sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Nossa Senhora Aparecida 12/10/2012












A devoção a Maria é fonte de vida cristã profunda
“Viva a Mãe de Deus e nossa, sem pecado concebida! Viva a Virgem Imaculada, a Senhora
Aparecida!”
Desde que pus os pés em terra brasileira, nos vários pontos por onde passei, ouvi este cântico.
Ele é, na ingenuidade e singeleza de suas palavras, um grito da alma, uma saudação, uma
invocação cheia de filial devoção e confiança para com aquela que, sendo verdadeira Mãe de
Deus, nos foi dada por seu Filho Jesus no momento extremo da sua vida para ser nossa Mãe.
Sim, amados irmãos e filhos, Maria, a Mãe de Deus, é modelo para a Igreja, é Mãe para os
remidos. Por sua adesão pronta e incondicional à vontade divina que lhe foi revelada, torna-se
Mãe do Redentor, com uma participação íntima e toda especial na história da salvação. Pelos
méritos de seu Filho, é Imaculada em sua Conceição, concebida sem a mancha original,
preservada do pecado e cheia de graça.
Ao confessar-se serva do Senhor (Lc 1,38) e ao pronunciar o seu sim, acolhendo “em seu
coração e em seu seio” o mistério de Cristo Redentor, Maria não foi instrumento meramente
passivo nas mãos de Deus, mas cooperou na salvação dos homens com fé livre e inteira
obediência. Sem nada tirar ou diminuir e nada acrescentar à ação daquele que é o único
Mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo, Maria nos aponta as vias da salvação, vias que
convergem todas para Cristo, seu Filho, e para a sua obra redentora.
Maria nos leva a Cristo, como afirma com precisão o Concílio Vaticano II: “A função maternal
de Maria, em relação aos homens, de modo algum ofusca ou diminui esta única mediação de
Cristo; antes, manifesta a sua eficácia. E de nenhum modo impede o contato imediato dos fiéis
com Cristo, antes o favorece”.
Mãe da Igreja, a Virgem Santíssima tem uma presença singular na vida e na ação desta mesma
Igreja. Por isso mesmo, a Igreja tem os olhos sempre voltados para aquela que, permanecendo
virgem, gerou, por obra do Espírito Santo, o Verbo feito carne. Qual é a missão da Igreja senão
a de fazer nascer o Cristo no coração dos fiéis, pela ação do mesmo Espírito Santo, através da
evangelização? Assim, a “Estrela da Evangelização”, como a chamou o meu Predecessor Paulo
VI, aponta e ilumina os caminhos do anúncio do Evangelho. Este anúncio de Cristo Redentor,
de sua mensagem de salvação, não pode ser reduzido a um mero projeto humano de bem-estar e
felicidade temporal. Tem certamente incidências na história humana coletiva e individual, mas
é fundamentalmente um anúncio de libertação do pecado para a comunhão com Deus, em Jesus
Cristo. De resto, esta comunhão com Deus não prescinde de uma comunhão dos homens uns
com os outros, pois os que se convertem a Cristo, autor da salvação e princípio de unidade, são
chamados a congregar-se em Igreja, sacramento visível desta unidade humana salvífica.
Por tudo isto, nós todos, os que formamos a geração hodierna dos discípulos de Cristo, com
total aderência à tradição antiga e com pleno respeito e amor pelos membros de todas as
comunidades cristãs, desejamos unir-nos a Maria, impelidos por uma profunda necessidade da
fé, da esperança e da caridade. Discípulos de Jesus Cristo neste momento crucial da história
humana, em plena adesão à ininterrupta Tradição e ao sentimento constante da Igreja, impelidos
por um íntimo imperativo de fé, esperança e caridade, nós desejamos unir-nos a Maria. E
queremos fazê-lo através das expressões da piedade mariana da Igreja de todos os tempos.
A devoção a Maria é fonte de vida cristã profunda, é fonte de compromisso com Deus e com os
irmãos. Permanecei na escola de Maria, escutai a sua voz,segui os seus exemplos. Como
ouvimos no Evangelho, ela nos orienta para Jesus: Fazei o que ele vos disser (Jo 2,5). E, como
outrora em Caná da Galiléia, encaminha ao Filho as dificuldades dos homens, obtendo dele as
graças desejadas. Rezemos com Maria e por Maria: ela é sempre a “Mãe de Deus e nossa”.




Da Homilia na Dedicação da Basílica Nacional de Aparecida, do papa João Paulo II

(Pronunciamentos do Papa no Brasil, Edit.
Vozes, Petrópolis 1980, 125. 128. 129. 130)
(Séc.XX)



Liturgia das Horas



Nenhum comentário:

Postar um comentário