sexta-feira, 31 de maio de 2013

Visita de Nossa Senhora à sua prima Santa Isabel 31/05/2013


 

 

 
 
 
 
 
 
 
 
 
Nós acompanhamo-la por aqueles caminhos nestes momentos de oração e dizemos-lhe com as palavras que lemos na primeira Leitura da Missa: Entoa cânticos de louvor, filha de Sião, alegra-te e exulta de todo o coração, filha de Jerusalém [...]. O Senhor, que é o rei de Israel, está no meio de ti [...]. Ele se regozijará em ti com júbilo eterno4.

É fácil imaginar a imensa alegria que dominava a nossa Mãe desde o dia da Anunciação, e o grande desejo que teria de comunicá-la. Por outro lado, o anjo dissera-lhe: Eis que Isabel, tua prima, também concebeu um filho..., e, segundo esse testemunho expresso, tratava-se de uma concepção prodigiosa, relacionada de algum modo com o Messias que estava para vir.

Nossa Senhora entrou em casa de Zacarias e saudou sua prima. E aconteceu que, quando Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança saltou no seu seio, e Isabel ficou repleta do Espírito Santo. Toda a casa se transformou pela presença de Jesus e de Maria. A saudação da Virgem “foi eficaz porquanto cumulou Isabel do Espírito Santo. Com as suas palavras, mediante a profecia, Maria fez brotar na sua prima, como de uma fonte, um rio de dons divinos [...]. Com efeito, onde quer que esteja a cheia de graça, tudo fica repleto de alegria”. É um prodígio que Jesus realiza por meio de Maria, d’Aquela que esteve associada desde os começos à Redenção e à alegria que Cristo traz ao mundo.

A festa de hoje apresenta-nos uma faceta da vida interior de Maria: a sua atitude de serviço humilde e de amor desinteressado pelos que se encontram em necessidade, uma atitude que se traduz numa maravilhosa sementeira de alegria. Maria convida-nos sempre à entrega pronta, alegre e simples aos outros. Mas isto só será possível se nos mantivermos muito unidos ao Senhor, trazendo-o dentro de nós pelo estado de graça e pelo espírito de oração: “A união com Deus, a vida sobrenatural, comporta sempre a prática atraente das virtudes humanas: Maria leva a alegria ao lar de sua prima, porque «leva» Cristo”. Nós «levamos» Cristo conosco, e com Ele a alegria, aos lugares onde vamos..., ao trabalho, aos vizinhos, a um doente...? Somos habitualmente causa de alegria para os outros?

À CHEGADA DE NOSSA SENHORA, Isabel, repleta do Espírito Santo, proclama em voz alta: Bendita és tu entre as mulheres, e bendito é o fruto do teu ventre! De onde a mim esta dita, que venha a Mãe do meu Senhor visitar-me? Porque assim que a voz da tua saudação chegou aos meus ouvidos, a criança saltou de alegria no meu ventre.

Isabel não se limita a chamá-la bendita, mas relaciona o seu louvor com o fruto do ventre de Maria, que é bendito pelos séculos. Maria e Jesus estarão sempre juntos. Os momentos mais prodigiosos da vida de Jesus transcorrerão – como neste caso – em íntima união com a sua Mãe, Medianeira de todas as graças: “Esta união entre Mãe e Filho na obra da Salvação – diz o Concílio Vaticano II – manifesta-se desde o tempo da conceição virginal de Cristo até a sua morte”.

Devemos aprender hoje, uma vez mais, que cada encontro com Maria representa um novo encontro com Jesus. “Se procurarmos Maria, encontraremos Jesus. E aprenderemos a entender um pouco do que há no coração de um Deus que se aniquila [...]”, que se torna acessível no meio da simplicidade dos dias correntes de uma cena doméstica como a visita de Maria à sua prima Santa Isabel.

Lembremo-nos, porém, de que esse dom imenso – podermos conhecer e amar a Cristo – teve o seu começo na fé de Santa Maria:Bem-aventurada a que acreditou, diz Isabel a Maria. “A plenitude de graça, anunciada pelo anjo, significa o dom do próprio Deus; a fé de Maria, proclamada por Isabel na Visitação, significa que a Virgem de Nazaré correspondeu a esse dom”.

