe era Maria de Santa Cruz, que o criaram na virtude e piedade. Aos quinze anos, decidiu entregar sua vida a serviço de Deus. Ingressou no seminário e, aos vinte e quatro anos de idade, foi ordenado sacerdote. Padre Roque quis trabalhar na formação espiritual dos índios que viviam do outro lado do rio Paraguai, nas fazendas dos colonizadores. O resultado foi tão frutífero que o bispo de Assunção o nomeou pároco da catedral e depois vigário-geral da diocese. Mas ele renunciou às nomeações para ingressar na Companhia de Jesus, onde vestiu o hábito de missionário jesuíta em 1609. Depois, passou toda a sua vida a serviço dos índios das regiões dos países do Paraguai, Argentina, Uruguai, Brasil e parte da Bolívia. Em 1611, chefiou por quatro anos a redução de Santo Inácio Guaçu. Em 1626, fundou quatro reduções: Candelária, Caaçapa-Mirim, Assunção do Juí e Caaró.
Foi na Redução de Caaró, atualmente pertencente ao Brasil, que os martírios ocorreram, em 15 de novembro de 1628. Depois de celebrar a missa com os índios, padre Roque estava levantando um pequeno campanário na capela recém-construída, quando índios rebeldes, a mando do invejoso e feiticeiro Nheçu, atacaram aquela e a vizinha Redução de São Nicolau. Mataram todos e incendiaram tudo. Padre João de Castillo morreu naquela de São Nicolau, enquanto padre Afonso Rodrigues, que ficou na de Caaró, morreu junto com padre Roque Gonzales, esse último com a cabeça golpeada a machado de pedra. Dois dias depois, os índios rebeldes voltaram para saquear os escombros. Viram, então, que o corpo de padre Roque estava pouco queimado, então transpassaram seu coração com uma flecha. Foi aí que ocorreu o prodígio citado no início deste texto e mantido pela tradição. Eles foram beatificados pelo papa Pio XI em 1934 e canonizados pelo papa João Paulo II em 1988, em sua visita à capital do Paraguai. A festa de são Roque Gonzales ocorre no dia 17 de novembro.



sábado, 17 de novembro de 2012

Isabel da Hungria 17/11/2012






Isabel da Hungria, conheceu e amou Cristo nos pobres


Muito cedo começou Isabel a possuir grandes virtudes. Do mesmo modo como a vida inteira foi
a consoladora dos pobres, era também desde então a providência dos famintos. Determinou a
construção de um hospital, perto de um castelo de sua propriedade, onde recolheu muitos
enfermos e enfraquecidos. A todos que ali iam pedir esmola, distribuiu liberalmente suas
dádivas; e não só ali, mas em todo o território sob a jurisdição de seu marido. Destinou para isto
a renda de quatro dos principados do esposo, e foi ao ponto de mandar vender seus adornos e
vestes preciosas em benefício dos pobres.
Tinha o costume de, duas vezes ao dia, pela manhã e à tarde, visitar pessoalmente seus doentes,
e chegava mesmo a tratar com as próprias mãos os mais repelentes. A alguns deles alimentava,
a outros preparava o leito, a outros até carregava nos ombros. Assim realizava muitas obras de
bondade. Em tudo isto seu marido, de feliz memória, não se mostrava contrariado. Contudo,
após a morte deste, tendendo para a máxima perfeição, rogou-me com lágrimas que lhe
permitisse ir mendigar de porta em porta.
Numa Sexta-feira Santa, desnudados todos os altares, em uma capela de seu castelo onde
acolhera os frades franciscanos, colocou as mãos sobre o altar e, na presença de umas poucas
pessoas, renunciou à própria vontade e a todas as pompas mundanas e a tudo quanto o Salvador
no evangelho aconselhara abandonar. Feito isto, vendo que poderia deixar-se absorver pelo
tumulto do século e glória mundana, naquela terra onde vivera com esplendor em vida do
esposo, seguiu-me contra minha vontade a Marburgo. Nesta cidade construiu um hospital para
doentes e necessitados, chamando à sua mesa os mais miseráveis e desprezados.
Além desta atuação operosa, digo-o diante de Deus, raramente vi mulher mais contemplativa.
Algumas pessoas e mesmo religiosos, na hora de sua oração particular, viram muitas vezes seu
rosto brilhar maravilhosamente e como que raios de sol jorrarem de seus olhos.
Antes da morte ouvi-a em confissão. Indagando-lhe, então, qual o seu desejo em relação ao que
possuía e a seus móveis, respondeu que tudo quanto parecia possuir já pertencia aos pobres e
pediu-me distribuir-lhes tudo, reservando apenas a túnica vulgar que vestia e coma qual queria
ser sepultada. Depois, recebeu o corpo do Senhor e, em seguida, até à hora de Vésperas falou
bastante sobre as ótimas coisas que ouvira no sermão. Finalmente, com toda devoção,
recomendando a Deus todos os presentes, expirou como se adormecesse suavemente.




