11 de Novembro - São Martinho de Tours (Bispo)
"Senhor,
se o vosso povo precisa de mim, não vou fugir do trabalho. Seja feita a vossa
vontade", dizia Martinho, bispo de Tours, aos oitenta e um anos de idade.
Ele despertou para a fé quando ainda menino e depois, mesmo soldado da
cavalaria do exército romano, jamais abandonou os ensinamentos de Cristo. A sua
vida foi uma verdadeira cruzada contra os pagãos e em favor do cristianismo.
Quatro mil igrejas dedicadas a ele na França, e o seu nome dado a milhares de
localidades, povoados e vilas; como em toda a Europa, nas Américas. Enfim, em
todos os países do mundo.
Martinho
nasceu na Hungria, antiga Panônia, por volta do ano 316, e pertencia a uma
família pagã. Seu pai era comandante do exército romano. Por curiosidade
começou a freqüentar uma Igreja cristã, ainda criança, sendo instruído na
doutrina cristã, porém sem receber o batismo. Ao atingir a adolescência, para
tê-lo mais à sua volta, seu pai o alistou na cavalaria do exército imperial.
Mas se o intuito do pai era afastá-lo da Igreja, o resultado foi inverso, pois
Martinho continuava praticando os ensinamentos cristãos, principalmente a
caridade. Depois, foi destinado a prestar serviço na Gália, atual França.
Foi
nessa época que ocorreu o famoso episódio do manto. Um dia, um mendigo que
tiritava de frio pediu-lhe esmola e, como não tinha, o cavalariano cortou seu
próprio manto com a espada, dando metade ao pedinte. Durante a noite, o próprio
Jesus apareceu-lhe em sonho usando o pedaço de manta que dera ao mendigo e
agradeceu a Martinho por tê-lo aquecido no frio. Dessa noite em diante, ele
decidiu que deixaria as fileiras militares para dedicar-se à religião. Com
vinte e dois anos, já estava batizado, provavelmente pelo bispo de Amiens,
afastado da vida da Corte e do exército. Tornou-se monge e discípulo do famoso
bispo de Poitiers, santo Hilário, que o ordenou diácono. Mais tarde, quando
voltou do exílio, em 360, doou a Martinho um terreno em Ligugé, a doze
quilômetros de Poitiers. Lá, Martinho fundou uma comunidade de monges. Mas logo
eram tantos jovens religiosos que buscavam sua orientação que Martinho
construiu o primeiro mosteiro da França e da Europa ocidental.
No
Ocidente, ao contrário do Oriente, os monges podiam exercer o sacerdócio para
que se tornassem apóstolos na evangelização. Martinho liderou, então, a
conversão de muitos e muitos habitantes da região rural. Com seus monges, ele
visitava as aldeias pagãs, pregava o Evangelho, derrubava templos e ídolos e
construía igrejas. Onde encontrava resistência, fundava um mosteiro. Com os
monges evangelizando pelo exemplo da caridade cristã, logo todo o povo se
convertia. Dizem os escritos que, nessa época, havia recebido dons místicos,
operando muitos prodígios em beneficio dos pobres e doentes que tanto amparava.
Quando
ficou vaga a diocese de Tours, em 371, o povo aclamou-o, unanimemente, para ser
o bispo. Martinho aceitou, apesar de resistir no início. Mas não abandonou sua
peregrinação apostólica: visitava todas as paróquias, zelava pelo culto e não
desistiu de converter pagãos e exercer exemplarmente a caridade. Nas
proximidades da cidade, fundou outro mosteiro, chamado de Marmoutier. E sua
influência não se limitou a Tours, tendo se expandido por toda a França, tornando-o
querido e amado por todo o povo.
Martinho
exerceu o bispado por vinte e cinco anos. Morreu, aos oitenta e um anos, na
cidade de Candes, no dia 8 de novembro de 397. Sua festa é comemorada no dia
11, data em que foi sepultado na cidade de Tours.
Venerado
como são Martinho de Tours, ele se tornou o primeiro santo não mártir a receber
culto oficial da Igreja e também um dos santos mais populares da Europa
medieval.
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