Manter a fé, robustecê-la no meio da vida diária, não é fácil. Tudo parece tão banal ou tão necessário, tão dependente dos nossos esforços ou de leis meramente naturais, que tendemos a perder de vista que é Deus quem produz em nós o querer e o agir. Sem mim, nada podeis fazer, disse-nos o Senhor: nada. O nosso Deus é um Deus escondido, que prefere atuar por meio de causas segundas. Seremos tão insensatos – e tão infelizes – que não descubramos a sua mão amorosa, os seus desígnios eternos, tanto nos eventos mais clamorosos como no suceder “mecânico” das horas de trabalho, da vida familiar? Para um homem de fé, para uma mulher de fé, tudo é Providência.

O CLIMA QUE RODEIA e empapa o episódio da Visitação é de alegria; o mistério da Visitação é um mistério jubiloso. João Batista exulta de alegria no seio de Santa Isabel; Isabel, cheia de alegria pelo dom da maternidade, prorrompe em aclamações ao Senhor; e, enfim, Maria eleva aos céus o Magnificat, um hino transbordante de alegria messiânica. O Magnificat é “o cântico dos tempos messiânicos, onde confluem a alegria do antigo e do novo Israel”. E é a manifestação mais pura do segredo íntimo da Virgem, que lhe fora revelado pelo anjo. Não há nele rebuscamento nem artificialismo: é o espelho da alma de Nossa Senhora, uma alma cheia de grandeza e tão próxima do seu Criador: A minha alma glorifica o Senhor, e o meu espírito rejubila em Deus, meu Salvador.

E com este canto de alegria humilde, a Virgem deixou-nos uma profecia: Eis que desde agora me chamarão bem-aventurada todas as gerações. “Desde remotíssimos tempos a Bem-aventurada Virgem é venerada sob o título de Mãe de Deus, sob cuja proteção os fiéis se refugiam súplices em todos os seus perigos e necessidades. Por isso, sobretudo a partir do Concílio de Éfeso, o culto do povo de Deus a Maria cresceu maravilhosamente em veneração e amor, em invocações e desejos de imitação, de acordo com as suas próprias palavras proféticas: Eis que me chamarão bem-aventurada todas as gerações, porque fez em mim grandes coisas aquele que é Todo-Poderoso.

A nossa Mãe Santa Maria não se distinguiu por nenhum feito prodigioso; o Evangelho não nos dá a conhecer nenhum milagre que tenha realizado enquanto esteve na terra; poucas, muito poucas são as palavras que dEla nos conservou o texto inspirado. A sua vida aos olhos dos outros foi a de uma mulher corrente, que devia levar adiante a sua família. No entanto, a profecia cumpriu-se fielmente. Quem pode contar os louvores, as invocações, as oferendas e os santuários em sua honra, as devoções marianas...? Ao longo de vinte séculos, chamaram-na bem-aventurada pessoas de todo o gênero e condição: intelectuais e gente que não sabia ler, reis, guerreiros, artesãos, pessoas de idade avançada e crianças que começavam a balbuciar... Nós estamos cumprindo agora aquela profecia. Ave Maria, cheia de graça [...], bendita sois vós entre as mulheres..., dizemos-lhe na intimidade do nosso coração.

 
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quinta-feira, 30 de maio de 2013

Corpus Christi 30/05/2013

 











