domingo, 14 de julho de 2013

São Camilo de Lellis 14-07-2013


São Camilo de Lellis

25 de maio de 1550, ano Santo e dia solene, em Buquiânico, lugarejo da província de Abruzzo, na Itália, nasce Camilo de Lellis1. Sua infância é marcada pelos ensinamentos
religiosos e caridosos vindos de sua mãe, porém aos doze anos, viciado em jogos, não nutre interesse pela escola, pois mal sabe ler e escrever.
Desde cedo deseja seguir a profissão do pai e, aos dezoito anos, alista-se no exército da república de Veneza, para combater aos muçulmanos, enveredando-se pelo caminho das aventuras, na busca do seu bem-estar.
Durante o percurso adoece. Uma febre contínua o molesta e logo surge uma chaga sobre o peito do pé direito, que o acompanha até o último dia de sua vida. Retorna à cidade natal, onde há uma piora significativa de seu estado de saúde1.
Camilo vai em busca de tratamento para a ferida no Hospital São Tiago dos Incuráveis, permanecendo lá alguns meses, até a melhora de sua saúde. Como não tem dinheiro para pagar o tratamento, presta serviços de servente e, nesse momento, tem o primeiro contato com o mundo da doença. Ainda com a saúde debilitada e sem dinheiro, não lhe resta outra alternativa, a não ser pedir esmola. É quando um bom ancião, Antônio Di Nicastro, se compadece dele, fazendo-lhe uma proposta de emprego para trabalhar em uma construção dos padres capuchinhos1.
Confiante em seu novo emprego, descobre sua vocação, sendo nomeado frei Cristóvão, entretanto, os frades o apelidaram de frei da humildade, pela sua vida simples e desprendida de bens materiais. Porém, a chaga sobre o peito de seu pé direito reabre, interrompendo o desejo de tornar-se capuchinho, levando-o, em 1579, mais uma vez, ao Hospital São Tiago dos Incuráveis. Após sua cura, Camilo retorna ao convento dos capuchinhos e, após sete meses de trabalho, gozando de perfeita saúde, a chaga re- aparece, sendo, mais uma vez, demitido da ordem. Esse fato o leva a seguir em frente com a determinação de servir aos doentes.
No final de 1579, retorna ao Hospital São Tiago dos Incuráveis, sendo nomeado mordomo, onde desempenha sua função com zelo e amor e, uma vez por semana, realiza a prática da caridade para com os doentes. Camilo de Lellis revoluciona por seus ideais e ensinamentos a atenção  a ser dispensada ao ser humano, pois considera o ato de servir ao outro como o de servir a Deus.
Em um breve momento de reflexão, tem a ideia de constituir uma companhia de homens piedosos que aceitem generosamente socorrer aos pobres doentes, sem recompensa alguma, como voluntário por amor a Deus. Para distinguir esses homens, surge a ideia de ter a cruz vermelha como um símbolo, representando a companhia. As primeiras reuniões para sua formação, são realizadas em um quarto desocupado do hospital, onde fora montado um oratório, com um altar e sobre ele um crucifixo.
Um dia, Camilo, diante do crucifixo querido, fica a orar e adormece, tendo um sonho no qual vê o Cristo despregar os braços da cruz e dizer-lhe: “Coragem, ó
‘pusilânime’! Vai em frente: a obra não é tua, mas é minha” .Esse acontecimento o entusiasma, a não abandonar o seu ideal, pois está em jogo a vida dos doentes, sendo que seu propósito é o cuidado da pessoa humana, em sua globalidade. Lellis compreende que a verdadeira assistência não deve separar a alma do corpo, portanto, como enfermeiro, opta em ser sacerdote, para com autoridade e liberdade, agir em prol dos enfermos.
Outra vez, quando em um dia de desânimo, põem-se a orar e, diante do mesmo crucifixo, vê o Cristo estender lhe as mãos como para abraçá-lo e dizer-lhe: “De que te afliges, ó ‘pusilânime’? Continua a empresa, que eu te ajudarei. Esta obra é minha e não tua”.Esses dois episódios o entusiasmam a lutar fielmente como um gigante e apóstolo da caridade.
Em 1582, decide retomar os estudos para levar adiante sua obra, sendo ordenado sacerdote em 26 de maio de 1584. Dois anos mais tarde, o Papa Sisto V aprova a com- panhia, dando-lhe o nome de Congregação dos Ministros dos Enfermos. Camilo, junto a seus companheiros, passa a trabalhar no hospital do Espírito Santo e a procurar os doentes e pobres na periferia e cortiços de Roma. Após três meses, o mesmo Papa o autoriza a utilizar, no hábito, a cruz vermelha, como forma de identificação.
Em 1591, o Papa Gregório XIV, maravilhado com o trabalho desenvolvido por Camilo e seus seguidores, durante a carestia e peste de Roma, decreta, por meio da Bula Illius qui pro Gregis, a elevação da Congregação à Ordem de Clérigos Regulares Ministros dos Enfermos, que representa plenamente a espiritualidade e o carisma de Camilo. Em dezembro do mesmo ano, na presença de religiosos e sob a presidência do delegado da Santa Sé, Camilo de Lellis é eleito o primeiro superior geral da Ordem que fundou.
Falece aos 64 anos, no dia 14 de julho de 1614, em Roma. O processo de beatificação de Camilo de Lellis, começa em 1624, sendo interrompido por Urbano VIII. Em 1660, a pedido do Papa Alexandre VII, os trabalhos são reativados. Em 1742, na Basílica do Vaticano, templo em que Camilo sempre orava com extrema devoção, vê- se a glorificação final do novo bem-aventurado. O Papa Bento XIV, no ano de 1746, o coloca entre os santos como o grande e admirável pai e modelo dos enfermeiros. Os outros Papas também o reverenciam: Leão XIII, em 1886, o considera patrono de todos os doentes e hospitais do mundo; Pio XIX, em 1930, propõe São Camilo como modelo de caridade para os médicos e enfermeiros.

Nenhum comentário:

Postar um comentário