Oração

Ó Deus, que destes a Santa Isabel da Hungria reconhecer e venerar o Cristo nos pobres,
concedei-nos, por sua intercessão, servir os pobres e aflitos com incansável caridade. Por nosso
Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.



Da Carta escrita por Conrado de Marburgo, diretor espiritual de Santa Isabel
(Ad pontificem anno 1232: A. Wys, Hesisches Urkunden-
buch I, Leipzig 1879,31-35)

(Séc.XIII)



sexta-feira, 16 de novembro de 2012

SANTA GERTRUDES 16/11/2012








CATEQUESE DO PAPA BENTO XVI.


PAPA RECORDA SANTA GERTRUDES DE HELFA

06.10.10 - Cidade do Vaticano - Bento XVI encontrou-se nesta quarta-feira, dia de Audiência Geral, na Praça São Pedro, no Vaticano, com os fiéis e peregrinos provenientes de várias partes do mundo. O Papa falou em sua catequese de hoje sobre Santa Gertrudes de Helfa que foi uma discípula de Santa Matilde de Hackeborn, da qual o pontífice falou na semana passada.

Queridos irmãos e irmãs,

Santa Gertrudes, a Grande, sobre a qual desejo falar hoje, leva-nos também nesta semana ao mosteiro de Helfta, onde surgiram algumas das obras-primas da literatura religiosa feminina latino-alemã. A esse mundo pertence Gertrudes, uma das místicas mais famosas, única mulher da Alemanha a ter o apelativo de "Grande", devido à estatura cultural e evangélica: com a sua vida e seu pensamento incidiu de modo singular sobre a espiritualidade cristã. É uma mulher excepcional, dotada de particulares talentos naturais e de extraordinários dons da graça, de profundíssima humildade e ardente zelo pela salvação do próximo, de íntima comunhão com Deus na contemplação e de prontidão para socorrer os necessitados.
Em Helfta, confronta-se, por assim dizer, sistematicamente com a sua mestra Matilde de Hackeborn, da qual falei na Catequese da quarta-feira passada; entra em contato com Matilde de Magdeburgo, outra mística medieval; cresce sob o cuidado materno, doce e exigente, da Abadessa Gertrudes. Dessas três coirmãs surgem tesouros de experiência e sabedoria; processa-os em uma síntese própria, percorrendo o seu itinerário religioso com ilimitada confiança no Senhor. Expressa a riqueza da espiritualidade não somente do seu mundo monástico, mas também e sobretudo daquele bíblico, litúrgico, patrístico e beneditino, com um sinal personalíssimo e com grande eficácia comunicativa.
Nasce em 6 de janeiro de 1256, festa da Epifania, mas não se sabe nada nem sobre seus pais nem sobre o lugar de nascimento. Gertrudes escreve que o próprio Senhor revela-lhe o sentido desse seu primeiro desenraizamento. "Escolhi-a para minha morada porque me comprazo que tudo que há de amável em ti é obra minha [...]. Exatamente por essa razão eu a distanciei de todos os seus parentes, para que nenhum a amasse por razão de consanguinidade e eu fosse o único motivo de afeto que levasse consigo" (Le Rivelazioni, I, 16, Siena 1994, p. 76-77).
Na idade de cinco anos, em 1261, entra no mosteiro, como era comum naquela época, para a formação e o estudo. Aqui transcorre toda a sua existência, da qual ela mesma assinala as fases mais significativas. Nas suas memórias, recorda que o Senhor a protegeu com longânime paciência e infinita misericórdia, esquecendo os anos da infância, adolescência e juventude, transcorridos – escreve – "em tal cegueira de mente que eu teria sido capaz [...] de pensar, dizer ou fazer sem nenhum remorso tudo aquilo que me fosse aprazível e em qualquer lugar tivesse podido, se tu não me tivesses prevenido, seja com um inerente horror do mal e uma natural inclinação para o bem, seja com a vigilância externa dos outros. Teria me comportado como uma pagã [...] e isso graças por tendo tu desejado que desde a infância, a partir do meu quinto ano de idade, habitasse no santuário bendito da religião para ser educada entre os teus amigos mais devotos" (Ibid., II, 23, p. 140s).