Uma das inteligências mais privilegiadas da história do pensamento humano foi, sem dúvida, Santo Tomás de Aquino; já em vida, teve um enorme prestígio. A sua obra filosófica e teológica continua sendo uma referência obrigatória. Quando o Papa Urbano IV lhe propôs ser cardeal, Fr. Tomás não quis aceitar tal dignidade. O Papa perguntou-lhe se recusava o título por razões de humildade, ao que Tomás de Aquino respondeu: “-Não, Santo Padre. Na verdade, eu desejo algo maior”. O Papa surpreendido disse: “-Você quer ser Papa?”. Então Santo Tomás manifestou o seu desejo: “-O que eu quero é que a festa de Corpus Christi se estenda a toda a Igreja”. O Papa, antes de responder, ficou um pouco meditativo; depois lhe disse: “-Pedis muito, Tomás, mas o farei se me prometerdes encarregar-vos da composição da liturgia da festa”. E assim foi! A festa de Corpus Christi começou a celebrar-se em toda a Igreja Católica por meio da Bula Transiturus, de Urbano IV, do dia 8 de setembro de 1264, e os belíssimos textos que a liturgia da Igreja tem para essa solenidade, tanto na Missa como na Liturgia das Horas, foram escritos por esse grande Santo.
No dia de hoje, ao participarmos da Santa Missa e sairmos às ruas em Procissão, façamo-lo com fé, com amor, com devoção, com dignidade, em espírito de adoração. Sejamos esmeradamente cuidadosos com o Corpo e o Sangue de Deus. Somente se soubermos cuidar o Corpo Eucarístico do Senhor, cuidaremos da maneira que convém do Corpo Místico de Cristo, que é a Igreja, e dos nossos irmãos numa verdadeira fraternidade e solidariedade. Dediquemos ao culto eucarístico os nossos melhores esforços, os melhores ornamentos, os melhores cálices, os melhores cantos. Tudo para Deus!
Como outrora, Jesus nos recebe e nos fala do Reino, cura as nossas enfermidades e nos dá de comer (cfr. Lc 9,11-17). No Sacramento da Eucaristia podemos experimentar essa realidade: Deus está não somente perto de nós, mas dentro de nós. “O Senhor esteja convosco” – nos diz o sacerdote em cada celebração da Eucaristia. Agradecemos a Deus pela sua presença, pelo seu amor, pela sua misericórdia, pela sua amizade?
Recordemos: no momento em que o sacerdote pronuncia as palavras da consagração sobre o pão e o vinho, esses elementos se convertem no Corpo e no Sangue adoráveis de Jesus Cristo. Depois da consagração já não há mais pão, há somente o Corpo de Cristo; não há mais vinho, mas tão somente o Sangue de Cristo. Junto com Jesus, se fazem presentes o Pai e o Espírito Santo porque onde está uma Pessoa da Santíssima Trindade estão as outras duas. Na espécie do pão está todo o Cristo, na do vinho também. Em cada fragmento das espécies do pão e em cada gota da espécie do vinho está Cristo inteiro. Quem comunga somente a espécie do pão, recebe também o seu Sangue e toda a realidade que comporta esse sacramento; quem recebe somente a espécie do vinho, recebe também todo o Cristo. Ao partir-se a hóstia, não partimos a Cristo, pois não se trata de uma presença física de Cristo, mas de uma presença misteriosa, que a teologia chama de presença substancial.
Diante da presença de Jesus Cristo, sejamos educados, corteses, elegantes. Ao entrar na igreja, não nos esqueçamos de usar um pouco da água benta disposta nas paróquias para esse fim, a água benta nos lembra o nosso batismo e nos livra das ciladas do demônio. Em seguida, procuremos onde está o Sacrário e façamos uma genuflexão pausada diante do nosso Deus; que seja uma genuflexão bem feita, isto é, dobrando joelho direito até o chão (não é jeitoso benzer-se ao mesmo tempo, primeiro se faz a genuflexão e depois se benze, ou ao contrário). Não conversemos dentro da Igreja, caso seja necessário falar algo com alguém, façamo-lo em voz baixa. É de boa educação chegar uns minutinhos antes na Missa, dessa maneira manifestamos que nós esperamos a Jesus. Escutemos com atenção as leituras. Às palavras da consagração, está previsto que nos ajoelhemos e não que fiquemos de pé (a não ser que haja alguma causa justa; neste caso, pelo menos façamos uma “inclinação profunda enquanto o sacerdote faz genuflexão após a consagração”); caso se receba a comunhão de pé, é bom fazer alguma reverência antes de recebê-la. Depois da comunhão, não nos esqueçamos de dar graças a Deus, normalmente se recomenda pelo menos uns 10 minutinhos em oração depois de comungar. Também seria muito bom se nos acostumássemos a fazer visitas a Jesus no Sacrário, pois frequentemente o Senhor está muito sozinho nos Sacrários das nossas igrejas e, além do mais, ele está aí por você e por mim. Enfim, tenho certeza que o amor a Deus que está em nossos corações nos sugerirá outros detalhes de carinho para com Jesus na Santíssima Eucaristia. Quem ama é criativo!

Pe. Françoá Rodrigues Figueiredo Costa

terça-feira, 14 de maio de 2013

Nossa Senhora de Fátima 13/05/2013



O jornal "O Século" publica um artigo de Avelino de Almeida, onde este descreve o que presenciou na Cova da Iria no dia 13 de Outubro de 1917.

