Hoje é um dia para dar graças a Deus pelo dom do nosso batismo. Você se lembra do dia, mês e ano em que foi batizado? É importante: foi o dia do seu nascimento para Deus, para a vida sobrenatural. Com a mesma alegria com que celebramos o nosso aniversário, deveríamos celebrar também o nosso aniversário batismal, e ainda com maior solenidade. Lá fomos regenerados, o pecado foi destruído, fomos transformados em filhos de Deus e em membros da Igreja.
No nosso caso está claro, mas, e no caso de Cristo? Consta pelo Evangelho que acabamos de escutar que ele também foi batizado. Contudo, ele não tinha pecado, é o Filho de Deus e o Fundador da Igreja. Ora, o seu batismo tem algum sentido? Ou será que devemos admitir que existia algum pecado em Jesus? É uma verdade de fé que Cristo não teve nenhum só pecado. Já Santo Ambrósio, diante dessa dificuldade, respondeu que o Senhor foi batizado, não para ser purificado, mas para purificar as águas nas quais seríamos batizados.
Além do mais, no batismo de Cristo vemos a estrutura fundamental do batismo da Igreja: água, presença das três Pessoas da Trindade, alguém que batiza e alguém que é batizado. Essa estrutura seria posteriormente desenvolvida na tradição litúrgica da Igreja, guiada pelo Espírito Santo, com diversos ritos que ajudam a dar um maior entendimento do que está acontecendo misteriosamente enquanto se realizam os gestos externos de passar pela água ouvindo do ministro sagrado a invocação do Pai e do Filho e do Espírito Santo. No entanto, o essencial, que aparece em todos os ritos litúrgicos, já se encontra no batismo de Cristo no Jordão e no mandato de Mt 28,19 (“batizai-as em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo”): o batismo se realiza com água em nome das três Pessoas da Trindade e há sempre alguém que o administra (bispo, presbítero ou diácono) e alguém que o recebe (sujeito do sacramento); pelo menos esta é a maneira ordinária de batizar ou de ser batizado.
Todos os mistérios da vida de Jesus são salvadores, o batismo no Jordão também; Jesus é o único Salvador de todo o gênero humano. No mistério do seu batismo, o Senhor santifica as águas nas quais seríamos sepultados em sua morte e vivificados em sua Ressurreição, este evento também é a “manifestação (Epifania) de Jesus como Messias de Israel e Filho de Deus” (Catecismo, nº 535).
Assim como pelo contato do madeiro, as águas amargas de Mara se tornaram doces (cf. Ex 15,22-27), assim também pelo madeiro da Cruz e pelo passar de Cristo por aquelas águas do Jordão, elas se tornaram capazes de lavar os nossos pecados; elas são a partir desse momento signos da ação eficaz de Deus quando a elas se assomam os nomes das Pessoas divinas.
Fomos batizados em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, fomos batizados “no Espírito Santo e no fogo” (Lc 3,16). Não necessitamos, portanto, depois do nosso batismo, um “batismo no Espírito Santo”, o que nós necessitamos é ser dóceis à ação do Espírito Santo nas nossas almas. Quando isso acontece, quando nos despertamos para a ação de Deus através da fé e da conversão, da volta aos sacramentos, da escuta da Palavra de Deus, se dá o que nós chamamos “efusão do Espírito Santo”. É como se o Espírito Santo, que está em nós pelo batismo, não encontrasse uma maneira de atuar porque nós, pela dureza do coração, não permitimos. Por outro lado, qualquer pecado grave expulsa o Espírito Santo das nossas almas, daí a importância da confissão sacramental e de constantes efusões do Espírito Santo. Tudo é graça! É preciso que recebamos essas graças com espírito de fé e agradecimento.
De fato, os “mysteria baptismatis”, expressão herdada dos Padres da Igreja que quer dizer “mistérios do batismo”, incluíam sempre para os mesmos Padres os Sacramentos do Batismo e da Confirmação, mostrando assim a grande unidade entre o Batismo e a doação do Espírito Santo. Hoje em dia, a Igreja administra o Sacramento do Batismo e o da Confirmação em celebrações distintas e, contudo, continua manifestando essa unidade ao ungir o batizando com o óleo do crisma à espera do momento em que será crismado.
