terça-feira, 28 de agosto de 2012

Santo Agostinho, bispo 28/08/2012









Ó eterna verdade e verdadeira caridade

e cara eternidade!

Instigado a voltar a mim mesmo, entrei em meu íntimo, sob tua guia e o consegui, porque tu te

fizeste meu auxílio (cf. Sl 29,11). Entrei e com certo olhar da alma, acima do olhar comum da

alma, acima de minha mente, vi a luz imutável. Não era como a luz terena e evidente para todo

ser humano. Diria muito pouco se afirmasse que era apenas uma luz muito, muito mais

brilhante do que a comum, ou tão intensa que penetrava todas as coisas. Não era assim, mas

outra coisa, inteiramente diferente de tudo isto. Também não estava acima de minha mente

como óleo sobre a água nem como o céu sobre a terra, mas mais alta, porque ela me fez, e eu,

mais baixo, porque feito por ela. Quem conhece a verdade, conhece esta luz.

Ó eterna verdade e verdadeira caridade e cara eternidade! Tu és o meu Deus, por ti suspiro dia e

noite. Desde que te conheci, tu me elevaste para ver que quem eu via, era, e eu, que via, ainda

não era. E reverberaste sobre a mesquinhez de minha pessoa, irradiando sobre mim com toda a

força. E eu tremia de amor e de horror. Vi-me longe de ti, no país da dessemelhança, como que

ouvindo tua voz lá do alto: “Eu sou o alimento dos grandes. Cresce e me comerás. Não me

mudarás em ti como o alimento de teu corpo, mas tu te mudarás em mim”.

E eu procurava o meio de obter forças, para tornar-me idôneo a te degustar e não o encontrava

até que abracei o mediador entre Deus e os homens, o homem Cristo Jesus (1Tm 2,5), que é

Deus acima de tudo, bendito pelos séculos (Rm 9,5). Ele me chamava e dizia: Eu sou o

caminho, a verdade e a vida (Jo 14,6). E o alimento que eu não era capaz de tomar se uniu à

minha carne, pois o Verbo se fez carne (Jo 1,14), para dar à nossa infância o leite de tua

sabedoria, pela qual tudo criaste.

Tarde te amei, ó beleza tão antiga e tão nova, tarde te amei! Eis que estavas dentro e eu, fora. E

aí te procurava e lançava-me nada belo ante a beleza que tu criaste. Estavas comigo e eu não

contigo. Seguravam-me longe de ti as coisas que não existiriam, se não existissem em ti.

Chamaste, clamaste e rompeste minha surdez, brilhaste, resplandeceste e afugentaste minha

cegueira. Exalaste perfume e respirei. Agora anelo por ti. Provei-te, e tenho fome e sede.

Tocaste-me e ardi por tua paz.

Oração


Renovai, ó Deus, na vossa Igreja aquele espírito com o qual cumulastes o bispo Santo

Agostinho para que, repletos do mesmo espírito, só de vós tenhamos sede, fonte da verdadeira

sabedoria, e só a vós busquemos, autor do amor eterno. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso

Filho, na unidade do Espírito Santo.


Fonte Liturgia das Horas: Dos Livros das Confissões, de Santo Agostinho, bispo
























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