COISAS ESPANTOSAS!
COMO O SOL BAILOU AO MEIO DIA EM FÁTIMA


As aparições da Virgem - Em que consistiu o sinal do céu - Muitos milhares de pessoas afirmam ter-se produzido um milagre - A guerra e a paz

Lucia, de 10 anos; Francisco, de 9, e Jacinta, de 7, que na charneca de Fátima, concelho de Vila Nova de Ourem, dizem ter falado com a Virgem Maria


             

Ao saltar, após demorada viagem, pelas dezesseis horas de Hourem, na estação de Chão de Maçãs, onde se apearam tambem pessoas religiosas vindas de longes terras para assistir ao "milagre", perguntei, de chofre, a um rapazote do "char-á-bancs" da carreira se já tinha visto a Senhora. Com seu sorriso sardoico e o olhar enviezado, não hesitou em responder-me:

- Eu cá só lá vi pedras, carros, automoveis, cavalgaduras e gente!

Por um facil equivoco, o trem que nos devia conduzir, a Judah Ruah e a mim, até à vila, não apareceu e decidimo-nos a calcoffiar corajosamente cêrca de duas leguas por não haver logar para nós na diligência e estarem, desde muito, afreguezadas as carriotas que aguardavam passageiros. Pelo caminho, topámos os primeiros ranchos que seguiam em direção ao local santo, distante mais de vinte kilometros bem medidos.

Homens e mulheres vão quasi todos descalços - elas com saquiteis à cabeça, sobrepujados pelas sapatorras; eles abordoando-se a grossos vara-paus e cautelosamente munidos tambem de guarda-chuva. Dir-se-hiam, em geral, alheados do que se passa à sua volta, n'um desinteresse grande da paizagem e dos outros viandantes, como que imersos em sonho, rezando n'uma triste melopeia o terço. Uma mulher rompe com a primeira parte da ave-maria, a saudação; os companheiros, em côro, continuam com a segunda parte, a suplica. N'um passo certo e cadenciado, pisam a estrada poeirenta, entre pinhaes e olivedos, para chegarem antes que se cerre a noite ao sitio da aparição, onde, sob o relento e a luz fria das estrelas, projetam dormir, guardando os primeiros Jogares junto da azinheira bemdita - para no dia de hoje verem melhor.

À entrada da vila, mulheres do povo a quem o meio já infêtou com o virus do céticismo, comentam, em tom de troça, o caso do dia:

- Então vaes vêr ámanhã a santa?

- Eu, não. Se ela ainda cá viesse!

E riem-se com gosto, emquanto os devotos proseguem indiferentes a tudo o que não seja o objetivo da sua romagem. Em Hourem só por uma amabilidade extrema se encontra aposentadoria. Durante a noite, reunem-se na praça da vila os mais variados veículos conduzindo crentes e curiosos sem que faltem velhas damas vestidas de escuro, vergadas já ao peso dos anos, mas faiscando-lhes nos olhos o lume ardente da fé que as animou ao ato corajoso de abandonar por um dia o inseparavel cantinho da sua casa. Ao romper d'alva, novos ranchos surgem intrépidos e atravessam, sem pararem um instante, o povoado, cujo silencio quebram com a harmonia dos canticos que vozes femininas, muito armadas, entoam n'um violento contraste com a rudeza dos tipos...

O sol nasce, mas o cariz do céu ameaça tormenta. As nuvens negras acastelam-se precisamente sobre as bandas de Fátima. Nada, todavia, detem os que por todos os caminhos e servindo-se de todos os meios de locomoção para lá confluem. Os automoveis luxuosos deslisam vertiginosamente, tocando as buzinas; os carros de bois arrastam-se com vagar a um lado da estrada; as galeras, as vitorias, os caleches fechados, as carroças nas quaes se improvisaram assentos vão ajoujados a mais não poderem. Quasi todos levam com os farneis, mais ou menos modestos, para as bocas cristãs a ração de folhelho para os irracionaes que o "poverelo" de Assis chamava nossos irmãos e que cumprem valorosamente a sua tarefa... Tilinta uma ou outra guiseira, vê-se uma carrocinha adornada de buxo; no emtanto, o ar festivo é discreto, as maneiras são compostas e a ordem absoluta... Burrinhos choutam à margem da estrada e os ciclistas, numerosissimos, fazem prodígios para não esbarrar de encontro aos carros.

Pelas dez horas, o ceu tolda-se totalmente e não tardou que entrasse a chover a bom chover. As cordas de agua, batidas por um vento agreste, fustigam os rostos, encharcando o macadame e repassando até os ossos os caminhantes desprovidos de chapeus e de quaesquer outros resguardos. Mas ninguem se impaciente ou desiste de proseguir e, se alguns se abrigam sob a copa das arvores, junto dos muros das quintas ou nas distanciadas casas que se debruçam ao longo do caminho, outros continuam a marcha com uma impressionante resistencia, notando-se algumas senhoras cujos vestidos colados aos corpos, por efeito do impeto e da pertinácia da chuva, lhes desenham as fórmas como se tivessem saído do banho!