Gertrudes é uma estudante extraordinária, aprende tudo o que se pode aprender das ciências do Trivio e Quadrivio, a formação daquele tempo; é fascinada pelo saber e se dedica ao estudo secular com ardor e tenacidade, conseguindo sucessos escolares para além de toda a expectativa. Se nada sabemos sobre as suas origens, muito ela nos diz sobre suas paixões juvenis: literatura, música e canto, arte da miniatura a capturam; tem um caráter forte, decidido, imediato, impulsivo; muitas vezes afirma ser negligente; reconhece os seus defeitos, dos quais pede humildemente perdão. Com humildade, pede conselho e orações pela sua conversão. São traços do seu temperamento e defeitos que a acompanharam até o fim, a ponto de surpreender algumas pessoas que se perguntavam por que o Senhor a preferia tanto.
De estudante, passa a consagrar-se totalmente a Deus na vida monástica e, por vinte anos, não acontece nada de excepcional: o estudo e a oração são a sua atividade principal. Devido aos seus dons, destaca-se entre as coirmãs; é tenaz no consolidar a sua cultura em variados campos. Mas, durante o Tempo do Advento de 1280, começa a sentir desgosto em tudo isso, sente vaidade e, em 27 de janeiro de 1281, poucos dias antes da festa da Purificação da Virgem, rumo à Hora das Completas, à noite, o Senhor ilumina as suas densas trevas.
Com suavidade e doçura, acalma a preocupação que a angustia, preocupação que Gertrudes vê como um dom próprio de Deus "para abater aquela torre de vaidade, ai de mim, mesmo tendo o nome e hábito de religiosa, que eu estava elevando com a minha soberba, onde ao menos encontrastes a via para mostrar-me a tua salvação" (Ibid., II,1, p. 87). Tem a visão de um rapaz que a guia a superar o emaranhado de espinhos que oprime a sua alma, tomando-a pela mão. Naquela mão, Gertrudes reconhece "o traço precioso daquelas feridas que revogaram todos os atos de acusação de nossos inimigos" (Ibid., II,1, p. 89), reconhece Aquele que, sobre a Cruz, salvou-nos com o seu sangue, Jesus.
A partir daquele momento, a sua vida de comunhão íntima com o Senhor intensifica-se, sobretudo nos tempos litúrgicos mais significativos – Advento-Natal, Quaresma-Páscoa, festas da Virgem – também quando, doente, era impedida de unir-se ao coro. É o mesmo húmus litúrgico de Matilde, sua mestra, que Gertrudes, no entanto, descreve com imagens, símbolos e termos mais simples e lineares, mais realistas, com referências mais diretas à Bíblia, aos Padres, ao mundo beneditino.
A sua biografia indica duas direções daquele que poderíamos definir como a sua particular "conversão": nos estudos, com a passagem radical dos estudos humanísticos seculares para aqueles teológicos, e na observância monástica, com a passagem da vida que ela define negligente à vida de oração intensa, mística, com um excepcional ardor missionário.
O Senhor, que a tinha escolhido desde o seio materno e desde pequena a tinha feito participar do banquete da vida monástica, a chama com a sua graça "das coisas externas à vida interior e das ocupações terrenas ao amor das coisas espirituais". Gertrudes compreende ter estado longe d'Ele, em razão da dessemelhança, como ela diz com Santo Agostinho; ter se dedicado com muita avidez aos estudos livres, à sabedoria humana, descuidando das ciências espirituais, privando-se do gosto da verdadeira sabedoria; então é conduzida ao monte da contemplação, onde deixa o homem velho para revestir-se do novo.
"Da gramática torna-se teóloga, com a inquebrantável e atenta leitura de todos os livros sagrados que podia ter ou procurar, preenchendo o seu coração das mais úteis e doces sentenças da Sagrada Escritura. Tinha, por isso, sempre pronta alguma palavra inspirada e de edificação com a qual satisfazer aqueles que vinham consultá-la, e reúne os textos bíblicos mais adequados para refutar qualquer opinião errada e silenciar seus opositores" (Ibid., I,1, p. 25).
Gertrudes transforma tudo isso em apostolado: dedica-se a escrever e divulgar a verdade de fé com clareza e simplicidade, graça e persuasão, servindo com amor e fidelidade à Igreja, a ponto de ser útil e apreciada por teólogos e pessoas piedosas. Dessa sua intensa atividade restaram-nos poucos registros, também devido aos acontecimentos que levaram à destruição do mosteiro de Helfta. Além de Arauto do divino amor ou As revelações, restam-nos os Exercícios Espirituais, uma jóia rara da literatura mística espiritual.
