segunda-feira, 30 de maio de 2011

6º Domingo da Páscoa



“Não vos deixarei órfãos. Eu virei a vós! Pouco tempo ainda, e o mundo não mais me verá, mas vós me vereis, porque eu vivo e vós vivereis!” São palavras estupendas, cheias de promessa e de vitória… Mas, será que são verdadeiras? Como pode ser verdade tudo isso? Uma coisa é certa: o Senhor não mente jamais! E ele nos garante: Eu virei a vós! Eu vivo! Vós vivereis! Mas, como se dá tal experiência? Como podemos realmente experimentar tal realidade estupenda em nossa vida e na vida da Igreja? Eis a resposta, única possível: somente no Espírito Santo que o Ressuscitado nos deu ao derramá-lo sobre nós após a ressurreição. Vejamos:“Eu virei a vós!” Na potência do Santo Espírito, Cristo realmente permanece no coração de sua Igreja, primeiro pela Palavra, pregada na potência do Espírito, como Filipe, na primeira leitura, que, anunciando o Cristo, realizava curas e exorcismos e, sobretudo, tocava os corações! Uma Palavra que realmente toca os corações e coloca os ouvintes diante do Cristo vivo e atuante. Mas, conjuntamente com a Palavra, os sacramentos, sobretudo o Batismo e a Eucaristia. Em cada sacramento é o próprio Espírito do Ressuscitado quem age, conformando-nos ao Cristo Jesus, unindo-nos a ele, fazendo-nos experimentar sua vida e sua força. Pelo Batismo, mergulhados no Espírito do Ressuscitado, realmente nascemos para uma nova vida, como nova criatura; pela Eucaristia, seu Corpo e Sangue plenos do Espírito, entramos na comunhão mais plena que se possa ter neste mundo com o Senhor: ele em nós e nós nele, num só Espírito Santo que ele nos doa!“Vós me vereis!” Porque o Santo Espírito do Senhor Jesus habita em nossos corações, nós experimentamos Jesus em nós como uma Presença real e atuante e, com toda a certeza, proclamamos que Jesus é o Senhor “Eu vivo!” Sabemos que o Senhor está vivo: “morto na sua existência humana, recebeu nova vida pelo Espírito Santo”. Sabemos com toda a certeza da fé que Cristo é o Vivente para sempre, o Vencedor da Morte!“Vós vivereis”. O Senhor Jesus não somente está vivo, totalmente transfigurado pela ação potente do Espírito que o Pai derramou sobre ele… Vivo na potência do Espírito, ele nos dá esse mesmo Espírito em cada sacramento. Assim, sobretudo no Batismo e na Eucaristia, tornam-se verdadeiras as palavras do Senhor: “Vós vivereis!”, isto é: recebendo meu Espírito, nele vivendo, tereis a minha vida mesma! Então, caríssimos, palavras de profunda intensidade e de profunda verdade! Num mundo da propaganda, da ilusão, dos simples sentimentalismos, essas palavras do Senhor são uma concreta e impressionante realidade. Mas, escutemos ainda o Senhor: “Naquele dia sabereis que eu estou no meu Pai e vós em mim e eu em vós!” É na oração, na prática piedosa dos sacramentos, na celebração ungida e piedosa da Eucaristia que experimentamos essas coisas! Aqui não é só a inteligência, aqui não basta a razão, aqui não são suficientes os nossos esforços! É na fé profunda de uma vida de união com o Senhor, na força do Espírito Santo que experimentamos isso que Jesus disse: ele está no Pai, no Espírito ele e o Pai são uma só coisa. Mas, tem mais: experimentamos que nós estamos nele, nele enxertados como os ramos na videira, nele incorporados como os membros do corpo unidos à Cabeça! Repito: é nos sacramentos que essa experiência maravilhosa torna-se realidade concreta. Um cristianismo que tivesse somente a Palavra de Deus, sem valorizar os sete sacramentos – sobretudo o Batismo e a Eucaristia -, seria um cristianismos mutilado, deficiente, anêmico, não condizente com a fé do Novo Testamento e a Tradição constante da Igreja! Irmãos e irmãs, atenção para a nossa vida sacramental! Ora, é esta comunhão misteriosa e real com o Senhor no Espírito, que nos faz amar Jesus e viver Jesus com toda seriedade de nossa vida. É cristão de modo pleno quem experimenta o Senhor Jesus vivo e íntimo em sua vida e celebra tal união, tal cumplicidade de amor, nos sacramentos! Aí sim, as exigências do Senhor, seus mandamentos, não nos parecem pesados, não nos são pesados, não são um fardo exterior que suportamos porque é o jeito. Quem vive a experiência desse Jesus presente e doce no Espírito derramado em nós, experimenta que cumprir os preceitos do Senhor é uma exigência doce, porque é exigência de amor e, portanto, libertadora, pois nos tira de nós mesmos e nos faz respirar um ar novo, o ar do Espírito do Ressuscitado, o Homem Novo!

Parte da homilia de D. Henrique Soares da Costa

Site Presbiteros

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