O ponto da charneca de Fátima, onde se disse que a Virgem aparecera aos pastorinhos do logarejo de Aljustrel, é dominado n'uma enorme extensão pela estrada que corre para Leiria, e ao longo da qual se postaram os veículos que lá conduziram os peregrinos e os mirones. Mais de cem automoveis alguem contou e mais de cem bicicletas, e seria impossível contar os diversos carros que atravancaram a estrada, um d'eles o auto-omnibus de Torres Novas, dentro do qual se irmanavam pessoas de todas as condições sociaes.

Mas o grosso dos romeiros, milhares de creaturas que foram de muitas leguas ao redor e a que se juntaram fieis idos de varias províncias, alemtejanos e algarvios, minhotos e beirões, congregam-se em tomo da pequenina azinheira que, no dizer dos pastorinhos, a visão escolhera para seu pedestal e que podia considerar-se como que o centro de um amplo circulo em cujo rebordo outros espectadores e outros devotos se acomodam. Visto da estrada, o conjunto é simplesmente fantástico. Os prudentes camponios, abarracados sob os chapeus enormes, acompanham, muitos d'eles, o desbaste dos parcos farneis com o conduto espiritual dos hinos sacros e das dezenas do rosario.

Não ha quem tema enterrar os pés na argila empapada, para ter a dita de ver de perto a azinheira sobre a qual ergueram um tosco portico em que bamboleiam duas lanternas... Altenam-se os grupos que cantam os louvores da Virgem, e uma lebre, espavorida, que galga matagal em fóra, apenas desvia as atenções de meia duzia de zagaletes que a alcançam e prostram à cacetada...

E os pastorinhos? Lucia, de 10 anos, a vidente, e os seus pequenos companheiros, Francisco, de 9, e Jacinta, de 7, ainda não chegaram. A sua presença assinala-se talvez meia hora antes da indicada como sendo a da aparição. Conduzem as rapariguinhas, coroadas de capelas de flôres, ao sitio em que se levanta o portico. A chuva cae incessantemente mas ninguem desespera. Carros com retardatários chegam à estrada. Grupos de freis ajoelham na lama e a Lucia pede-lhes, ordena que fechem os chapeus. Transmite-se a ordem, que é obedecida de pronto, sem a minima relutância. Ha gente, muita gente, como que em extase; gente comovida, em cujos labios secos a prece paralisou; gente pasmada, com as mãos postas e os olhos borbulhantes; gente que parece sentir, tocar o sobrenatural...

A criança afirma que a Senhora lhe falou mais uma vez, e o céu, ainda caliginoso, começa, de subito, a clarear no alto; a chuva pára e presente-se que o sol vae inundar de luz a paizagem que a manhã invernosa tomou ainda mais triste...

A hora antiga' é a que regula para esta multidão, que calculos desapaixonados de pessoas cultas e de todo o ponto alheias ás influencias misticas computam em trinta ou quarenta mil creaturas... A manifestação miraculosa, o sinal visivel anunciado está prestes a produzir-se - asseguram muitos romeiros... E assiste-se então a um espectáculo unico e inacreditavel para quem não foi testemunha d'ele. Do cimo da estrada, onde se aglomeram os carros e se conservam muitas centenas de pessoas, a quem escasseou valor para se meter à terra barrenta, vê-se toda a imensa multidão voltar-se para o sol, que se mostra liberto de nuvens, no zenit. O astro lembra uma placa de prata fosca e é possivel fitar-lhe o disco sem o minimo esforço. Não queima, não cega. Dir-se-hia estar-se realisando um eclipse. Mas eis que um alarido colossal se levanta, e aos espectadores que se encontram mais perto se ouve gritar:

- Milagre, milagre! Maravilha, maravilha!

Aos olhos deslumbrados d'aquele povo, cuja atitude nos transporta aos tempos biblicos e que, palido de assombro, com a cabeça descoberta, encara o azul, o sol tremeu, o sol teve nunca vistos movimentos bruscos fóra de todas as leis cosmicas - o sol «bailou», segundo a tipica expressão dos camponeses.. Empoleirado no estribo do auto-omnibus de Torres Novas, um ancião cuja estatura e cuja fisionomia, ao mesmo tempo doce e energica, lembram as de Paul Déroulède, recita, voltado para o sol, em voz clamorosa, de principio a fim, o Credo. Pergunte quem é e dizem-me ser o sr. João Maria Amado de Melo Ramalho da Cunha Vasconcelos.

