A humanidade tem sede de Jesus
A liturgia deste Domingo traduz muito bem o tempo penitencial e catecumenal da Quaresma. A temática é a da água, transformando-se em um fio condutor com que se descreve o itinerário do homem, desde sua sede até a fonte que contém água viva, a vida.
O povo da Samaria, de raça miscigenada em uma região que ficava entre a Judéia, ao sul, e a Galiléia, ao norte, era desprezado e evitado pelos judeus que se consideravam raça pura.
A finalidade desse texto é quebrar as barreiras que impedem os homens de se relacionarem. Essas barreiras podem ser de ordem religiosa, política e econômica. Nesse sentido, o evangelho de João dá um destaque particular ao povo samaritano, valorizando-o e colocando-o em contraposição aos judeus.
Assim temos, logo no inicio do evangelho, o contraste entre o chefe fariseu Nicodemos, um homem importante, que vai procurar Jesus na calada da noite e a mulher pobre samaritana que dialoga com Jesus em pleno meio-dia. Enquanto que Nicodemos não entende as palavras de Jesus a samaritana o entende e ainda vai chamar os moradores da cidade, os quais, acorrendo a Jesus, crêem nele e o acolhem.
Este longo e belo diálogo entre Jesus e a samaritana tem um estilo poético, tecido com inúmeros fios de simbolismo. A samaritana somos todos nós, sedentos em busca da fonte de onde podemos “tirar água”. Ela conhece o dom de Deus , acolhe a água viva, tem fé em Jesus, tem o amor de Deus derramado em seu coração na medida em que passa por uma transformação e conversão profunda.
A partir da água da fonte de Jacó, de grande importância nas tradições religiosas dos samaritanos, Jesus oferece à mulher a novidade da água viva do Espírito. Jesus fecha a questão, dizendo que chegará a hora dos verdadeiros adoradores de Deus, que irão adorar a Deus em espírito e verdade. Na seqüência do diálogo, a mulher pede a Jesus esta água viva e compreende o anúncio de Jesus, crendo nele. Vai, por sua vez, anunciá-lo ao povo que acolhe Jesus, e Jesus fica com eles por um tempo.
Então, podemos deduzir que do diálogo de Jesus com a samaritana brotam afirmações básicas para quem quer segui-lo de perto, ou seja:
1. Jesus é a novidade absoluta. Ele não veio apenas para aperfeiçoar ou corrigir o que existia, mas proclamar o início de uma relação nova e profunda entre Deus e o homem;
2. Jesus traz a verdade, isto é, a realidade anunciada por essa figura. O culto autêntico e definitivo revela-se na pessoa de Jesus;
3. O primeiro passo da fé é reconhecer a superioridade de Jesus sobre leis, patriarcas e profetas de ontem e de hoje. Essa presença de Jesus perto do homem é viva e até incomoda, porque ele questiona a vida humana e não permite que o homem pergunte por Deus sem interrogar sobre o próprio modo de viver.
Com Jesus estão superadas as discriminações baseadas em crenças religiosas. Os verdadeiros adoradores de Deus o adoram em Espírito e Verdade. A ação missionária é o reconhecimento e a proclamação da presença de Deus em todos os valores de todos os povos e culturas.
A samaritana optou pelo dom de Deus, pela vida, experiência que a marcou a ponto de transformá-la em testemunha e missionária dessa mesma vida junto de seus concidadãos. Aproveitemos esta Terceira semana da Quaresma e façamos o mesmo.
Oração
Pai, sacia a minha sede com o dom precioso da água viva que é Jesus. Dá-me a graça de reconhecê-lo e acolhê-lo, cheio de fé, e deixar minha vida ser transformada por ele. Que eu possa, como a samaritana, converter-me para anunciá-lo e testemunhá-lo em espírito e verdade. Amém.
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