sexta-feira, 13 de abril de 2012

Da Homilia sobre a Páscoa, de Melitão, bispo de Sardes









Estamos na oitava da Páscoa... Meditemos



O louvor de Cristo



Prestai atenção, caríssimos: o mistério pascal é ao mesmo tempo novo e antigo, eterno e
transitório, corruptível e incorruptível, mortal e imortal.
É mistério antigo segundo a Lei, novo segundo a Palavra que se fez carne; transitório pela
figura, eterno pela graça; corruptível pela imolação do cordeiro, incorruptível pela vida do
Senhor; mortal pela sua sepultura na terra, imortal pela sua ressurreição dentre os mortos.
A Lei, na verdade, é antiga, mas a Palavra é nova; a figura é transitória, mas a graça é eterna; o
cordeiro é corruptível, mas o Senhor é incorruptível, ele que,imolado como cordeiro,
ressuscitou como Deus.
Na verdade, era como ovelha levada ao matadouro, e contudo não era ovelha; era como
cordeiro silencioso (Is 53,7), e no entanto não era cordeiro. Porque a figura passou e apareceu a
realidade perfeita: em lugar de um cordeiro, Deus; em vez de uma ovelha, o homem; no
homem, porém, apareceu Cristo que tudo contém.
Por conseguinte, a imolação da ovelha, a celebração da páscoa e a escritura da Lei tiveram a sua
perfeita realização em Jesus Cristo; pois tudo o que acontecia na antiga Lei se referia a ele, e
mais ainda na nova ordem, tudo converge para ele.
Com efeito, a Lei fez-se Palavra e, de antiga, tornou-se nova (ambas oriundas de Sião e de
Jerusalém); o preceito deu lugar à graça, a figura transformou-se em realidade, o cordeiro em
Filho, a ovelha em homem e o homem em Deus.
O Senhor, sendo Deus, fez-se homem e sofreu por aquele que sofria; foi encarcerado em lugar
do prisioneiro, condenado em vez do criminoso e sepultado em vez do que jazia no sepulcro;
ressuscitou dentre os mortos e clamou com voz poderosa: “Quem é que me condena? Que de
mim se aproxime (Is 50,8). Eu libertei o condenado, dei vida ao morto, ressuscitei o que estava
sepultado. Quem pode me contradizer? Eu sou Cristo, diz ele, que destruí a morte, triunfei do
inimigo, calquei aos pés o inferno, prendi o violento e arrebatei o homem para as alturas dos
céus. Eu, diz ele, sou Cristo.
Vinde, pois, todas as nações da terra oprimidas pelo pecado e recebei o perdão. Eu sou o vosso
perdão, vossa páscoa da salvação, o cordeiro por vós imolado, a água que vos purifica, a vossa
vida, a vossa ressurreição, a vossa luz, a vossa salvação, o vosso rei. Eu vos conduzirei para as
alturas, vos ressuscitarei e vos mostrarei o Pai que está nos céus; eu vos levantarei com a minha
mão direita”.


Da Homilia sobre a Páscoa, de Melitão, bispo de Sardes







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