Vejo-o depois dirigir-se aos que o rodeiam, e que se conservaram de chapeu na cabeça, suplicando-lhes, veementemente, que se descubram em face de tão extraordinária demonstração da existência de Deus. Cenas idênticas repetem-se n'outros pontos e uma senhora clama, banhada em aflitivo pranto e quasi n'uma sufocarão:

- Que lastima! Ainda ha homens que se não descobrem deante de tão estupendo milagre!

E, a seguir, perguntam uns aos outros se viram e o que viram. O maior numero confessa que viu a tremura, o bailado do sol; outros, porém, declaram ter visto o rosto risonho da propria Virgem, juram que o sol girou sobre si mesmo como uma roda de fogo de artificio, que ele baixou quasi a ponto de queimar a terra com os seus raios... Ha quem diga que o viu mudar sucessivamente de côr...

São perto de quinze horas.

O ceu está varrido de nuvens e o sol segue o seu curso com o esplendor habitual que ninguem se atreve a encarar de frente. E os pastorinhos? Lucia, a que fala com a Virgem, anuncia, com ademanes teatraes, ao colo de um homem, que a transporta de grupo em grupo, que a guerra terminára e que os nossos soldados iam regressar... Semelhante nova, todavia, não aumenta o jubilo de quem a escuta. O sinal celeste foi tudo. Ha uma intensa curiosidade em vêr as duas rapariguinhas com suas grinaldas de rosas, ha quem procure oscular as mãos das «santinhas», uma das quaes, a Jacinta, está mais para desmaiar do que para danças", mas aquilo por que todos anciavam - o sinal do ceu - bastou a satisfazel-os, a radical-os na sua fé de carvoeiro. Vendedores ambulantes oferecem os retratos das crianças em bilhetes postaes e outros bilhetes que representam um soldado do Corpo Expedicionario Portuguez "pensando no auxilio da sua protetora para salvação da Patria" e até uma imagem da Virgem como sendo a figura da visão...

Bom negocio foi esse e decerto mais centavos entraram na algibeira dos vendedores e no tronco das esmolas para os pastorinhos do que nas mãos estendidas e abertas dos leprosos e dos cegos que, acotevelando-se com os romeiros, atiravam aos ares seus gritos lancinantes...

O dispersar faz-se rapidamente, sem dificuldades, sem sombra de desordem, sem que fosse mister que o regulasse qualquer patrulha da guarda. Os peregrinos que mais depressa se retiram, correndo estrada fóra, são os que primeiro chegaram, a pé e descalços com os sapatos à cabeça ou dependurados nos varapaus. Vão, com a alma em lausperene, levar a boa nova aos logarejos que não se despovoaram de todo. E os padres? Alguns compareceram no local, sorridentes, enfileirando mais com os espectadores curiosos do que com os romeiros avidos de favores celestiaes. Talvez um ou outro não lograsse dissimular a satisfação que no semblante dos triunfadores tantas vezes se traduz...

Resta que os competentes digam de sua justiça sobre o macabro bailado do sol que hoje, em Fátima, fez explodir hossanas dos peitos dos fieis e deixou naturalmente impressionados - ao que me asseguraram sujeitos fidedignos os livres pensadores e outras pessoas sem preocupações de natureza religiosa que acorreram à já agora celebrada charneca.

Avelino de Almeida

quarta-feira, 8 de maio de 2013

SÃO DOMINGOS SÁVIO 09/05/2013


 
 
 


 





SÃO DOMINGOS SÁVIO

“Antes morrer do que pecar”
“Procureis o que é agradável ao Senhor e não participeis nas obras estéreis das trevas, pelo contrário, condenai-as abertamente. “(Ef.5,10-11).

