Odilo nasceu em 962, na cidade francesa de Auvergne. Seu pai era Beraldo, da nobre família Mercoeur e sua mãe Gerberga. Narra a tradição, que a sua vida espiritual começou na infância, aos quatro anos de idade. Era portador de uma deficiência nas pernas que o impedia de andar. Certa vez, sua governanta o deixou sentado na porta da igreja, enquanto foi falar com o padre. Odilo aproveitou para rezar e se arrastou até o altar, onde pediu à Virgem Maria que lhe concedesse a graça de poder caminhar. Neste instante, sentiu uma força invadir as pernas, ficou de pé e andou até onde estava a empregada, que, junto com o vigário, constatou o prodígio.
Assim que terminou os estudos ingressou no Mosteiro beneditino de Cluny, em 991. Tão exemplar e humilde foi seu trabalho que, quando o abade e santo Maiolo sentiu que sua hora era chegada, elegeu-o seu sucessor, em 994. Este cargo, Odilo ocupou até a morte.
Ele era um homem de estatura pequena e aparência comum, mas possuía uma força de caráter imensa. Soube unir suas qualidades inatas de liderança e diplomacia, com a austeridade da vida monástica e o desejo de fazer reinar Cristo sobre a terra. Desta maneira conseguiu, num período difícil de conflitos entre a Igreja e o Império, realizar a doutrina de paz e fraternidade pregadas no Evangelho. Exerceu sua influência sobre os dois, de modo que se estabeleceu a célebre “trégua de Deus”, conseguida, grande parte, por seu empenho.
Como alto representante da Igreja que se tornara, era procurado e consultado tanto pelos ilustres da corte como pelos pobres do povo, atendendo a todos com a mesma humildade de um servo de Cristo. A sua caridade era ilimitada, tanto que, para suprir as necessidades dos famintos e abandonados, chegava a doar as despensas do mosteiro. Até a valiosa coroa, presenteada pelo imperador Henrique II, e os objetos sagrados da Abadia foram vendidos, quando a população se viu assolada pela peste, em 1006. Mesmo assim os recursos foram insuficientes, então, Odilo se fez um mendigo entre os mendigos, passando a pedir doações aos príncipes e à aristocracia rica, repassando para a população flagelada. No trabalho religioso, aumentou a quantidade dos mosteiros filiados à Abadia de Cluny, que de trinta e sete passaram a ser sessenta e cinco. Naquela época, Cluny se tornou a capital de uma verdadeira reforma monástica, que se difundiu por toda a Europa e, pode-se dizer que Odilo, quinto abade de Cluny, era considerado o verdadeiro chefe da cristandade, porque o papado teve de se envolver com os problemas políticos da anarquia romana. Em 998, por sua determinação, todos os conventos beneditinos passaram a celebrar “o dia de todas as almas”. Data que Roma implantou para todo o mundo católico em 1311, com o nome de “dia de finados”. Foi ainda eleito Arcebispo de Lion pelo povo e pelo clero, chegando a ser nomeado pelo Papa João XIX, mas recusou o cargo.
Fonte: Católico em dia
João Paulo II, Sobre Santo Odilo
“Santo Odilon quis exortar os seus monges a orarem de maneira particular pelos mortos, contribuindo assim misteriosamente para o seu acesso à bem-aventurança; a partir da abadia de Cluny expandiu-se pouco a pouco o costume de interceder solenemente em favor dos defuntos, mediante uma celebração a que Santo Odilon chamou a “Festa dos Mortos”, prática hoje em vigor na Igreja universal”.
“Orando pelos mortos, a Igreja contempla antes de tudo o mistério da Ressurreição de CRISTO que, pela sua Cruz, nos obtém a salvação e a vida eterna. Deste modo, com Santo Odilon, podemos repetir sem cessar: «A Cruz é-me um refúgio, a Cruz é-me a via e a vida [...]. A Cruz é a minha arma invencível. A Cruz repele todo o mal. A Cruz dissipa as trevas». A Cruz do SENHOR recorda-nos que a vida inteira é habitada pela luz pascal, e jamais, situação alguma está totalmente perdida, pois CRISTO venceu a morte e nos abre o caminho da verdadeira vida. A redenção «realiza-se no sacrifício de CRISTO, pelo qual o homem resgata a dívida do pecado e fica reconciliado com DEUS”.
Tertio millennio adveniente)
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