Na observância religiosa, a nossa Santa é "uma coluna forte [...], firmíssima defensora da justiça e da verdade" (Ibid., I, 1, p. 26), diz a sua biografia. Com as palavras e o exemplo, suscita nos outros grande fervor. Às orações e às penitências da regra monástica acrescenta outras com ainda maior devoção e abandono confiante em Deus, a ponto de suscitar em quem a encontra a consciência de estarem na presença do Senhor. E, de fato, Deus mesmo a faz compreender tê-la chamado a ser instrumento da sua graça.
Desse imenso tesouro divino, Gertrudes sente-se indigna, confessa não tê-lo protegido e valorizado. Exclama: "Ai de mim! Se Tu me tivesses dado para tua recordação, indigna como sou, ainda que um fio somente de estopa, teria que guardá-lo com maior respeito e reverência que o que tive por esses teus dons!" (Ibid., II,5, p. 100). Mas, reconhecendo a sua pobreza e a sua indignidade, adere à vontade de Deus, "porque – afirma – tão pouco aproveitei das tuas graças que não posso vir a acreditar que tenham sido agraciadas para mim somente, não podendo a tua eterna sabedoria ser frustrada por alguém. Foi, pois, o Doador de todo o bem que me ofereceu gratuitamente dons tão imerecidos, para que, lendo este escrito, o coração de pelo menos um de seus amigos seja comovido pelo pensamento de que o zelo das almas levou a deixar por tanto tempo uma joia de valor tão inestimável em meio à lama abominável do meu coração" (Ibid., II,5, p. 100s).
Em particular, dois favores lhe são caros mais que qualquer outro, como a própria Gertrudes escreve: "Os estigmas das tuas salutares chagas que me imprimistes, quase preciosas joias, no coração, e a profunda e salutar ferida de amor com que o assinalastes. Tu me inundastes com esses Teus dons de tamanha felicidade que, ainda que eu tivesse que viver milhares de anos sem qualquer consolação interna ou externa, a sua recordação seria suficiente para confortar-me, iluminar-me, encher-me de gratidão. Desejastes ainda introduzir-me na inestimável intimidade da tua amizade, abrindo-me de diversos modos aquele sacrário nobilíssimo da tua Divindade que é o teu Coração divino [...]. A esse acúmulo de benefícios, somastes aquele de dar-me por Advogada a santíssima Virgem Maria, Mãe Tua, e de ter-me frequentemente recomendado ao seu afeto como o mais fiel dos esposos poderia recomendar à sua mãe a sua esposa dileta" (Ibid., II, 23, p. 145).
Voltada para a comunhão sem fim, conclui a sua existência terrena em 17 de novembro de 1301 ou 1302, à idade de cerca de 45 anos. No sétimo Exercício, aquele da preparação à morte, Santa Gertrudes escreve: "Ó Jesus, tu que me és imensamente querido, estejas sempre comigo, para que o meu coração permaneça contigo e o teu amor persevere comigo sem divisão e o meu trânsito seja abençoado por ti, de tal forma que o meu espírito, desprendido dos laços da carne, possa imediatamente encontrar repouso em ti. Amém" (Exercícios, Milano 2006, p. 148).
Parece-me óbvio que essas não são coisas do passado, históricas, mas a existência de Santa Gertrudes permanece uma escola de vida cristã, de caminho justo, e mostra-nos que o centro de uma vida feliz, de uma vida verdadeira, é a amizade com Jesus, o Senhor. E essa amizade aprende-se no amor pela Sagrada Escritura, no amor pela liturgia, na fé profunda, no amor por Maria, de modo a conhecer sempre mais realmente o próprio Deus e, assim, a verdadeira felicidade, a meta da nossa vida. Obrigado.
Ao final da Catequese, o Papa dirigiu aos peregrinos de língua portuguesa a seguinte saudação:
Amados peregrinos de língua portuguesa, a minha cordial saudação para todos, em particular para os grupos do Brasil e de Portugal, da paróquia dos Milagres na Bidoeira. Este mês do Rosário incita-nos a perseverar na reza diária do terço; que, desta forma, as vossas famílias se reúnam com a Virgem Mãe, para aprender a cooperar plenamente com os desígnios de salvação que Deus tem sobre vós. Como encorajamento e penhor de graças, de coração vos dou a minha Bênção Apostólica.
No final da audiência Bento XVI saudou os Missionários Oblatos de Maria Imaculada que estão realizando o Capítulo Geral e pediu a eles para que se empenhem com renovado impulso apostólico a tornar sempre mais atual o carisma do Instituto a fim de cooperar generosamente na obra da nova evangelização.