O Pequeno Domingos Sávio nasceu aos 2 de abril de 1842 numa aldeia perto de Turin.
Filho do ferreiro Carlos Sávio e da Dona Brígida, que apesar da extrema pobreza, viviam num ambiente familiar de amor, fé e alegria.
Domingos era uma criança especial e sempre surpreendia seus pais com gestos de afeto, palavras de encorajamento e edificação
No ano de 1847, os Sávio partem para um lugar, chamado Murialdo, D. Brígida trabalhava como costureira, além de cuidar dos afazeres domésticos, e Seu Carlos Sávio, além de ferreiro, trabalhava no campo.
O Capelão de Murialdo era o Padre João Zucca, Sacerdote Santo e piedoso que logo percebeu no pequeno Domingos Sávio um perfume de Santidade.
Numa fria manhã de inverno, por volta das 5 horas. Padre João ao abrir a Igreja para a primeira missa , encontra o pequeno Domingos, envolto em agasalhos, na escadaria aguardando a missa, tinha apenas 5 anos de idade.
Daquele dia em diante Domingos Sávio começou a servir nas missas como coroinha.
No ano de 1848, Domingos começa a frequentar o 1° ano primário e por sorte seu professor era o Padre João Zucca.
Era comum naquela época que as crianças recebessem a 1ª comunhão aos 12 anos, porém, Padre João Zucca , conversando com alguns sacerdotes dos povoados vizinhos e de comum acordo quiseram conhecer Domingos que estava com 7 anos e testar seus conhecimentos e virtudes.
Todos os sacerdotes foram unânimes em aprovar nosso Santinho, e no dia 08 de abril de 1849, festa da Páscoa, recebeu Jesus na Eucaristia.
Ao chegar em casa, escreve seu tratado de vida:

“Lambranças da minha 1° Comunhão.”

01. Confessar-me-ei com muita frequência e farei a comunhão todas as vezes que o confessor permitir.
02. Quero santificar os Dias Santos.
03. Meus amigos serão Jesus e Maria.
04. Antes morrer que pecar


Para continuar seus estudos, Domingos deveria ir e vir a Castelnuovo que distava cerca de 5 km de sua casa, perfazendo, assim, 10 km diários. Apesar de sua aparência frágil e de sua estatura franzina, suportava frio, chuva e calor com paciência e amor.
Certo dia um camponês que diariamente o via passar a pé perguntou-lhe:
-Você não tem medo de andar sozinho por estes caminhos:
-Nunca estou só, meu anjo da guarda me acompanha! Respondeu Domingos.
O camponês, surpreso acrescentou:
-Vai se cansar, com este calor!
-Não, não me canso porque trabalho para um patrão que me paga muito bem!
-Para quem trabalhas? Quem é teu patrão?
- Nosso Senhor, que paga até um copo de água dado por seu amor!
A família Sávio decidiu retornar para Mondônio, lá havia escolas e Domingos não precisaria caminhar tanto.
No Colégio conheceu Pe. Cagliero, que era seu professor e logo percebeu em Domingos uma grande bondade.
Ainda neste colégio, Domingos, foi injustamente acusado de uma grave falta que seus colegas cometeram. Ele porém calou-se! Foi repreendido publicamente mesmo sendo inocente.
O Pe. Cagliero era amigo e conterrâneo de Dom Bosco, e pensou que a seu lado Domingos Savio receberia uma excelente formação.
No dia 2 de outubro de 1854, aconteceu o primeiro encontro, em Castelnuevo, na frente da casa do irmão de Dom Bosco.
Domingos Sávio perguntou à Dom Bosco:
-Leva-me a Turim para estudar?
-É, parece que temos ai uma boa fazenda! Respondeu Dom Bosco.
-E para que pode servir essa fazenda? Perguntou Domingos Savio
-Para fazer uma roupa e dá-la de presente
a Nosso Senhor.
-Então eu sou a fazenda e o Senhor é o alfaiate, leve-me e faça de mim uma bela roupa.
Sendo assim, no dia 29 de outubro de 1854, Domingos fez um pacote com livros e roupas e também com algumas guloseimas que sua mãe preparou para a viagem. A separação foi penosa, porém decisiva.
Domingos cheio de encanto, apesar da separação da família, encontrou um lar, o pai Dom Bosco e a Dona Margarida mãe de Dom Bosco, e mais 115 irmãos que corriam, jogavam, estudavam, aprendiam algum oficio e rezavam.
Dom Bosco, a cada instante, se surpreendia com seu aluno Domingos!
Domingos dizia:
“Os olhos são a janela da alma. Pela janela passa o que se deixa passar. Por ela podemos deixar passar um anjo ou um demônio, e fazer com que um deles se torne dono do nosso coração” e assim Domingos dava exemplos e lições de vida, com o tempo conquistou a todos, até que em fevereiro de 1857, durante um rigoroso inverno, foi acometido de uma tosse gravíssima e a conselho de Dom Bosco, voltou para casa de seus pais para um bom tratamento.
Domingos, ao se despedir de Dom Bosco disse:
-Eu não volto mais... Em seguida pede a Dom Bosco perdão e este assim respondeu:

