sábado, 11 de fevereiro de 2012

Santa Escolástica 10/02/2012










Fonte: Dos Diálogos de São Gregório Magno, papa



Foi mais poderosa aquela que mais amou Escolástica, irmã de São Bento, consagrada ao Senhor onipotente desde a infância, costumava visitar o irmão, uma vez por ano. O homem de Deus descia e vinha encontrar-se com ela numa propriedade do mosteiro, não muito longe da porta.
Certo dia, veio ela como de costume, e seu venerável irmão com alguns discípulos foi
ao seu encontro. Passaram o dia inteiro a louvar a Deus e em santas conversas, de tal modo que já se aproximavam as trevas da noite quando sentaram-se à mesa para tomar a refeição. Como durante as santas conversas o tempo foi passando, a santa monja rogou-lhe:
“Peço-te, irmão, que não me deixes esta noite, para podermos continuar falando até de
manhã sobre as alegrias da vida celeste”. Ao que ele respondeu-lhe: “Que dizes tu, irmã? De modo algum posso passar a noite fora da minha cela”.
A santa monja, ao ouvira recusa do irmão, pôs sobre a mesa as mãos com os dedos
entrelaçados e inclinou a cabeça sobre as mãos para suplicar o Senhor onipotente.
Quando levantou a cabeça, rebentou uma grande tempestade, com tão fortes
relâmpagos, trovões e aguaceiro, que nem o venerável Bento nem os irmãos que haviam
vindo em sua companhia puderam pôr um pé fora da porta do lugar onde estavam.
Então o homem de Deus, vendo que não podia regressar ao mosteiro, começou a
lamentar-se,dizendo: “Que Deus onipotente te perdoe, irmã! Que foi que fizeste?” Ela
respondeu: “Eu te pedi e não quiseste me atender. Roguei ao meu Deus e ele me ouviu.
Agora, pois, se puderes, vai-te embora; despede-te de mim e volta para o mosteiro”.
E Bento, que não quisera ficar ali espontaneamente, teve que ficar contra a vontade.
Assim, passaram a noite toda acordados, animando-se um ao outro com santas
conversas sobre a vida espiritual. Não nos admiremos que a santa monja tenha tido mais poder do que ele: se, na verdade, como diz São João, Deus é amor (1Jo 4,8), com justíssima razão, teve mais poder aquela que mais amou. Três dias depois, estando o homem de Deus na cela, levantou os olhos para o alto e viu a alma de sua irmã liberta do corpo, em forma de pomba, penetrar no interior da morada
celeste. Cheio de júbilo por tão grande glória que lhe havia sido concedida, deu graças a
Deus onipotente com hinos e cânticos de louvor; enviou dois irmãos a fim de trazerem o
corpo para o mosteiro, onde foi depositado no túmulo que ele mesmo preparara para si.
E assim, nem o túmulo separou aqueles que sempre tinham estado unidos em Deus.







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