O Papa recordou que outubro, além de ser o Mês das Missões é também o mês do Santo Rosário e convidou os fiéis a valorizarem esta oração tão querida ao povo cristão.

Fonte: Boletim da Sala de Imprensa da Santa Sé.



sábado, 10 de novembro de 2012

São Leão Magno, o Papa que deteve Átila às portas de Roma 10/11/2012











Combateu heresias, reforçou a disciplina eclesiástica, escreveu importantes obras, sendo seu pontificado o mais importante da antiguidade Cristã

“Num tempo em que a Igreja enfrentava os maiores obstáculos para seu progresso, em conseqüência da rápida desintegração do Império Romano do Ocidente, enquanto o Oriente estava profundamente agitado por controvérsias dogmáticas, esse grande Papa, com uma sagacidade sem precedentes e poderosa mão, guiou o destino da Igreja Romana e Universal”.(1)
São Leão nasceu em Roma, de pais toscanos, no final do século IV ou começo do V. Já na juventude distinguiu-se nas letras profanas e na ciência sagrada. Um antigo concílio geral diz dele: “Deus, que o havia destinado a obter brilhantes vitórias contra o erro e a submeter a sabedoria do século à verdadeira fé, tinha posto em suas mãos as armas da ciência e da verdade”.(2) Tornando-se arcediago da Igreja romana, serviu sob os Papas São Celestino I e Sixto III.
Hábil diplomata, era ele bem conhecido, pois foi por sua sugestão que Cassiano escreveu em 430 ou 431 sua obra De Incarnatione Domini contra Nestorium (“Sobre a Encarnação do Senhor, contra Nestório”). E também nesse mesmo ano São Cirilo de Alexandria a ele se dirigiu para interessá-lo em seu favor contra o mesmo herege Nestório.
São Leão foi designado para várias missões delicadas na época. Em uma delas, em 440, foi enviado pelo Imperador Valentiniano III à Gália, para tentar reconciliar dois dos mais famosos personagens do Império — o comandante militar da Província, Aécio, e o principal magistrado, Albino —, que não pensavam senão em suas desavenças em vez de voltar-se contra os bárbaros que estavam às portas do vasto Império. São Leão encontrava-se nessa missão quando, falecendo o Papa Sixto, foi eleito para sucedê-lo.
Leão foi sagrado no dia 29 de setembro de 440. Um mês depois, pedia ao povo romano, reunido na basílica de São João de Latrão: “Eu vos conjuro, pelas misericórdias do Senhor, que ajudeis com vossas orações àquele que haveis chamado com vossos desejos, a fim de que o espírito da graça permaneça sobre mim e não tenhais que arrepender-vos de vossa eleição”.(3)

Incansável defensor da ortodoxia

São Leão considerou como um de seus principais deveres, na qualidade de supremo Pastor, manter a disciplina eclesiástica, nesse tempo em que a contínua invasão de hordas bárbaras provocava desordens em todas as condições da vida; inclusive nas regras de moralidade, que estavam sendo seriamente violadas. Foi ele extremamente enérgico para a manutenção da disciplina, e muitos de seus sermões e decretos vão nesse sentido.
Esforçava-se principalmente em sustentar a ortodoxia naqueles tempos difíceis para a Igreja e de decadência geral. “De sua primeira carta, escrita a Eutiques em 1º de junho de 448, à sua última carta ao novo Patriarca de Alexandria, Timóteo Salophaciolus, em 18 de agosto de 460, não podemos senão admirar a clara, positiva e sistemática maneira pela qual Leão, fortificado pela primazia da Santa Sé, teve parte nessa difícil confusão”.(4)
Pouco depois de sua elevação ao sólio pontifício, começou a combater energicamente as heresias que surgiam no Oriente. Assim, por exemplo, soube que em Aquiléia sacerdotes, diáconos e clérigos, que tinham sido aderentes da heresia de Pelágio, haviam sido readmitidos à comunhão da Igreja sem ter feito abjuração explícita de sua heresia. O Papa, além de condenar severamente o fato, ordenou que um sínodo provincial se reunisse naquela cidade, no qual tais pessoas fossem intimadas a abjurar publicamente a heresia e a subscrever uma confissão de fé inequívoca.
Outro grave problema que teve de enfrentar foi contra nova onda da heresia maniquéia. Hordas e hordas de maniqueus, que fugiram da África por causa da invasão dos vândalos, haviam se estabelecido em Roma, onde fundaram uma comunidade maniquéia secreta. O Papa ordenou aos fiéis que denunciassem esses hereges aos sacerdotes. Em 443, junto aos senadores e presbíteros, conduziu uma investigação pessoal contra a seita, sendo então seus líderes julgados e condenados.
Por influência do Papa, o Imperador Valentiniano III promulgou um edito pelo qual estabeleceu punições contra os maniqueus. São Próspero de Aquitânia afirma em suas Crônicas que, em conseqüência das enérgicas medidas do pontífice contra a heresia, os maniqueus foram também expulsos das províncias; e que mesmo os bispos orientais emulavam com Leão I na perseguição a essa seita herética.
São Leão defrontou-se também com a questão da heresia monofisista no Oriente, defendida por Eutiques, monge de Constantinopla. Ensinava o monge que em Jesus Cristo havia somente uma natureza; e não duas –– a humana e a divina –– como é o ensinamento correto. Eutiques já havia sido excomungado por São Flaviano,(5) Patriarca de Constantinopla, e apelou ao Papa. Leão I, depois de investigar a questão, escreveu uma carta dogmática a São Flaviano, com uma exposição serena e profunda da cristologia católica. No caos das discussões, este foi o guia seguro para os espíritos sinceros, estabelecendo e confirmando a doutrina da Encarnação e da união das naturezas divina e humana de Nosso Senhor Jesus Cristo. Ele urgiu que um concílio se reunisse para julgar o concílio ilegalmente realizado em Éfeso –– que condenara e depusera São Flaviano, inocentando Eutiques – e ao qual denominou de “Concílio de Ladrões”. Foi assim reunido o Concílio de Calcedônia, sob os auspícios dos imperadores Marciano e Santa Pulquéria (vide Catolicismo, setembro/08), que condenou Eutiques e Dióscoro, patriarca de Alexandria.

