sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Santa Tereza de Jesus ou de Ávila





SANTA TERESA DE ÁVILA


Frei Patrício Sciadini, ocd

Quando os estudiosos querem colocar em evidência as grandes mulheres da história, mesmo não sendo católicos, não podem se esquecer de Teresa de Cepeda e Ahumada, mais tarde conhecida como Teresa de Ávila, que foi capaz, no século XVI, de ser fermento de uma nova vida não só na Igreja mas também na Espanha de seu tempo. De origem judia, carregava no sangue a valentia do povo judaico e a doçura temperada das intempéries da velha Castilha.
A vida de Teresa é uma aventura humano-divina, marcada profundamente pela formação e exemplos do pai, e pela influência recebida da mãe, que soube educar o caráter enérgico da filha para as coisas belas da terra e do céu. Nasceu no dia 28 de março de 1515, em Ávila, a cidade impenetrável por suas muralhas, que ainda hoje são símbolos vivos de seu passado. Na família aprendeu a amar as gestas heróicas dos santos mártires e sentiu-se animada a dar a vida por Cristo. Organizou uma fuga com seu irmão Rodrigo com o objetivo de partir para a terra dos mouros em busca do martírio. Uma aventura infantil, mas reveladora do que será mais tarde seu grande ideal: “Quero ver a Deus!” O seu ver a Deus será o motivo de toda uma vida de oração, contemplação e engajamento para restituir à Ordem do Carmelo seu esplendor, perdido pelas situações históricas e eclesiológicas do tempo.
Aos 20 anos foge de casa e entra no Carmelo da Encarnação. Lá se faz monja e fica numa vida medíocre, burguesa, de 1535 a 1562. Serão 27 anos de busca, de angústia, em que se sente chamada a uma vida de maior austeridade e a um estilo de vida que seja uma imitação do pequeno colégio apostólico. Sonha com uma comunidade onde seja possível viver o amor e a fraternidade numa dimensão de vida oferecida pela Igreja e pela missão evangelizadora. Teresa, mulher angustiada e buscadora da verdade, sabe colocar-se constantemente numa atitude de discipulado, escutando a Deus, aos mais sábios, à Igreja e aos “amigos fortes de Deus” que vai encontrando em seu caminho. Até chegar a tomar a decisão de sair da grande comunidade da Encarnação, onde havia mais ou menos 180 monjas, e viver no pequeno convento de São José de Ávila, numa comunidade de 13 monjas.
O ano de 1562 marca a nova etapa da vida de Santa Teresa. Ela procura encontrar no silêncio, na oração, no diálogo e na realidade da Igreja de seu tempo, dividida pelas heresias protestantes, um novo estilo de vida evangélica feita de simplicidade, oração e desejo de “fundar pela Espanha afora Carmelos femininos que sejam um sinal vivo da presença de Deus”. Lentamente, sua maneira de viver, de pensar se faz fermento pela Espanha e ela se torna um “ponto referencial” de união e de conflito na Igreja e na sociedade. Sabe, com arte e perspicácia, cercar-se de pessoas doutas e santas como João da Cruz, Pedro de Alcântara, Jerônimo Gracian, e grandes teólogos: Ibanez, São Francisco de Borja, entre outros.
Favorecida por Deus com graças especiais de mística sublime, Teresa de Ávila inaugura um novo método de oração baseado não na intelectualidade, mas na afetividade: “rezar é estar muitas vezes a sós com Aquele que sabemos nos ama”.Os mestres e os teólogos pedem-lhe que relate seu modo de rezar, de pensar e de experimentar a Deus. Aí vão nascendo as grandes obras teresianas: Vida, Castelo Interior, Caminho de Perfeição, Fundações, etc. O corpo doutrinal de Teresa hoje em dia não só é estudado pela Igreja católica, mas, como patrimônio da humanidade, é fonte de estudo para psicólogos, psicanalistas, teólogos, místicos e buscadores de Deus de todas as religiões. É preciso, para conhecer melhor Teresa de Ávila, aproximar-se dela e pedir que alguém... nos ajude.Aqui na Paróquia Santa Teresinha do Menino Jesus , confiada aos carmelitas descalços, você encontrará pessoas qualificadas para introduzir-lhe no conhecimento teórico e experiencial de Santa Teresa de Ávila, a Doutora da Igreja, mestra de vida espiritual, amiga sincera de todos os que buscam a Deus.Sugestão de leitura: Santa Teresa de A a Z, de Fr. Patrício Sciadini. São Paulo: Loyola, 2004.“Pensais que Ele está calado? Mesmo que não O ouçamos, Ele nos fala ao coração quando de coração lhe pedimos.”Santa Teresa de Ávila

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