-Garanto-lhe em nome de Deus que seus pecados foram todos perdoados.
Domingos beija a mão do pai Dom Bosco e parte para sua casa, a dor da partida dilacera o coração do mestre e seus colegas.
Ao chegar em casa recebe o amor e a afeição de seus pais e irmãos, todos fazem festa com a sua volta, seu estado de saúde se agrava e são obrigados a chamar o médico.
Por alguns dias o médico acompanhou o sofrimento do jovem Domingos, porem seus estado piorava e ele se mantinha sereno, apesar das dores.
Em tudo dava graças a Deus e tudo oferecia por amor a Jesus.
Em 9 de março de 1857, Domingos nascia uma segunda vez diretamente para o céu, estava com 15 anos e no dia 12 de junho de 1954 Pio XII o eleva a honra dos altares.
São Domingos Sávio viveu o ideal da santidade, deixando o exemplo para todos os jovens independente seu tempo.

Oremos

Ó amável São Domingos Sávio, que em vossa breve vida, fostes admirável exemplo de virtudes cristãs, ensinai-nos a amar Jesus com vosso fervor, à Virgem Santa com vossa pureza às almas com vosso zelo; fazei ainda que imitando-vos no propósito de tornarmo-nos santos, saibamos como vós preferir a morte ao pecado, para poder-vos encontrar na eterna felicidade do céu.

 

quarta-feira, 1 de maio de 2013

São José Operario 1º de Maio 2013





 
 
 
 
 
 
 
São José Operário
Século I
Padroeiro dos trabalhadores
 
 
É só traçar um paralelo entre a vida cheia de sacrifícios de são José, que trabalhou a vida toda para ver Nosso Senhor Jesus Cristo, dar a vida pela humanidade, e a luta dos trabalhadores do mundo todo, pleiteando respeito a seus direitos mínimos, para entender os motivos que levaram o papa Pio XII a instituir a festa de "São José Trabalhador", em 1955, na mesma data em que se comemora o dia do trabalho em quase todo o planeta.
 
São José é o modelo ideal do operário. Sustentou sua família durante toda a vida com o trabalho de suas próprias mãos, cumpriu sempre seus deveres para com a comunidade, ensinou ao Filho de Deus a profissão de carpinteiro e, dessa maneira suada e laboriosa, permitiu que as profecias se cumprissem e seu povo fosse salvo, assim como toda a humanidade.
 
Proclamando São José protetor dos trabalhadores, a Igreja quis demonstrar que está ao lado deles, os mais oprimidos, dando-lhes como patrono o mais exemplar dos seres humanos, aquele que aceitou ser o pai adotivo de Deus feito homem, mesmo sabendo o que poderia acontecer à sua família.
 
José lutou pelos direitos da vida do ser humano e, agora, coloca-se ombro a ombro na luta pelos direitos humanos dos trabalhadores do mundo, por meio dos membros da Igreja que aumentam as fileiras dos que defendem os operários e seu direito a uma vida digna.
 
Muito acertada mais esta celebração ao homem "justo" do Evangelho, que tradicional e particularmente também é festejado no dia 19 de março, onde sua história pessoal é relatada.

Oração à São José Operário
 
Para pedir emprego.
 
Oh! meu querido Santo Trabalhador, que em vida fizestes a vontade de Deus através do trabalho, abra as portas do comércio para que eu possa conseguir um emprego. Dai-me forças e coragem para não desistir no primeiro não. Que eu tenha a disposição de Santa Teresa D'Ávila, a simplicidade de Maria de Nazaré, a força de Santo Antonio.
 
Orienta os nossos governantes para a distribuição dos bens do país. Protege as nossas famílias para que não se deixem vencer pela seca, pelo medo, pela violência, pela falta de trabalho e dê esperança no Domingo da ressurreição.
 
Meu São José, padroeiro dos trabalhadores, não me deixe sem o pão de cada dia e sem perspectiva de um novo dia para minha família. Prometo, com o dinheiro do meu futuro emprego, ajudar uma instituição de caridade a divulgar essa devoção.
Por Cristo Senhor Nosso. Amém.
 
Leia um texto da Bíblia. Mt.2, 13-23 e reze: Pai-Nosso..., Ave-Maria..., Glória ao Pai...
 


 
 
Fonte Internet