Átila, rei dos hunos, o “Flagelo de Deus”

Um perigo de outra ordem surgiu no horizonte. Átila, rei dos hunos, que a si mesmo chamava de “Flagelo de Deus”, tudo destruía nas Gálias. Tongres, Treves e Metz foram pilhadas; Troyes foi salva por São Lupo, e Orleans por Santo Aniano. Batido nas planícies de Chalons pelos esforços conjuntos de Aécio, Meroveu, rei dos francos, e Teodorico, rei dos visigodos, Átila voltou-se para o norte da Itália, destruindo tudo a ferro e fogo. Muitos se refugiaram nas pequenas ilhas existentes nas lagunas do Mar Adriático, dando origem a Veneza. Átila saqueou Milão; e o imperador Valentiniano III, não se julgando a salvo em Ravena, fugiu para Roma. O imperador, o senado e povo só viram uma saída para conjurar a situação: que São Leão fosse parlamentar com o invasor.
Para São Leão, sua missão era clara: salvar o mundo cristão, e também sua pátria e seu povo. Mas a tarefa não era nada fácil, e o sucesso imprevisível.
São Leão foi encontrar-se com o temível bárbaro nas proximidades de Mântua, revestido de todos os paramentos pontificais e acompanhado por sacerdotes e diáconos em trajes sacerdotais. “Como um leão que não conhece medo nem tardança, este varão se apresentou para falar ao rei dos hunos em Peschiera, pequena cidade próxima de Mântua, e moveu o vencedor a voltar”, diz um cronista da época. Outro contemporâneo, São Próspero da Aquitânia, afirma que São Leão “abandonou-se ao auxílio divino, que nunca falta ao esforço dos justos, e o êxito coroou sua fé”.(6)
Átila prometeu viver em paz com o império mediante um tributo anual. Fez cessar imediatamente as hostilidades, e pouco depois, fiel à sua palavra, retornou aos Alpes.Os bárbaros perguntaram então a seu chefe por que, contra seu costume, havia mostrado tanto respeito para com o Papa, a ponto de obedecer tudo quanto ele havia proposto. Átila respondeu que “não foi a palavra daquele que veio me encontrar que me inspirou um medo tão respeitoso; mas eu vi junto a esse Pontífice um outro personagem, de um aspecto muito mais augusto, venerável por seus cabelos brancos, que se mantinha em pé, em hábito sacerdotal, com uma espada nua na mão, ameaçando-me com um ar e um gesto terríveis, se eu não executasse fielmente tudo o que me era pedido pelo enviado”. Esse personagem era o Apóstolo São Pedro. Segundo outra tradição, o Apóstolo São Paulo estava também presente. Não nos resta nenhum relato contemporâneo dessa intervenção dos Apóstolos. Mas a tradição que no-lo narra está consagrada pela autoridade do Breviário Romano.(7)