Pe. Françoá Rodrigues Figueiredo Costa
10/01/2010
No nosso caso está claro, mas, e no caso de Cristo? Consta pelo Evangelho que acabamos de escutar que ele também foi batizado. Contudo, ele não tinha pecado, é o Filho de Deus e o Fundador da Igreja. Ora, o seu batismo tem algum sentido? Ou será que devemos admitir que existia algum pecado em Jesus? É uma verdade de fé que Cristo não teve nenhum só pecado. Já Santo Ambrósio, diante dessa dificuldade, respondeu que o Senhor foi batizado, não para ser purificado, mas para purificar as águas nas quais seríamos batizados.
Além do mais, no batismo de Cristo vemos a estrutura fundamental do batismo da Igreja: água, presença das três Pessoas da Trindade, alguém que batiza e alguém que é batizado. Essa estrutura seria posteriormente desenvolvida na tradição litúrgica da Igreja, guiada pelo Espírito Santo, com diversos ritos que ajudam a dar um maior entendimento do que está acontecendo misteriosamente enquanto se realizam os gestos externos de passar pela água ouvindo do ministro sagrado a invocação do Pai e do Filho e do Espírito Santo. No entanto, o essencial, que aparece em todos os ritos litúrgicos, já se encontra no batismo de Cristo no Jordão e no mandato de Mt 28,19 (“batizai-as em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo”): o batismo se realiza com água em nome das três Pessoas da Trindade e há sempre alguém que o administra (bispo, presbítero ou diácono) e alguém que o recebe (sujeito do sacramento); pelo menos esta é a maneira ordinária de batizar ou de ser batizado.
Todos os mistérios da vida de Jesus são salvadores, o batismo no Jordão também; Jesus é o único Salvador de todo o gênero humano. No mistério do seu batismo, o Senhor santifica as águas nas quais seríamos sepultados em sua morte e vivificados em sua Ressurreição, este evento também é a “manifestação (Epifania) de Jesus como Messias de Israel e Filho de Deus” (Catecismo, nº 535).
Assim como pelo contato do madeiro, as águas amargas de Mara se tornaram doces (cf. Ex 15,22-27), assim também pelo madeiro da Cruz e pelo passar de Cristo por aquelas águas do Jordão, elas se tornaram capazes de lavar os nossos pecados; elas são a partir desse momento signos da ação eficaz de Deus quando a elas se assomam os nomes das Pessoas divinas.
Fomos batizados em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, fomos batizados “no Espírito Santo e no fogo” (Lc 3,16). Não necessitamos, portanto, depois do nosso batismo, um “batismo no Espírito Santo”, o que nós necessitamos é ser dóceis à ação do Espírito Santo nas nossas almas. Quando isso acontece, quando nos despertamos para a ação de Deus através da fé e da conversão, da volta aos sacramentos, da escuta da Palavra de Deus, se dá o que nós chamamos “efusão do Espírito Santo”. É como se o Espírito Santo, que está em nós pelo batismo, não encontrasse uma maneira de atuar porque nós, pela dureza do coração, não permitimos. Por outro lado, qualquer pecado grave expulsa o Espírito Santo das nossas almas, daí a importância da confissão sacramental e de constantes efusões do Espírito Santo. Tudo é graça! É preciso que recebamos essas graças com espírito de fé e agradecimento.
De fato, os “mysteria baptismatis”, expressão herdada dos Padres da Igreja que quer dizer “mistérios do batismo”, incluíam sempre para os mesmos Padres os Sacramentos do Batismo e da Confirmação, mostrando assim a grande unidade entre o Batismo e a doação do Espírito Santo. Hoje em dia, a Igreja administra o Sacramento do Batismo e o da Confirmação em celebrações distintas e, contudo, continua manifestando essa unidade ao ungir o batizando com o óleo do crisma à espera do momento em que será crismado.
Pe. Françoá Rodrigues Figueiredo Costa
10/01/2010
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