domingo, 15 de maio de 2011

4º Domingo da Páscoa 2011





Bater à porta é também uma forma de chamar! E quantas portas, às quais batemos, com tanta insistência, não são mais do que muros de vidas cercadas, que não nos dão entrada, nem nos oferecem saída! Mas a porta, que se abre e se fecha, há-de ser, por sua natureza e missão, um meio de passagem, garantia de livre circulação, travessa pela qual se entra, na esperança de encontrar uma saída! É neste último sentido, que Cristo se declara, por duas vezes, no evangelho deste Domingo: “Eu sou a Porta!” (Jo.10,7.9) Sim, Cristo bate à porta, e entra, com a nossa licença, pela nossa vida adentro! Entra pela porta da frente. Pela porta da verdade e da liberdade! Ele vai à frente, disposto a ser o primeiro sacrificado! Vem de frente, porque não ilude, nem desilude, não engana nem desengana. Não quer arrebatar ovelhas com pastos enganadores, com promessas de vida facilitantes! Cristo é, assim, e no seu próprio dizer, Porta para os Pastores, que só podem sê-lo verdadeiramente, se aceitarem passarem por Ele, e passarem com Ele o que Ele passou por nós, dando a Sua vida, por amor! Cristo é também Porta para as ovelhas! Pois, só atravessando o limiar dessa porta, encontrarão nEle, com Ele e por meio dEle, uma saída, para a Vida! A vida em abundância! Jesus conclui a palavra tomada e retomada, dizendo aos judeus, que pensavam tirar-lhe a vida: “Eu vim, para que tenham vida e vida em abundância” (Jo.10,10)! 2. Que vida é esta, que toda a pessoa deseja, em abundância? Onde a podemos realmente encontrar, sem sermos enganados por falsos mestres, que nos propõem, para tal, sair do corpo, do tempo e do espaço? Quando, e como teremos acesso, a uma Vida, que nos preencha verdadeiramente, sem cairmos na ilusão de paraísos artificiais, como o álcool e a droga, prometidos e vendidos pelos lobos da noite? Será que encontraremos essa Vida, desbaratando-a, como o filho pródigo, que dissipara todos os bens? Será que encontraremos essa Vida, apropriando-nos dela, só para nós, como o ladrão e salteador, que tomam, de assalto, tudo, para si? Não! O Homem vive da Verdade e do ser amado, vive do ser amado pela Verdade. Tem necessidade de Deus, que vem ter com Ele e lhe explica o sentido e lhe indica o caminho da vida.No mais íntimo de si, cada pessoa precisa sobretudo da Palavra, do Amor, da própria vida de Deus. Quem lhe dá isto, dá-lhe vida em abundância! Quem não dá Deus, nunca dará a Vida verdadeira! Os homens sempre terão necessidade de Deus – mesmo na época do predomínio da técnica no mundo e da globalização – do Deus que Se mostrou em Jesus Cristo e nos reúne na Igreja, para aprender, com Ele e por meio d’Ele, a verdadeira vida»(Bento XVI, Carta aos seminaristas). Ora, Cristo é a Porta estreita, que dá acesso às pastagens da vida verdadeira! Ele é também, e simultaneamente, o Pastor e a pastagem, que nos dá a Vida eterna, dando-Se a Si mesmo! [Na festa da vida, acrescentar: Por isso a Cruz, que oferecemos aos adolescentes do 8º ano, é o grande sinal dessa vida, em abundância. A cruz é o sinal “mais” da vida. E é o sinal dessa “vida mais”, que é Cristo! Na Cruz, se cumprem, por inteiro, as palavras seguras de Jesus: “Ninguém me tira a Vida, sou Eu que a dou livremente” (Jo.10,17ss)]. 3. Perante isto, surge-nos espontânea a pergunta: «E agora, que havemos de fazer, irmãos» (Act.2,37)?Que é como quem diz: «que havemos de fazer da nossa Vida»? Esta é a chamada, que vem do alto, que cala fundo e pede uma resposta a partir do mais íntimo de cada um! E a resposta é simples: Cristo morreu e restaurou a Vida, «a fim de vivermos, não já para nós próprios, mas para Ele, que por nós, morreu e ressuscitou» (Oração Eucarística IV)! Por isso, esse mesmo Cristo faz ressoar a sua voz, diz-nos ao coração: «Eu estou à porta e chamo! Se alguém ouvir a minha voz, entrarei, cearei com Ele e Ele comigo» (Ap.3,20). 4. Permiti então dirigir-me hoje especialmente àqueles que bateram a muitas portas e ainda não encontraram a vida em abundância. Eu digo-vos: Abri as portas a Cristo, que é a Porta da Vida e do Reino! «Quem faz entrar Cristo, quem lhe abre a porta, nada perde, nada, absolutamente nada daquilo que torna a vida livre, bela e grande. Não! Só na amizade com Cristo, se abrem de par em par as portas da vida. Só nesta amizade se abrem realmente as grandes potencialidades da vida humana. Só nesta amizade experimentámos o que é belo e o que liberta» (cf. adapt. Bento XVI, Homilia no início do pontificado, 24.05.2005). 5. Assim, eu gostaria com grande força e convicção, partindo da experiência da minha vida pessoal, de vos dizer e propor hoje, queridas crianças, queridos adolescentes, queridos jovens: «Não tenhais medo de Cristo, que bate à vossa porta! Ele não vos tira nada! Ele dá tudo! Quem se doa por Ele, recebe cem vezes mais» (cf. Ibidem). Sim, abri de par em par as portas a Cristo e entrareis na Porta, que dá acesso à vida em abundância!


Fonte: Internet

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