Outra invasão de Roma, outras circunstâncias

O Sumo Pontífice ordenou preces públicas para agradecer a Deus tamanho benefício. Mas o povo volúvel logo se esqueceu do magnífico favor, e se entregou às diversões como jogos no circo, teatros e deboches. O imperador não foi o último a dar o mau exemplo da imoralidade mais revoltante. Num sermão, São Leão aplicou ao povo as palavras de Jeremias (5, 2): “Vós os atingistes, e eles não sentiram; vós os quebrastes de golpes, e eles não quiseram submeter-se ao castigo”. Emocionado, acrescentou: “Queira Deus que estes males sirvam para a emenda dos que sobrevivem, e que, cessando as desgraças, cessem também as ofensas”.(8)
Mas sua advertência não foi atendida. Por isso, três anos depois, São Leão já não foi tão bem sucedido com o vândalo Genserico. O que o Pontífice pôde obter dele foi que não queimasse a cidade e respeitasse a vida de seus cidadãos. E que estaria a salvo tudo o que se pudesse recolher nas três grandes basílicas de Roma. Mas Roma foi saqueada durante 15 dias. Ninguém morreu, mas muitos ficaram na miséria.
O Pontífice procurou socorrer os necessitados e reconstruir a cidade, declarando outra vez que esses males se deviam à impiedade do povo. E exclamou: “Meu coração está cheio de tristeza e invadido por um grande temor. Porque estão em grande perigo os homens quando são ingratos a Deus, quando se olvidam de suas mercês e não se arrependem depois do castigo, nem se alegram com o perdão”.(9) São Leão enviou missionários à África para atender os cristãos cativos que Genserico levou consigo.
A rica coleção de cartas e sermões admiráveis que nos legou São Leão Magno — e que lhe mereceram o título de Doutor da Igreja — são um claro espelho da história de seu tempo. “Com ele vemos pela primeira vez o Papado medieval em toda sua concepção grandiosa e sua intransigência necessária, e nele resplandece o duplo elemento que garante a vida divina da Igreja: autoridade e unidade”.(10)
O grande Papa e santo faleceu em Roma no dia 10 de novembro de 461, e foi declarado Doutor da Igreja em 1754.



quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Nuno Álvares Pereira 07/11/2012










Nuno Álvares Pereira nasceu em Portugal a 24 de Junho de 1360, e recebeu a educação cavalheiresca típica dos filhos das famílias nobres do seu tempo.
Aos treze anos torna-se pajem da rainha D. Leonor, tendo sido bem recebido ...na Corte e acabando por ser pouco depois cavaleiro. Aos dezesseis anos casa-se, por vontade de seu pai, com uma jovem e rica viúva, D. Leonor de Alvim.
Da sua união nascem três filhos, dois do sexo masculino, que morrem em tenra idade, e uma do sexo feminino, Beatriz, a qual mais tarde viria a desposar o filho do rei D. João I, D. Afonso, primeiro duque de Bragança.
Quando o rei D. Fernando I morreu a 22 de Outubro de 1383 sem ter deixado filhos varões, o seu irmão D. João, Mestre de Avis, viu-se envolvido na luta pela coroa lusitana, que lhe era disputada pelo rei de Castela por ter desposado a filha do falecido rei.
Nuno tomou o partido de D. João, o qual o nomeou Condestável, isto é, comandante supremo do exército. Nuno conduziu o exército português repetidas vezes à vitória, até se ter consagrado na batalha de Aljubarrota (14 de Agosto de 1385), a qual acaba por determinar à resolução do conflito.
Os dotes militares de Nuno eram no entanto acompanhados por uma espiritualidade sincera e profunda. O amor pela Eucaristia e pela Virgem Maria são os alicerces da sua vida interior.
O estandarte que elegeu como insígnia pessoal traz as imagens do Crucificado, de Maria e dos cavaleiros S. Tiago e S. Jorge. Fez ainda construir às suas próprias custas numerosas igrejas e mosteiros, entre os quais se contam o Carmo de Lisboa e a Igreja de S. Maria da Vitória, na Batalha.
Com a morte da esposa, em 1387, Nuno recusa contrair novas núpcias, tornando-se um modelo de pureza de vida. Quando finalmente alcançou a paz, distribui grande parte dos seus bens entre os seus companheiros, antigos combatentes, e acaba por se desfazer totalmente daqueles em 1423, quando decide entrar no convento carmelita por ele fundado, tomando então o nome de frei Nuno de Santa Maria.
Impelido pelo amor, abandona as armas e o poder para revestir-se da armadura do Espírito recomendada pela Regra do Carmo: era a opção por uma mudança radical de vida em que sela o percurso da fé autêntica que sempre o tinha norteado.
O Condestável do rei de Portugal, o comandante supremo do exército e seu guia vitorioso, o fundador e benfeitor da comunidade carmelita, ao entrar no convento recusa todos os privilégios e assume como própria a condição mais humilde, a de frade Donato, dedicando-se totalmente ao serviço do Senhor, de Maria — a sua terna Padroeira que sempre venerou—, e dos pobres, nos quais reconhece o rosto de Jesus.
Significativo foi o dia da morte de frei Nuno de Santa Maria, aos 71 anos de idade. Era o Domingo de Páscoa, dia 1 de Abril de 1431. Após sua morte, passou imediatamente a ser reputado de “santo” pelo povo, que desde então o começa a chamar “Santo Condestável”.
Nuno Álvares Pereira foi beatificado em 23 de Janeiro de 1918 pelo Papa Bento XV através do Decreto "Clementíssimus Deus" e foi consagrado o dia 6 de Novembro ao, então, beato.
O Santo Padre, Papa Bento XVI, durante o Consistório de 21 de Fevereiro de 2009 determina que o Beato Nuno seja inscrito no álbum dos Santos no dia 26 de Abril de 2009.

