quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

São Cirilo e São Metódio - Festa 14/02/2013











A Igreja celebra hoje a festa de São Cirilo e São Metódio, irmãos de sangue, monge e bispo respectivamente, e Padroeiros da Europa desde 1980, quando o Papa João Paulo II os declarou e os colocou lado a lado com São Bento como modelos da construção europeia.
Na sua festa voltamos a encontrar-nos com a passagem do Evangelho em que Jesus envia os setenta e dois discípulos a anunciar a Boa Nova do Reino às aldeias e vilas aonde ele mesmo havia de ir.
Cirilo e Metódio encarnaram também esta missão e assim como missionários levaram a Boa Nova de Jesus aos povos da Morávia nos meados do século nono. Encontraram-se com os povos eslavos que não falavam nem grego nem latim, mas tal fato não foi para eles um impedimento, pois para anunciarem a mensagem de Jesus arriscaram a criação de um novo alfabeto, o cirilico, graças ao qual se desenvolveu toda uma cultura religiosa que infelizmente ainda nos continua distante e desconhecida.
Como diz Jean-François Colosimo no seu livro “L’Apocalypse Russe”, “o alfabeto cirílico não representa apenas o meio de anunciar o kérigma, mas reveste-se de valor sacramental. Ele constitui um novo começo onde a comunidade, renovada, pode ler a sua herança e a sua finalidade a esta luz da conversão” (p.101).
Neste sentido, e à luz da missão dos setenta e dois discípulos e de Cirilo e Metódio, podemos e devemos de fato interrogar-nos sobre a nossa forma de transmitir a mensagem de Jesus aos outros homens, de que forma podemos constituir novos alfabetos, novas linguagens, de modo que se constituam novas comunidades, ou comunidades renovadas, em que o passado e o futuro é lido à luz dessa mensagem e do apelo à conversão que nos deixa.
Um exercício de imaginação nos é solicitado, mas também um sentido de responsabilidade cultual ou litúrgico, porque se estes missionários criaram um novo alfabeto para transmitirem a mensagem de Jesus não abdicaram da liturgia e da sua riqueza expressiva e simbólica, bem pelo contrário foi ela o primeiro veículo do contacto e de aproximação e foi para ela antes de mais que criaram o mesmo alfabeto.
A história e o tempo presente deixam-nos assim desafios para os quais temos que procurar resposta, mas que não podem estar separadas da luz e da força do Espírito Santo que é o coração que impulsiona toda a missão.

Publicada por Frei José Carlos Lopes Almeida, OP à(s) 12:01

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