São Nuno de Santa Maria, rogai por nós!Ver mais

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Solenidade de Todos os Santos 1º de Novembro 2012










Angelus Solenidade de Todos os Santos
Praça São Pedro
Quinta-feira, 1º de novembro de 2012

Caros irmãos e irmãs,

Hoje temos a alegria de nos encontrar na solenidade de Todos os Santos. Esta festa nos faz refletir sobre o duplo horizonte da humanidade, que exprimimos simbolicamente com as palavras “terra” e “céu”: a terra representa o caminho histórico, o céu a eternidade, a plenitude da vida em Deus. E assim esta festa nos faz pensar na Igreja em sua dupla dimensão: a Igreja no caminho do tempo e aquela que celebra a festa sem fim, a Jerusalém celeste. Estas duas dimensões são unidas pela realidade da “comunhão dos santos”: uma realidade que começa aqui na terra e atinge o seu cumprimento no Céu. No mundo terreno, a Igreja é o início deste mistério de comunhão que une a humanidade, um mistério totalmente centrado em Jesus Cristo: é Ele que introduziu no gênero humano esta dinâmica nova, um movimento que a conduz para Deus e, ao mesmo tempo, para a unidade, para a paz em sentido profundo. Jesus Cristo – diz o Evangelho de João (11, 52) – morreu “para reunir os filhos de Deus dispersos”, e esta sua obra continua na Igreja que é inseparavelmente “una”, “santa” e “católica”. Ser cristãos, fazer parte da Igreja significa abrir-se a esta comunhão, como uma semente que se abre na terra, morrendo, e germina em direção ao alto, ao céu.
Os Santos – aqueles que a Igreja proclama como tal, mas também todos os santos e as santas que somente Deus conhece, e que hoje também celebramos – viveram intensamente esta dinâmica. Em cada um deles, de modo muito pessoal, Cristo se fez presente, graças ao seu Espírito que opera mediante a Palavra e os Sacramentos. Na verdade, estar unido a Cristo, na Igreja, não anula a personalidade, mas a abre, a transforma com a força do amor, e lhe confere, já aqui na terra, uma dimensão eterna. Em essência significa tornar-se conforme a imagem do Filho de Deus (cfr Rm 8,29), realizando o projeto de Deus que criou o homem à sua imagem e semelhança. Mas esta incorporação em Cristo nos abre – como disse – também à comunhão com todos os outros membros do seu Corpo místico que é a Igreja, uma comunhão que é perfeita no “Céu”, onde não existe um isolamento, nenhuma concorrência ou separação. Na festa de hoje, nós já podemos experimentar a beleza desta vida de total abertura ao olhar do amor de Deus e dos irmãos, nos quais temos a certeza de alcançar Deus no outro e o outro em Deus. Com esta fé plena de esperança nós veneramos todos os santos, e nos preparamos para comemorar amanhã os fiéis defuntos. Nos santos vemos a vitória do amor sobre o egoísmo e sobre a morte: vemos que seguir Cristo leva à vida, à vida eterna, e dá sentido ao presente, a cada momento que passa, porque o preenche de amor, de esperança. Somente a fé na vida eterna nos faz amar verdadeiramente a história e o presente, mas sem apegos, na liberdade de um peregrino, que ama a terra porque tem o coração no Céu.




Papa Bento XVI